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40 minutos antes.

Valter estava na casa de Daniela com Osvaldo Martins, o candidato a governador de São Paulo. Daniela não estava em casa, tivera que ser levada pra um hospital porque teve uma crise emocional fortíssima e estava sedada, e estava sendo observado por um médico particular e conhecido pela família do ex-delegado.

Valter usara da casa de Daniela pra uma reunião urgente com seu amigo, e ali os dois conversavam sobre os últimos descobrimentos de Marcelo.

Sentados no sofá da sala, Valter estava com uma pilha de papéis que encontrara na gaveta do escritório de Marcelo naquela mesma noite, quando um policial conhecido e amigo dele chegou ao local do assassinato, após os vizinhos terem ligado informando sobre o acontecido. Valter que estava passando de carro próximo ao bairro de sua filha de volta pra sua casa recebeu a ligação no seu celular do policial e imediatamente mudou de curso e foi o mais rápido possível até a casa de filha. Estacionou o carro no meio fio da rua e desceu apressado, atravessando entre a multidão de vizinhos curiosos que se formaram ao redor de Daniela sendo amparada pelo policial enquanto esperava a ambulância chegar.

- Filha!... – gritou Valter, mais Daniela não parava de repetir as mesmas palavras sem sentido.

- Roberto está morto... ele o matou... Roberto está morto... Roberto está morto...

Valter deixou a filha e entrou pra dentro da casa de Marcelo, ele estava armado e atento.

Um outro policial estava na escada. Valter abaixou a arma, e subiu.

- O que aconteceu? – indagou Valter.

- Não sabemos muito, mas tudo indica que alguém entrou na casa e matou o morador.

- Marcelo morto? – espantou-se o velho. – Onde está o corpo?

O policial o levou pra o quarto da vítima.

- Ele foi alvejado... o cara que o matou deveria estar com muita raiva mesmo.

Valter observava o corpo de Marcelo de barriga pra cima, todo ensanguentado, com um tiro na testa, e de olhos abertos.

- Nenhuma pista que leve ao assassino?

- Na verdade a vitima recebeu uma ligação, está na caixa eletrônica.

O policial tirou uma luva plástica e vestiu a mão e apertou o botão do aparelho pra transmitir a mensagem gravada.

Valter escutou a voz de Juliana e achou muito estranho. Ela estava se despedindo dele?... estava num aeroporto ele suspeitou pela movimentação de vozes no local onde Juliana estava ligando... e porque Daniela dissera que Marcelo matou Roberto? Ele estava desconfiando de algo. E onde estaria Roberto naquele instante?

Valter estava criando ideias suspeitas na sua mente que trabalhava a mil por horas.

- Irei dar uma olhada pela casa se não se importa... – disse ele ainda de arma na mão.

- A perícia logo estará aqui Valter... – avisou o policial.

- Não vou mexer em nada só olhar. – e ele saiu do quarto indo pelo corredor, verificava as portas. Entrou no escritório de Marcelo e se aproximou na mesa. Abriu a gaveta e viu uma fita de vídeo. Tomou um susto, ao ver que a fita era a sua.

"Meu Deus... o que tá acontecendo aqui?... – pensou horrorizado, tremendo o lábio superior. Valter não entendia... era a fita de vídeo que usaria pra chantagear o candidato a governador... como aquela fita veio parar ali se ela estava bem guardada no seu cofre?

Valter começou a vasculhar as gavetas e encontrou uma pasta e abriu-a.

Nela havia varias fotos com Roberto e Juliana abraçados, beijando, fazendo amor... o velho precisou se sentar e as descobertas não paravam de fervilhar na sua mente perturbada.

- O que significa isso? – perguntou totalmente confuso e surpreso com aquilo. Leu algumas anotações de caneta sobre alguns papéis.

Chantagear Roberto.

Usar Daniela na chantagem.

Se livrar de Juliana.

Ameaçar Roberto envolvendo Valter.

Descobrir segredos de Osvaldo Martins e Valter referente a paternidade de Daniela. 

Valter levou à mão a testa e limpou o suor de nervosismo. Estava diante de um plano de chantagem, e tudo indicava que Marcelo era um chantagista!

Voltou a procurar por mais coisas e encontrou uma folha com uma foto de Osvaldo Martins e várias anotações. Valter tremia todo quando lia boa parte do texto digitado.

- Impossível... – murmurava ele de pavor. – Como ele descobriu?...

Achou depois um pequeno aparelho. Um televisor do tamanho de uma mão adulta e apertou um botão. No monitor aparecia imagens sendo filmado dentro de uma sala, e não demorou muito a perceber que aquela sala filmada era na sua casa. E ficou aterrorizado quando viu no monitor sua mão digitando a sequencia de números que abria o cofre, e depois a imagem foi cortada.

Valter levou a mão ao peito surpreso e sentiu o broche ainda em seu terno. Ele analisou bem o ângulo da filmagem e percebeu que o broche que Daniela lhe dera era uma câmera de espionagem...

- Então foi isso... – disse ele chegando à conclusão de um grande mistério. – Mas porque Daniela ia me dar um broche com uma câmera escondida nele? E quem deu o broche pra ela?

Foi então que Valter mandou os policiais enviarem a todos os meios de comunicação e transporte que fosse procurando por Roberto e Juliana. E o aeroporto da cidade vizinha logo recebeu o comunicado da polícia e Valter imediatamente mandou seus homens ao aeroporto buscar por Roberto e sua amante, pra esclarecer todas as suas dúvidas.

Valter pegou tudo que achou no escritório, e guardou dentro do paletó e foi pra casa de Daniela. E depois foi com seu carro para o sítio esperar pelo casal suspeito...


A chantagem do vizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora