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Marcelo estava no seu escritório preparando o videocassete. Juliana não estava, certamente estava com Roberto em algum motel barato por aí. Marcelo colocou a fita no aparelho e sentou pra assistir. Ele prestava bem atenção nas imagens e falas que transcorria no monitor da sua TV e adorava o que estava assistindo. O destino estava a seu favor. Descobrira outro grande segredo que lhe renderia muito dinheiro... achara o tão sonhado pote de ouro no fim do arco-íris.

Daniela estava no banho, e pensava na loucura que ela e o Marcelo passou naquela tarde, e como isso os aproximou... ela acordou pra si mesma, como se tivesse imaginado algo terrível de imaginar e balançou a cabeça indignada. Marcelo despertara-lhe interesse...

Juliana e Roberto estavam sentados numa mesa de um restaurante discreto numa cidade vizinha.

- Comprei... – e passou uma passagem aérea pra Juliana.

Ela hesitou antes de pegar. Mas enfim aceitou.

- Estou com medo Roberto...

Ele segurou carinhosamente as suas mãos.

- Nós vamos ficar bem se ficarmos longe de todos... – disse ele.

- Não quero me separar de você nunca... – e beijou a palma da mão dele, misturado com suas lágrimas.

- Nunca deixarei você Juliana. – afirmou ele, e o garçom interrompeu-os trazendo as bebidas.

Era seis da tarde quando Marcelo estava no banho. Juliana não havia chegado. "Aproveite bem vadia seus momentos de prazer enquanto pode..." – pensava ele sarcasticamente, preparando em sua mente diabólica de que forma ia se livrar da companheira...

Marcelo enrolou a toalha em volta da cintura e saiu do banheiro com o corpo sarado e bem detalhado em músculos e subiu as escadas. Entrou no quarto e o ramal tocou, iniciando logo a voz de Juliana pelo aparelho:

Marcelo... liguei pra dizer que te amei muito, muito mais do que eu devia e do que você merecia... – Marcelo aproximou perto do aparelho e sentou na beira da cama. - ...Mas agora eu redescobri o verdadeiro amor, e não um amor cego que eu sentia por você... vou me embora pra nunca mais voltar e espero que nunca volte a vê-lo, adeus...

Marcelo riu pra si próprio e voltou à mensagem novamente. Ouviu a voz triste de sua companheira, lhe deixando sua despedida final. Marcelo observou bem a mensagem de Juliana e notou que ela estaria num lugar cheio de pessoas... e não teve dúvida que se tratava do aeroporto pois ouvira o aviso de embarque a algum destino ao fundo da local onde Juliana havia feito a ligação.

- Então eles pretendem fugir?... – disse sentindo um ódio lhe tomar sua consciência. - Eu não vou deixar que isso aconteça.

Marcelo escutou um ruído as suas costas e olhou por cima do ombro. Teve um leve susto diante do homem parado a sua porta. Ele estranhou e sorriu ao conhecer o homem a sua frente.

- Henrique?... o que faz aqui em minha casa? - se pôs de pé calmamente. 

- Você destruiu minha vida... e se não bastasse ainda dormiu com a minha mulher seu porco imundo,  você tem que pagar por isso! – e levantou a arma em direção ao homem que por anos sentiu raiva e ódio... mas nunca tanto ódio quando soube que aquele homem transou com Isabela, sua companheira que amava imensamente, que era capaz de tudo por ela. 

Marcelo ficou imóvel, sentindo um desespero transcorrer em suas veias, e acelerar o ritmo cardíaco do seu coração. Uma gota de suor brotou na sua testa, e escorria nervosamente pela sua pele que já estava ficando fria e pálida. 

- Calma Henrique... abaixe essa arma. Podemos conversar, como sempre conversamos, e-entendeu?... – pediu ele, e sua voz vacilou, gaguejando no final. 

- Não temos mais o que conversar doutor, minha terapia com o senhor termina aqui e agora de uma vez por todas.

E Marcelo foi alvejado com cinco tiros enquanto gritava, diante da iminente morte, e dolorosa dor. 

"Tudo estava indo tão perfeito...," - fora seu último pensamento, antes de ser entregue a total escuridão e ao vácuo do silêncio e do nada.

Daniela ouviu os disparos a casa ao lado e gritou de aflição enquanto corria pra fora, gritando por um único nome. Roberto.

Em sua mente perturbada só o que podia imaginar era Marcelo matando sua esposa seguido depois ao seu marido, amante de Juliana. Era demais pra ela suportar a ideia de perder seu primeiro e único homem que tivera até então...

Os outros vizinhos começaram a saírem a pouco curiosos com os barulhos de tiros, e pelos gritos de uma mulher em frente à casa do vizinho assassinado. Daniela gritava debruçada no portão da casa da frente aos gritos:

- Roberto!... você o matou!... Roberto... Não!... – e os vizinhos apavorados chamaram a polícia imediatamente.

A chantagem do vizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora