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Daniela respirou fundo e pegou o telefone. Discou pro seu pai. Conversou pouco, dizendo que ia fazer uma visita pra ele. Deixou combinado com ele sua presença, e desligou tremendo-se toda. Marcelo estava ao seu lado, orientando-a, repassando cuidadosamente os planos pra aquela tarde. Ainda parecia uma loucura o que estava prestes a fazer, na verdade era uma loucura, mas não tinha escolha.

Daniela se preparou, entrou no carro com Marcelo que estava no banco de trás. Chegaram quinze minutos depois, foi reconhecida pelos seguranças na portaria. Marcelo estava escondido por debaixo de um pano preto, deitado no banco, a modo de passar por despercebido pelos seguranças. Daniela tentava manter a calma, seguia com seu carro até estacionar frente à casa. Marcelo descobriu um pouco a cabeça e orientou Daniela parar próxima a janela que dava acesso a biblioteca da casa. Daniela deu ré no carro, parando três metros de uma janela aberta sem grades. Olhou ao redor e não tinha ninguém por perto, os seguranças que estava a serviço era só mesmo os que estavam na portaria. E tinha certeza que não havia câmeras de seguranças até onde sabia. Marcelo lhe deu a caixinha de presente. Daniela saiu do carro. Estava tensa demais, mas precisa disfarçar pra encarar o seu pai, se não ele poderia suspeitar. Encontrou primeiro sua madrasta, esposa de seu pai descansando no sofá da sala, vendo TV. Se abraçaram.

- Como está querida? – perguntou Mary com aquela barriga imensa.

- Vou ótima e vocês estão bem? – perguntou ela passando a mão carinhosamente pela barriga da outra.

- Estamos levando né? – deu uma risadinha. – E porque Roberto não veio com você?

- Ah... ele acordou com um pouco de esfriado, disse que não queria passar gripe pra você.

- Que gentil da parte dele. – disse ela sorrindo.

- Onde ta papai?

- Ta na biblioteca mexendo com uns papéis, vai lá anjo.

O destino de Daniela estava mesmo naquela biblioteca. Foi decidida, mesmo que aquilo a ferisse a alma por estar usando seu pai num plano altamente perigoso. Bateu na porta e logo escutou a voz do pai mandando entrar. Daniela entrou. Seu pai se levantou da poltrona atrás de sua mesa e foi abraçar a filha.

- Filha linda como vai?

- Vou bem pai, quis fazer uma visita ao senhor, estava com saudade.

- Minha pequena... – e apertou carinhosamente sua bochecha. – E onde está Roberto?

Daniela mentiu.

- Ele está um pouco gripado, achou melhor não vir.

- Espero que ele esteja se comportando bem, se não vou dar umas cintadas nele – e riu. Daniela engoliu seco.

- Também vim pra lhe dar um presentinho papai. – e ela tirou da bolsa um pequeno embrulho e entregou.

- Nossa! – ele recebeu e começou a rasgar o papel, abriu a tampa da pequena caixa e viu um broche em forma do brasão do seu time. – Que maravilha!

- Achei que ia ficar bem no senhor... pra dar sorte pro seu time vencer o campeonato brasileiro.

Valter rapidamente foi prendendo o pequeno broche no lado esquerdo do paletó, acima do coração e comentou feliz.

- Preciso mesmo que o Corinthians ganha esse campeonato filha, apostei com uns amigos uma grande bolada. – ele ajeitou o terno e o broche. – Como ficou?

A chantagem do vizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora