O Falecimento

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              Me perco nas memórias de quando eu era criança, quando morava com minha avó, ela sempre foi carinhosa comigo, as lembranças são deliciosas, o que faz eu chorar mais que o normal. Eu não fui na guarda dela, não queria levar como última lembrança ela dentro de um caixão, mas sim, ela sorrindo. Iria apenas no enterro. Olha Emanuel saindo da cozinha, vindo em minha direção, trazia consigo um copo d'agua com açúcar, olho para ele, sorrio sem graça para ele, meus olhos estavam inchados e vermelho

– Trouxe para você, já não sei o que fazer para te animar. – Ele diz me dando copo d'água.

– Só fica sentado aqui comigo. – Digo a ele enquanto pego copo da mão dele.

– Quer chocolate? – Ele pergunta.

– Não, muito obrigado. – Digo.

– Quer assistir séries? – Ele pergunta.

– Não, muito obrigado. – Digo a ele.

– Quer dar uma volta? – Digo a ele.

– Não, muito obrigado. – Digo a ele.

– Poxa, não gosto de ver você assim, mal. – Digo a ele.

– Sem problemas, hoje o dia não esta nada bem, só queria ficar deitado no sofá. Eu sei que chorar não adianta, mas, pelo menos alivia. – Digo tomando mais um gole da água.

– Não fica assim, estou aqui. – Ele diz vindo me abraçar.

– Mas está doendo tanto, não é como uma ferida normal, a dor é dentro, na alma. – Começo a chorar.

Shiuuuu... tudo vai ficar bem. – Ele diz pondo minha cabeça em seu colo.

– Queria estar, sério, mas, está difícil. – Digo em pranto.

Shiuuu... meu bem, isso vai passar, segura minha mão, tudo vai ficar bem. – Ele diz passando a mão em meu rosto.

Okay! – Digo fechando os meus olhos.

Cochilo um pouco, passar o dia inteiro chorando pesa os olhos, mesmo cochilando para esquecer por algum tempo minha querida avó, eu não consegui irar ela de minha cabeça, muito menos de até em meus sonhos, eu sonhei com ele, parecia tão real.

– Nico, acho melhor você acordar, temos que sair agora. – Ele diz.

– Hãn?! Está bem. – Digo meio sonolento.

– Vem, vou te levar no carro. – Ele diz me levantando cuidadosamente.

Para-se o carro no lado do cemitério, Emanuel saio do carro, eu saio em seguida, ele compra algumas flores de um vendedor, paga-o e em minha direção.


– Comprei rosas vermelhas. – Ele diz.

– Não gosto de flores amarelas, obrigado. – Digo segurando as flores.

– Sei que ela merece mais que umas flores, principalmente por ter cuidado do homem da minha vida, vai as rosas por predominar perante as outras flores. – Ele diz segurando a minha mão.

– Você é um amor de pessoa. ­– Digo pondo a cabeça em seu ombro e caminhando cm ele até a entrada do cemitério.

Passei o enterro inteiro chorando, entreguei a minha última homenagem com todo amor, eu não estava nada bem, assim que os coveiros terminam de enterrar, eu vou embora, me viro com Emanuel, estava muito arrasado, muitas pessoas foram ao enterro dela, ouço uma voz, pior, ouço meu nome sendo proferido.

­– Como pode, o neto que ela amava não comparecer a sua guarda? – Letícia diz.

– Você está se referendo a mim? – Digo virando me virando na mesma hora.

– Você fica se agarrando com o seu namorado, vindo aqui fazer teatro de choro, mas você não se importou com a morte dela. – Ela diz apontando o dedo em minha cara.

– CALA A BOCA SUA VADIA! – Digo dando um tapa forte na cara dela.

Olho ela no chão, me encara, sua cara ficou vermelha, Emanuel me segura para não pular nela, estava queimando de raiva, quem ela pensa que é para falar aquilo sobre mim, ela se levanta, passa por mim sem dizer nada, respiro fundo, Emanuel decide me levar até o carro. Sento no banco do carona, ele iria me levar até a casa de minha avó, pois alguns parentes iriam decidir o que fazer com as coisas de minha avó, um bando de urubus, nunca ligaram para ela, agora querem levar até a ultima agulha dela.

– Então nós vendemos casa e dividimos o dinheiro entre os filhos. – A mulher do meu tio diz.

– Que nojo. – Digo baixo.

– Que foi? – Emanuel diz, pois ele foi o único a ouvir por estar ao meu lado.

– A minha avó mal se esfriou e eles estão falando em vender as coisas, mais hipócrita ainda, quem nunca venho perguntar se ela estava bem ou precisava de algo. – Digo enquanto ouço eles discutindo sobre a separação das coisas.

– O que você disse é verdade. – Ele diz.

– Eu quero ficar com álbum da minha avó, pelo menos isso, pelo o tanto que eu fiquei perto dela, desde que nasci, alguns de vocês não mereciam nem cinco centavos de minha avó. – Digo para eles, que apenas concordam e voltam a discutir sobre a separação.

– Os cachorros nos iremos levar para o canil. – Um tio meu diz.

– NUNCA, vocês nunca faram isso, minha avó amava mais eles que vocês, pois pelo menos os cachorros davam atenção e amor para elas, vocês, só desgosto. Se não querem os cachorros, eles ficaram comigo. ­– Digo.

– São apenas cachorros. ­– Meu tio diz.

– Mas foram eles que mais cuidaram dela, vocês apenas falavam mal dela por trás. – Digo.

Todos ficam em silêncio, alguns, o semblante mudou para tristeza, espero que eles carreguem essa culpa até seus caixões, pois eles nunca se importaram com minha avó. Meus pais não concordaram muito com a ideia de levar os cachorros, dos 6 cachorro, Emanuel decidiu ficar com 2 para me ajudar, ele ficou com Rex, um cachorro grandão, com pêlos pretos, brincalhão e com o Salsicha, aqueles cachorros cumpridinhos e baixinhos.

– Seus pais não reclamou deles? – Digo a Emanuel.

– Não, eles gostam de animais. – Ele diz sorridente.

– Muito obrigado por esse favor, você não sabe o quanto me deixou feliz. – Digo-o abraçando forte.

– Não precisa agradecer, se precisar de ajuda para cuidar dos outros, estarei a disposição. Aonde é que ela esteja agora, ela com certeza está feliz e orgulhosa contigo. – Ele diz dando um beijo e minha testa.

– Assim espero. – Digo sorridente par ele.

O Garoto (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora