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Daniela estacionava o carro debaixo da sombra de uma árvore. Uma criança veio em sua direção rápido enquanto ela saía do carro.

- Oi dona! - falou o menino de roupas bem suja e todo desarrumado. Daniela gritou e segurou a bolsa com força temendo ser roubada. - Calma dona eu não vou te matar não.

- O que... que você quer? - indagou ela tentando se manter calma.

- Posso olhar o seu carro?

- Olhar? - estranhou.

- É, olhar, tomar conta. Eu cuido dos carros pra turma, sabe, e não deixo ninguém passar o arame na lata, e nem esvaziar os pneus, entende? E depois a senhora me dá uns trocados.

Daniela suspirou e abriu a bolsa.

- Tome. Isso deve dar, né?

- 20 pilas! - admirou o menino verificando a nota de 20 reais. - Não é falsa, né?

- Mas claro que não! Que abusado que você é, hein? - a indignou.

O menino todo calmo dobrou o dinheiro e enfiou no saquinho de moedas.

- Quando a esmola é muito... do santo se desconfia.

- Oras seu!...

- Pode ir sossegada dona, vou ficar de sentinela em seu carro. Boas compras.

Daniela virou para atravessar a avenida e um carro desviou dela buzinando.

- Sua maluca! Olhe o sinal! - gritou o motorista lhe mostrando o dedo.

Daniela estava de pernas bambas.

- Ei dona – chamou o menino com ar de divertimento no rosto. - Eu sou pago para olhar carro e não pessoas querendo se matar. Espere o sinal ficar vermelho e atravesse tá?

Daniela ficou envergonhada e atravessou correndo o outro lado da avenida quando o sinal fechou para os carros. Ela foi caminhando para o calçadão de lojas lado a lado. Alguns homens de mau caráter assobiam quando ela, toda insegura passava rápida por eles.

- Ei gostosinha... quanto você cobra, gracinha?

Ela fingia que não era para ela.

- Nossa que avião! Não quer pousar lá na minha cama, fofura?

- Que pernas grossas, hein?

Daniela entrou na primeira loja que viu, só para escapar dos assédios dos vagabundos.

- Bom dia, madame. Gostaria de algo em especial? - se apresentou o vendedor que tinha jeito de ser gay.

- Eu queria ver um... um vestido...

- Por aqui, madame. Acho que temos o que você procura.

Daniela o seguiu e ele a levou para uma fileira de roupas ousadas.

- Mas o que é isso? - surpreendeu-se.

- Essa roupa combina perfeitamente com o seu corpo... - lhe entregou o vestido curto cheio de furinhos que permitia ver a pele por debaixo dele. Daniela recuou.

- Eu não sou uma prostituta!

- Então porque entrou aqui? Aqui só vêm piranhas e travestis.

Daniela correu os olhos para os artigos ao lado, e viu diversas coisas indecentes.

- Me desculpe... eu entrei na loja errada! - saiu dali apressada.


A chantagem do vizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora