Magoado

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   A diretora, uma senhora de uns 46 anos, não era malvada. Ela era muito animada, eu gostava dela, quero dizer, até aquele momento gostava muito dela, mas depois de hoje, fiquei bem magoado com ela.

— Então... Quem vai começar falando? — Ela diz com um tom suave. Vejo-a encarando nós dois, levanto a mão, ela balança a cabeça e eu começo a falar.

— Diretora, esse rapaz esqueceu sua educação em casa. Quem é ele para me chamar de viadinho? Que eu saiba, cada um tem o direito de ter a sexualidade que quiser, as outras pessoas, não precisam aceitar, mas têm que respeitar! Aí eu dei um soco sim nele, pois fiquei com raiva. — Conto para ela suando um pouco. Eu sei que estava certo, mas dar um soco quebrou metade da minha razão.

— Mas estavam brigando por isso? Você sendo homossexual ou não isso não importa Nicolas, isso não é certo. Você está mais errado do que ele, o colégio é um lugar de aprendizagem, você acha que não vai ser diferente lá fora? Vai dar soco em todo mundo que te falar isso? Você... — Ela para de falar, ela olha para mim.

   Eu olhava para ela com ar de indignidade, como alguém do ensino pode estar falando isso para mim? Eu estava entrando em colapso, com vontade de jogar uma cadeira nela. Respiro fundo várias vezes, me segurava para não chorar. Ela me olhava como se soubesse o que fez, eu me senti bem mal.

— Acho que os dois vão ganhar suspensão de uma semana! Será noticiado aos seus pais o ocorrido. Acho que é melhor pegar a mochila de vocês na sala e ir embora, falta trinta minutos para acabar a aula. Espero que seja um momento de reflexão para os dois. — Diz ela olhando para o relógio e voltando sua atenção para nós. — Você vai primeiro Nicolas.

Okay! Mais uma coisa, enquanto o mundo tiver pensamentos como os de vocês dois, nunca teremos igualdade e respeito nesse mundo! — Digo segurando um choro.

   Me viro e saio da sala dela indo em direção a minha sala. Ando o mais rápido possível, não queria ficar aqui nesse lugar. Entro na sala com tudo, pego minhas coisas rapidamente. Todo o povinho da minha sala estava me encarando, me viro após pegar tudo e saio. Tento várias vezes tirar o celular do bolso, até que eu consigo, tiro os fones de ouvido do bolso, conecto no celular, aperto o play, a música que tocou foi Lithium e aumento o volume no máximo. Chego em casa exausto, mas ainda com raiva e triste. Subo para meu quarto e me jogo na cama. Começo a chorar mais, uma mistura de sentimentos tomava conta de mim. A minha alma sangrava e choro até dormir.

O Garoto (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora