FIM

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Aquela noite ela não quis se alimentar, não queria mais ser medicada e exigia que o médico lhe liberasse. Por muita insistência e assinando um termo de responsabilidade foi concedido seu pedido, e retornou para casa pegando um táxi na manha do dia seguinte.

A casa onde morou sete anos com Roberto nunca seria a mesma. Ali estavam todas as ruins e péssimas lembranças, salvas raras alguns momentos de "felicidade" em que teve com Roberto, mas agora diante do que descobrira, não sabia se era mesmo uma lembrança boa, da sua parte sim, mas dele talvez fosse apenas fingimento.

Daniela tomou um demorado banho e se abaixou para chorar. Quando não pôde mais, acreditando que não teria mais lágrimas para derramar por sua infeliz vida, saiu do chuveiro e se trocou, indo para a cozinha fazer seu almoço.

Comeu à mesa silenciosa, sem os gritos e os comentários de mal gosto de Roberto referente a ela. Comer sob aquele silêncio era estranho, depois de ter-se acostumado com um homem rude e sarcástico à mesa, humilhando-a.

Lavou a louça, e saiu com o carro para o centro para fazer compras.

Duas semanas depois, Daniela estava exuberante, linda, charmosa, não parecia nada com aquela Daniela de antes, derrotada e infeliz com a vida e o abandono de seu marido por outra. Ela decidira correr atrás da felicidade, e não ficar parada num canto esperando que alguém lhe aproximasse novamente para preencher o vazio deixado em seu coração. Resolvera que tinha que dar o início, e ir em frente, por isso ligara pra uma velha amiga que frequentara com ela o tempo no convento, e que vivia em Londres agora.

Katharine recebera a ligação de Daniela uma semana após de ela sair do hospital.

- Por Deus é você mesma? – indagou a amiga em Londres quando ouvira a voz da amiga pelo telefone. – Estava achando que tinha esquecida da velha amigona aqui, menina!

- Jamais iria esquecer a amiga que me colocava em apuros no convento!

- Bons tempos aquele né? – recordava Katharine rindo.

- O bom é que saímos de lá sem virarmos freira... – respondeu Daniela aliviadamente.

- E o que devo a honra de sua ligação?

- Você ta morando ainda no apartamento?

- Sim, estou, e continuo trabalhando na loja com Harry. Mas sou solteira e livre!

- Quero passar umas férias em Londres.

- Que maravilha! – gritou a outra de felicidade. - Vem logo pra cá. Tem um quarto te esperando.

E foi assim que Daniela resolveu superar as dores de um amor perdido, de tramas planejadas de seu pai, e de outros problemas que não queria novamente passar. Nunca mais. Daniela pegou seu passaporte e estava de mala pronta pra embarcar na sua mais nova aventura. E enquanto caminhava pelo saguão de embarque observava e escutava os homens assoviando e dizendo cantadas quando passava ao seu lado:

- Mas que maravilha de mulher...

- Estou mesmo num aeroporto... que avião!

- Espero poder sentar ao seu lado gracinha...

Eram vários comentários de todas as classes de homens. Ela sorria sobre o óculo escuro no rosto, seus cabelos soltos e bem penteados que lhe dava um charme e beleza a mais.

"Agora será assim... dar valor e amor só pra quem gostar de mim..." – Daniela prometeu em seu coração.


A chantagem do vizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora