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Daniela saiu triste e foi chorar distante do marido. A tarde passou e ela já estava acabando de fazer a janta. Foi acordar o marido que dormiu no sofá, com a TV ligada.

- Roberto, acorde, a janta está quase pronta.

- Que horas são? - bocejou ele.

- Sete e dez.

- Nossa, eu dormi bastante – levantou espreguiçando-se. - Vou tomar banho. Leve minhas roupas.

Ele usou o banheiro térreo e Daniela levou as roupas. Ele saiu do banheiro bem arrumado, sentou diante da mesa e a esposa trouxe a tigela com carne, arroz temperado, a vasilha de salada, a jarra de suco e a cerveja gelada do marido.

Daniela sentou e começou a se servir.

- O que está fazendo? - perguntou ele sorrindo.

- Estou tirando um pouco para mim... - respondeu ela com receio. Roberto balançou a cabeça rindo e tirou o prato dela, e deu a tigela de salada.

- Você não aprende mesmo. Tome. Bom apetite! - desejou ele, e começou a devorar as carnes feito um leão faminto.

Daniela ficou olhando para o alface e o tomate na tigela, e sentiu o estômago doer de fome.

- Querido, não acha que está exagerando um pouco?

Ele mastigava de boca aberta feito um porco, e bebia a cerveja.

- Claro que não... - e arrotou sem cerimônia. - Se eu me descuidar um minuto se quer você se entope e depois fica parecendo uma baleia. É isso que quer?

- Mas um pouco não vai fazer diferença nenhuma... eu não posso só comer verduras, se não eu não aguento. Posso até morrer de fome... - ela se queixava, mas Roberto parecia nem ouvi-la. - Estou passando fome e você não está nem aí. - sussurrou ela para ela mesma.

- O que foi que disse? - Roberto parou de mastigar e olhou bem para ela. Daniela quase não entendeu o que ele falara. - Você disse o quê mesmo?

- Eu... eu não quis dizer isso, Rober... juro que não!

- Relaxe... - ele acalmou-a. - Tudo bem, não precisa mais fazer regime, se é que estou fazendo você passar fome. Estava só tentando ajudar você... – disse ele sem graça.

- Roberto eu estou contente com o regime, é sério! Eu vou comer a salada e...

- Pare. Dê-me essa tigela – pediu ele de mão estendida. Daniela tentou insistir. - Me passa pra cá agora!

Daniela passou a tigela com as mãos tremendo. Ele levantou e jogou a tigela com a salada diretamente na lixeira da cozinha, e passou a tigela com a carne e o arroz temperado mais do que pela metade pra ela.

- Agora come tudo, ok.? - disse ele suavemente frio. - Você precisa recompensar tudo que deixou de comer por minha causa. Pode começar a comer – e ficou parado ao lado dela.

Daniela começou a chorar.

- Por favor, amor... não me obrigue a isso...

- Tudo bem então vou lhe dar comida na boquinha – ele não deu importância para o pedido de desculpa dela, e calmamente cortava a carne em pedaços com a faca. Pegou o garfo e espetou num pedaço e levou a boca dela, mas Daniela recusava abrir a boca. Roberto forçou ela abrir a boca sem gritar com ela e enfiou a carne com força. Daniela começou a mastigar, sentindo o sal das lágrimas se misturar com a gordura da carne. - Isso... mastigue bem, assim mesmo... come outro pedaço.

A chantagem do vizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora