O Acidente

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   Olho para Emanuel, ela dá de ombros, em seguida, volto atenção a aula de artes. Já estávamos na última aula e até agora a diretora não apareceu. Olho para o papel em minha frente, tinha que fazer um desenho de meus sentimentos. Não sei desenhar muito bem. Poderia rabiscar com várias cores e depois encher de preto. Uma mistura de sentimentos bons com sentimentos ruins.
O sinal bate, entrego meu trabalho em branco para a professora. Ela olha para mim e sorri amigavelmente.

— Nicolas por que não fez o seu desenho? Você desenha tão bem. — Ela diz.

— Desculpa professora. Quando você disse o tema, eu não pensei em nada, só pensei em uma coisa. — Digo a ela.

— Pensou no quê? — Ela indaga.

— Meus sentimentos estão bagunçados, entre bons e ruins. Então seria interessante jogar todas as cores no papel. Você sabe o que é o branco? — Digo a ela.

— Paz. Simboliza a paz. — Ela diz.

— Não professora. Artisticamente falando, o branco simboliza todas as cores unidas. Então... Não precisava eu jogar as cores. Sendo que no final das contas, o branco simboliza tudo. — Digo a ela.

— Bem profundo isso. Mas mesmo assim queria que tivesse desenhado. Não vai ganhar 0 mas também não vai levar nota máxima. Fique bem Nicolas. — Ela diz.

— Obrigado. — Digo saindo da sala. Emanuel estava lá fora me esperando.

— É, a diretora esqueceu de nós. — Ele diz caminhando comigo para fora.

— Sim. Fazer o que né? — Digo a ele.

   Saímos do colégio, vamos até a esquina. O colégio ficava em uma quadra toda. Olho para Emanuel e em seguida para o sinaleito que havia sido aberta para as passagens dos carros.

Hey seus babacas! — Lucas diz.

— O que você quer? — Emanuel diz se virando, fico um pouco atrás de Emanuel, bem na ponta do meio fio.

— Vocês vão pagar! — Lucas diz sorrindo e empurra Emanuel com força.

   Emanuel é empurrado para trás, batendo em mim, fazendo eu me desequilibrar, saindo da calçada, estava na rua. Olho para o semáforo, estava amarelo e eu ouço apenas o som dos freio de um carro.

— NÃOOOOOOOOOO! — Emanuel grita. — O QUE VOCÊ FEZ?

   Lucas, assim como Matheus e Davi, estão todos em choque. Finalmente, ele teve um pigo de humanidade e chamou a ambulância. Emanuel estava no chão, de joelhos, chorando, nervoso e em estado de choque.

— Alô. É a ambulância? Precisamos de vocês aqui. Ouvi um grande acidente na rua paralela do colégio Eton. Na rua do Rosário. Precisamos com urgência. — Lucas diz nervoso.

— VOCÊ MATOU ELE! — Emanuel diz.

   A essa altura, um bando de curiosos já estavam no local. A diretora estava fora junto com uns professoras. No fundo, ela se sentiu mal e começou a chorar. Só saiu do transe quando viu Emanuel batendo em Lucas e o barulho da sirene da ambulância que acabará de chegar.

— PAREM VOCÊS DOIS! PAREM! — Ela diz separando os dois.

Emanuel se ajeita, seu nariz, estava sangrando um pouco. Lucas, ficou com um olho vermelho. A polícia chega em seguida, também a imprensa. Estava cheio o local.

— Pessoal, para trás! Para trás! — A polícia diz.

   Haviam já imobilizado Nicolas, estavam pondo ele dentro da ambulância quando Emanuel passa a faixa da polícia, pega a mochila de Nicolas e o celular dele. Vai em direção a ambulância.

— Eu vou junto! — Emanuel diz entrando na ambulância.

— Você é o que dele? — O enfermeiro da ambulância pergunta.

— Sou vizinho, amigo e namorado dele. A única pessoa que ele tem. — Emanuel diz.

— Então por que você não cuidou dele? — O enfermeiro diz.

— O que você disse? — Emanuel diz, mais foi apenas a imaginação dele.

— Eu disse então entra aqui! — O enfermeiro diz.

   Emanuel entra, fecham em seguida. Emanuel olha para Nicolas imobilizado, estava muito triste. Após alguns minutos, a ambulância para, abrem, levam ele direito para a UTI.
O hospital estava cheio, Emanuel estava muito nervoso, andando de um lado para o outro, até que sente seu celular vibrar, pega-o, mas não era o celular dele, era o celular de Nicolas. Era a mãe dele, dizem que mãe sente quando o filho não está bem. Será que ela sentiu isso? Emanuel atende o celular.

— Alô? — Emanuel diz.

— Alô. Com quem eu falo? Esse é o celular do Nicolas? — Ela diz.

— É sim o celular do Nicolas. Aqui quem fala é o amigo dele, o Emanuel. — Ele diz.

— Emanuel, cadê o Nicolas? Posso falar com ele? — Ela diz.

— É... O Nicolas. Ele... — Emanuel começa a tremer, engole seco e sente lágrimas caírem.

O Garoto (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora