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Os dois carros trafegavam uma atrás do outro uma longa estrada de terra. Não havia nenhuma claridade no local, só os faróis acesos dos veículos que corriam iluminando a estrada esburacada e deserta.

Roberto tinha certeza que para uma delegacia eles não estavam indo.

- Para onde estão nos levando? – perguntou ele, mas ninguém lhe disse nada, e só aumentava o desespero de Roberto, imaginando o que iria acontecer com eles.

Juliana estava indo no carro da frente, e preocupada tentava olhar por cima do ombro o carro atrás, pra ver se conseguia visualizar Roberto ainda vivo, ao mesmo tempo sabendo que sua vez iria logo chegar.

A angústia e o desespero estavam insuportáveis pra ambos ali sem saber o que o destino lhes reservava.

Meia hora depois os carros adentrou numa espécie cercado. Havia uma casa grande com a luz de fora acesa e mais dois homens fazendo guarda. Roberto nunca estivera ali, e suspeitou que fosse o lugar preferido de Valter se encontrar com seus inimigos pra nunca voltá-los a vê-los. Era ali o seu destino com Juliana, um local perfeito pra ser torturados e mortos, enterrados por aquelas terras, nunca ninguém iria suspeitar de nada... Quantas pessoas não tiveram sido levadas pra aquele local e terminaram embaixo da terra?

O carro da frente parou e o carro de trás também. Os dois homens de vigia na porta foram até os carros. Os motoristas desceram e Juliana foi puxada pelo braço pra fora do veículo, e viu Roberto saindo do outro carro. Tentou correr em direção a Roberto mais foi segurada e teve um cano de um revólver na fronte de sua cabeça.

- Se bancar a gracinha novamente vai ver de que cor é seu cérebro menina! – disse o segurança de terno preto. Roberto gritou.

- Não a faça mal eu imploro! – e dois homens o empurraram pra frente.

- Cale a boca e ande. Vamos! – falou um deles com a arma a sua nuca. – Qualquer movimento em falso e você já era. Vamos logo...

Juliana ia à frente com a arma apontada a sua cabeça seguido atrás por Roberto e mais dois homens. Estavam indo pra casa.

Adentraram. A luz foi acesa no interior do local. Valter estava sentado numa poltrona e a sua frente estava uma mesa, com duas cadeiras. Roberto olhou os olhos frios e o sorriso assassino nos lábios enrugado do velho.

- Deixem-nos a sós – disse Valter aos seus homens. Juliana logo correu e abraçou fortemente Roberto sem se importar se o velho ia reagir ou não.

- Rober... eu te amo muito... – e começou a chorar. Roberto mantinha os olhos no homem que mais odiava desde então, enquanto fazia carinho nos cabelos da sua amada.

- Porque os dois não sentam? – disse o homem indicando as cadeiras.

Roberto e Juliana se entre olharam e decidiram aceitar.

- Valter eu realmente sinto muito por... – começou a dizer, mas o velho levantou o indicador até aos lábios, e ele se calou. Juliana segurava a mão de Roberto. Se fosse pra morrer ia morrer juntos.

- Eu faço as perguntas e vocês somente respondem. Porque você matou Marcelo?

- Valter eu e Juliana não temos nada haver com isso... nem s-sabiamos que Marcelo estivesse sido morto.

Juliana não podia acreditar que Marcelo estivesse mesmo morto... e o pior quem o matou?

- Vocês são amantes quanto tempo? – indagou ele, parecendo normal.

Juliana apertou a mão de Roberto. Ele mordeu o lábio, sentiu um medo inimaginável por ter que responder aquela pergunta, mas antes dele falar Juliana disse.

- Quase um mês. E nós amamos muito, tenha certeza disso.

Valter tirou do bolso de seu paletó bege um pequeno objeto e pôs na mesa.

- O que tem a dizer sobre isso Roberto? – era um pequeno broche em forma do brasão do time do Corinthians, que Daniela lhe presenteou.

Roberto achou estranho, olhou rápido e disse sem saber se o que ia dizer era o que Valter queria ouvir.

- Pra mim é um broche do Corinthians Valter.

- Você deu esse broche a Daniela?

- Não.

- Sabe, Roberto, esse broche é especial, porque nele tem um micro câmera instalado nele, tão discretamente... coisa de uma pessoa um detetive ou espião profissional...

- Marcelo! – disse Juliana interrompendo-o.

Roberto olhou pra ela assustado, e Valter ergueu os olhos curioso.

- E pra quê motivos Marcelo iria se dar o trabalho de mandar instalar uma microcâmera dentro de um broche e dar a minha filha pra ser entregue a mim?

Houve um silêncio entre o casal.

- Responde menina. Porque Marcelo iria fazer isso?

- Ele... ele... – tentava dizer. –... a principio estava me usando pra chantagear Roberto... através de Daniela...

- Continue.

- Marcelo era um chantagista, me usava pra sair com homens casados e depois procurava-os pra chantageá-los. Quando Roberto e eu passamos a nos envolver, ele tinha em mente em fazer a mesma coisa, pra Daniela não ficar sabendo, ou até mesmo o senhor... - confessava-a. - Passou os dias e eu me descobri apaixonada por Roberto e não queria mais continuar com aquele plano do Marcelo... passei a me encontrar com Roberto por amor e...

- E o que isso tem haver com a microcâmera no broche? - indagou desinteressado por aquela parte da história. 

Juliana suspirava e tentava não tremer muito de nervosismo.

- Quando Marcelo o conheceu e recebeu o convite de trabalhar para o senhor, e aquele político... ele disse que tinha descoberto um segredo...

- Quê segredo era? – Roberto pôde sentir um nervosismo passar nos olhos do velho.

- Eu não sei... Marcelo não quis falar no momento porque queria saber mais da descoberta... e eu já não estava mais interessada nele, só pensava em estar com Roberto... eu não queria mais saber das loucuras de Marcelo e ser usada por ele!

- Então está querendo dizer que Marcelo pretendia me chantagear?

Roberto estava inseguro, não pelo que poderia lhe acontecer, e sim por Juliana, que estava correndo mais perigo do que ele, já que estava envolvida com Marcelo e Valter não estava gostando dessa história toda. 

- Conhecendo ele da maneira que conhecia acho que sim... – respondeu ela. – Marcelo era um homem ganancioso e calculista.

A chantagem do vizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora