Os Parentes

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   Ouço a voz de minha mãe me acordando de leve. Coço meus olhos, abro-os olhos com cuidando para ir acostumando com a luz. Emanuel estava me abraçando forte, com seu rosto colado em meu ombro. Olho para cima e vejo minha mãe.

— Bom dia mãe. — Digo a ela bocejando.

— Bom dia filho. Desculpa atrapalhar, mas os seus primos e tios estão chegando. Fica ruim vocês dormindo na sala. Se quiserem podem dormir mais, mas vão para o quarto. Aí vocês podem dormir mais à vontade. — Ela diz com um sorriso largo no rosto.

— Pode ser mãe. Já, já saímos daqui. — Sorrio para ela.

  Ela sai. Me espreguiço, olho para Emanuel dormindo, passo a mão pelo seu peitoral nu, subo pelo seu pescoço até o seu cabelo. Massageio suavemente, quase nem tinha muito cabelo em volta, só em cima. Me apaixono até o seu ouvido e digo suavemente.

— Bom dia querido.

— Bom dia meu bebê lindo. — Ele diz com os olhos ainda fechados.

— Desculpa. Mas temos que subir para o quarto pois logo mais irão  chegar os meus parentes. Seria mais confortável ficar no quarto. — Digo a ele.

— Está bem. — Ele diz ainda com os olhos fechados.

Hey, acorda! Desculpa. Mas você tem que acordar, depois você dorme lá em cima. — Digo empurrando ele de leve.

— Está bem. — Ele diz tirando a coberta e levantando.

— Vai me levanta. — Digo a ele.

— Vou por você no sofá, aí arrumo aqui. Pode ser? — Ele diz me pegando  no colo.

— Pode ser. — Ele me coloca com calma no sofá.

   Vejo-o arrumar a sala, ele bocejava várias vezes, eu estava com pena dele, muita pena. Eu saí do hospital ontem e já não aguento mais ser levado para cima e para baixo por ele. Acho que no fundo ele se sente culpado pelo acidente.

— Vamos querido. Vou te ajudar ir no banheiro e se arrumar. — Ele diz segurando eu no colo.

— Desculpa. — Digo olhando para ele, coloco meus braços por trás de sua nuca.

— Pelo o quê? — Ele pergunta enquanto me carrega pela escada.

— Por estar te usando muito. Você não precisa fazer isso. Minha mãe pode arranjar um enfermeiro para cuidar de mim. — Digo.

— Que nada. Saiba que estou fazendo isso com o maior gosto. Não vou deixar outro homem encostar no meu namorado e aliás, estar juntos, não significa só beijos e abraços, vai além disso. É estar nos momentos bons e ruins ao lado de quem realmente ama. — Ele diz abrindo a porta do banheiro.

   Dou um selinho nele. Minha mãe havia comprado duas cadeiras de rodas diferentes, uma para o banho e outra para eu fazer minhas necessidades. Emanuel me ajuda no banheiro e até para me vestir. Eu já estava arrumado, cheiroso e na sala. Estava tomando café da manhã enquanto assistia TV em minha cadeira de rodas. Mandei Emanuel dormir, ele estava exausto. Ele me contou que ficou algumas noites sem dormir só pensando em mim, por isso as olheiras e o cansaço. Além que ele ficava alguns dias comigo no hospital. Ele merece um descanso de dias.
   Minha família foi chegando pouco a pouco. Família de ambas as partes, vinheram me cumprimentavam, faziam perguntas, diziam que eu estava sempre nas orações deles por mim e até choravam na minha frente. Para mim, algumas ações de uns membros da minha família soava tão falso. Eu só tinha uma avó, por parte de pai apenas. Ela ficou o tempo todo ao meu lado, somente saiu de perto para ajudar no almoço. Parecia um domingo, era quase duas da tarde, o almoço ainda não tinha saído. Apenas parecia um domingo, pois hoje era sábado.

O Garoto (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora