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Roberto e Juliana estavam deitados e abraçados nus dentro da banheira. Havia diversas garrafas de bebidas que foram consumidas e deixadas do lado de fora e algumas dentro. A válvula da torneira aberta enchendo o recinto lentamente. Roberto ainda resistia em não ser dominado pelo sono causado pelo efeito do álcool, e Juliana remexeu um pouco enquanto dormia tranquilamente com a cabeça apoiada ao seu ombro. Roberto sentia a água fria cobrir lentamente sua perna. Abraçou fortemente o corpo de Juliana, beijou-a na testa serenamente, e sorrindo por ter encontrado um jeito de não mais submeter às ordens de seu sogro fechou os olhos, e se rendeu para o sono e para a morte junto com Juliana que decidira de boa vontade cometer suicídio. A morte era melhor do que viver sem um ao outro. E a água cobriram os dois que felizes dormiriam para sempre.

Amanhecera e Valter estava na casa no sítio observando os corpos de Roberto e Juliana boiando dentro da banheira, com a água transbordando pra fora, molhando o piso todo. Ele encontrou uma carta escrita por Roberto endereçada a Daniela. Pegou e começou a ler, terminou e tirou o chapéu da sua cabeça em sinal de respeito aos cadáveres, e saiu dando ordem aos seus homens removerem os corpos de dentro da banheira e serem enterrados juntos no fundo do sítio.

Valter dirigiu o carro com uma certa amargura em seu peito. Nunca imaginara que Roberto iria encontrar aquela saída pra fugir dele. E pela primeira vez, seus olhos derramaram lágrimas pela morte do rapaz que conhecera há sete anos atrás. Ou pelo menos achava que o conhecia.

A chantagem do vizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora