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            Juliana e Marcelo saíram juntos de carro. Ela viu Roberto  caminhar entre a calçada semiescura. No teatro, Marcelo curtia a peça de comédia, mas Juliana não conseguia parar de pensar nele. Não conseguiu se concentrar na peça que assistia e no final se surpreendeu ao sentir-se atraída por Roberto...

Roberto estava passando por uma avenida bastante movimentada e entrou numa choperia. Tomou uma garrafa de cerveja e comeu uma porção de linguiças assadas. Uma moça estava sentada sozinha numa mesa ao fundo e Roberto reparou que ela lhe olhava e insinuava que queria ele ali com ela. Roberto pagou a cerveja e a porção consumida e se levantou, e saiu.

Era meia-noite e dez quando ele chegou a sua casa, e em passos silenciosos abriu a porta do quarto para não acordar a esposa, mas a luz do abajur estava acesa, e Daniela parou de ler o livro quando o marido entrou.

- Oi. Eu não consegui dormir e fiquei lendo para ver se o sono vinha... - comentou ela. Roberto lhe sorriu e pegou seu travesseiro ao lado da esposa. - O que está fazendo?

- Vou dormir no quarto de hóspede.

- Mas por quê? - ela não conseguia entendê-lo, e lançou um olhar para ele cheio de culpa.

Ele beijou-a e disse em seus olhos.

- Não tem nada haver com você, só não quero dormir aqui essa noite... - disse ele.

- Roberto você tem outra?

Ele ficou surpreso com a coragem dela ao perguntar aquilo com tanta calma, mas ele não sabia como ela estava se desmoronando por dentro.

- Não – foi o que ele respondeu antes de dar boa noite e sair do quarto.

Na casa ao lado, Marcelo acordou escutando a esposa resmungar no sono. "Não, Rober, eu não quero, por favor, não..." - Marcelo sorriu e voltou a dormir.

Amanheceu.

Daniela mal conseguira dormir naquela noite e mesmo assim criou forças para levantar e preparar o café da manhã. Roberto acordou um pouco tarde e Daniela resolveu começar a tomar seu café sozinha, triste.

- Bom dia, querido – ela se levantou e foi roubar um beijo dele.

- Oi Dani.

- Meu Deus! - exclamou ela de boca aberta, com um pouco de manteiga no canto da boca.

- O que foi? - se preocupou ele.

- Faz sete anos que você não me chamava pelo meu apelido. Foi você quem começara a me chamar assim, não se lembra?

Roberto nem soube o porquê a chamou assim naquela manhã, mas para não vê-la ficar mais triste, disse.

- Eu me lembro, sim, querida... - e passou o dedo no canto da boca dela e comeu a manteiga.

- Venha, amor, sente-se, o café está uma delícia! - convidou ela, feliz.

Ele aceitou que ela o servisse e os bacon fritos estava suculentos, e o suco natural de abacaxi esplêndido.

- Desse jeito quem vai precisar de uma academia será eu... - brincou ele e ela sorriu. Roberto comeu tudo. - Hum... estava mesmo uma delícia! Valeu, querida... - e inclinou para beijá-la. O beijo ainda tinha o sal dos bacons na saliva dele. - Vou escovar os dentes.

A chantagem do vizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora