Novamente no Psicólogo

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     — O que lhe trouxe até aqui? — O psicólogo pergunta.

— Nicolas e o carro dos seus pais.— Digo.

— Nossa que engraçado, pelo menos está mais aberto para conversar do que a vez passada. Sendo sensato, o que lhe trouxe aqui? — O psicólogo diz.

— Problemas e mais problemas. — Digo.

— Acho que todos temos problemas, mas que tipo de problemas? — O psicólogo diz.

— Problemas físicos, mentais e espirituais. — Digo a ele.

— Então, pelo menos, me diga três problemas. — O psicólogo diz.

— Emanuel vai embora, todos me odeio, estou com mais trauma de água e Felipe. — Digo.

— Felipe? Quem é Felipe? Seu amante? Pode contar, profissionalismo em primeiro lugar, Emanuel não vai saber. — O psicólogo diz.

— Não, que amante nada. Felipe é o atormento de meus sonhos. — Digo a ele.

— O que ele fez para tu? — Ele questiono.

— Tudo que tem de ruim, quase me abusou. — Digo.

— Mas o que você acha que faz ele mover essas coisas ruins para você? — Ele diz.

— Talvez amor e loucura. — Digo.

— Entendo, o que tem feito para que ele parasse? — Ele diz.

— Ele não tem conversa. — Digo.

— Já tentou falar com ele? — Ele questiona.

— Já tentei, mas já no começo ele quer me beijar a força. — Digo.

— Entendo, o que aconteceu com a água? — Ele diz.

— Que água? — Digo.

— O trauma da água? Você disse que teve trauma de água? — O psicólogo diz.

— Eu não tinha trauma, mas agora tenho, não quero mais entrar uma piscina, desde que me empurraram nela. Eu não sei nadar, quase morri afogado. — Digo a ele.

— Sabe quem empurrou? — O psicólogo diz.

— Não sei, não consegui ver quem era. — Digo.

— Deveria ter aula de natação, conheço um cara que ajudou um cliente meu que tinha fobia de água. Ele é bem atencioso, pode muito te ajudar a superar esse trauma e te ensinar a nadar. — Ele diz.

— Podemos tentar. — Digo a ele.

— Que bom, mas por que acha que todos te odeiam? — Ele diz.

— Que eu saiba, ninguém faz o mal para você pois te ama. — Digo a ele.

— Certo, mas que tipo de mal fizeram essas pessoas que te "odeiam"? — Ele diz.

— Me machucaram psicologicamente e fisicamente. — Digo olhando para minhas mãos.

— Como você reage a isso? — Ele diz.

— Antigamente eu revidava, ultimamente eu choro. — Digo.

— Isso funciona? Os dois funcionaram? — Ele diz.

— Não, nenhum dos dois funcionam. — Digo.

— Faça o seguinte, deixa para lá, se te chamarem de palavras que o agride, apenas fingi que não ouviu, sorria e sai de perto. Fica perto de quem te faz feliz, ignore quem não gosta de você com um sorriso. Se isso não adiantar, eu dou um soco nele por você. — O psicólogo diz sorridente.

— Pode deixar, boa idéia, irei fazer. — Digo.

— Agora sorria e vamos falar de alguém que gosta de você, Emanuel, por que você acha que irá perder ele? — Ele diz.

— Porque ele irá embora. — Digo.

— Embora para onde? — Ele diz.

— Para o U.S. — Digo.

— Ah, então não tem que ficar triste, se ele for até o Japão, ainda vocês poderão se ver. Difícil é quando se vai para um outro plano, ainda não é o fim. Tudo se faz quando se tem amor. — Ele diz assinando um papel.

— Sim, talvez. — Digo.

— Gostaria de falar sobre mais algo? — Ele diz.

— Acho que você abriu minha mente. — Digo.

— Então está tudo certo, certo? Se vemos quando você precisar. — Ele diz sorridente.

— Tudo certo. — Sorrio para ele.

— Aqui está o número daquele cara para te ajudar no caso de trauma de água. — Ele diz.

— Obrigado, vou conversar com ele. — Digo.

    Chego em casa com fome, vou direto procurar algo para eu comer, ouço alguém descer as escadas, me viro para ver se era algum dos meus pais, mas era apenas Letícia. Sorrio para ela ao ver, pego um xícara, coloco chá, pego um pedaço de bolo e sento em volta da mesa.

— Olá primo, como vai? — Ela diz.

— Oi, super bem e a senhorita? — Digo.

— Vou bem também, vou pegar um pedaço de bolo, parece estar bom. — Ela diz indo até o balcão.

— Não parece, está muito bom. — Digo tomando meu chá.

— Ah sim, você parece estar diferente, que bom que você está bem, que nada de grave aconteceu com você no parque aquático. — Ela fiz cortando bolo.

— Que? Como você sabe que eu sofri algo no parque aquático? — Digo.

— Sua mãe me contou. — Ela diz.

— Você está mentindo, eu não contei para minha mãe, Emanuel e eu preferimos não contar. — Digo.

— Ah sim. — Ela sorri.

— Vai, me conta, como sabe disso? — Digo.

— Tenho meus contatos meu bem, afinal, eu sei tudo. Vou indo, o bolo estava ótimo mesmo. — Ela diz sorridente.

— Vá com Deus, que o diabo está de férias querida. — Digo tomando meu chá em seguida, sorrio, mas minha mente está analisando muitas coisas.

     Dava muita risada com as primas de Emanuel no parque, só estava nós três andando de patins, Emanuel havia saído com seus pais resolverem algumas coisas, que eu ainda não sabia o que era.

    Depois de ficarmos até altas horas da noite no parque, fomos assistir séries. Fizemos uma noite para nós quatros fazer maratonas de séries, agora, Emanuel já estava em casa. Colocamos os colchões no chão e ficamos assistindo. Era madrugada, as garotas já estavam dormindo, Emanuel e eu estávamos acordado.

— Está com sono? — Emanuel pergunta.

— Não e você? — Digo a ele.

— Também não, vem cá. — Ele diz levantando.

— Vamos aonde? — Digo segurando a mão dele.

— Vamos lá fora, ver as últimas estrelas e o amanhecer. — Ele diz sorridente.

    Saímos pelo fundo, o céu ainda estava bem estrelado, caminho de meias pela grama do fundo. Ele deita, eu deito em seguida, coloco seu braço entorno do meu pescoço. Olho para as estrelas brilhando, vejo uma estrela cadente, até perceber direito e ver que era um avião.

— Eu gosto das estrelas, mas o legal, é as constelações. — Ele diz.

— Legal sim, quando o seu está limpo e também não está frio como de costume. — Digo a ele.

— Sim, está muito bom aqui fora. — Ele diz sorridente e vira seu rosto para mim.

— Vou sentir sua falta. — Digo a ele.

— Quando sentir minha falta, feche os olhos, posso estar longe, mas nunca fui embora. Quando você cair no sono hoje à noite, só se lembre que nos deitamos sob as mesmas estrelas. Eu amo você. — Ela diz me beijando.

— Eu te amo. — Digo sorridente.

O Garoto (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora