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Enquanto isso Juliana e Roberto estavam com as mãos na massa.

- Não, não você está amassando do modo errado – corrigiu ela.

- Mas qual é a diferença? O negócio tem que ser amassado, não tem?

- Sim, mas da forma que você está fazendo vai deixar a massa muito fina... olha é assim que deve amassar – ela colocou as mãos por cima das de Roberto e começou a controlá-las sobre a massa. Eles se olharam de um modo diferente. Juliana retirou logo as mãos se disfarçando.

- O vinagre?

- Bem na sua frente – apontou ele, reparando o quanto ela ficou nervosa.

O arroz estava sendo cozido no azeite com o caldo de bacon e as cenouras picadas. Ela jogou um pouco de vinagre sobre o arroz.

- Parece estar ótimo! - o comentou, desviando seu olhar para a panela.

- Você não viu nada ainda... - disse enxugando suas mãos no guardanapo.

Roberto foi até o frigobar e pegou duas taças, e um vinho.

- Aceita um pouco? - estendeu a taça à ela. Ela pegou. Ele encheu um pouco a taça dela.

- Nossa... você foi realmente incrível, não sei o que seria de mim sem a sua ajuda.

Juliana tomou um gole, e riu.

- Faz parte da natureza da mulher. Mas francamente, não estou convencida que sua mulher vai acreditar que você fez tudo isso sozinho.

- Ela não vai desconfiar...

- Você que pensa. Às vezes as mulheres fingem acreditar para não magoar os maridos.

- Fingem até mesmo quando estão fazendo amor com os maridos. - o comentou. - Eu li isso num livro.

Aquilo deixou Juliana desconcertada por um momento, e suspirou aliviada.

- Bem, então o meu serviço por aqui terminou. Agora deixe o arroz cozinhar uns quinze minutos em fogo baixo... o seu fogão é elétrico, não é? Então ajuste os minutos nele, e depois é só servir a mesa!

- Pode deixar por minha conta agora, chef! - brincou ele. - Espere, por favor!

- Eu não quero dinheiro seu. Eu não cobrei para ajudá-lo.

- Mas vocês conhecem nós homens, não é? Se não aceitam ficamos com o nosso orgulho ferido. Aceite, vai... - insistiu ele, não deixando-a passar pela porta antes de pegar o dinheiro.

- Tá bem seu machista orgulhoso! - aceitou e guardou o dinheiro no bolso da calça. Ela viu o sorriso nos lábios dele. - Mas fique convencido de uma coisa. Se eu te ajudei foi só para poupar sua esposa almoçar uns ovos fritos e salgados demais, cheio de gordura e por fim, ter que lavar uma louça enorme. Pois cá entre nós, você e meu marido são iguais, sujam demais e fazem de menos! - e saiu com um sorriso da cozinha do vizinho.

A chantagem do vizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora