O Garoto (Romance Gay)

O Poema

  Olho para Letícia, fecho a cara, cruzo os braços. Parece até um fantasma, bruxa, sei lá mais o quê. Ela apareceu do nada e toda sorridente.

— Oi. Acho que talvez eu não esteja bem. — Emanuel diz ríspido para ela.

— Digo o mesmo. — Olho para ela.

— Letícia, por acaso você viu um poema por aí? — Ele pergunta.

— Ah eu vi sim. — Ela diz.

— Aonde? — Emanuel se aproxima dela.

— No Wattpad. — Ela diz sorridente. — Era muito lindo, uma ótima autora escreveu.

— Não é isso sua burra! Um poema, um poema escrito em uma folha, que aliás, foi Emanuel que escreveu. — Eu digo a ela.

— Nossa! Pior que eu não vi não. Você escreve Manu? Deveria baixar o Wattpad e escrever lá. — Ela diz sorridente.

— Eu não escrevo. Escrevi apenas para o Nicolas. Eu não sou muito bom nisso, mais quis escrever para ele, dizer o quanto eu amo ele em um poema, mas o poema sumiu. — Ele diz um pouco enfurecido.

— Mais você não lembra? Poderia reescrever no papel de volta. — Digo a ele.

— Não. Mas... Já volto. — Ele diz se virando e indo até o quarto.

   A sonsa da minha prima senta ao meu lado e se ajeita no sofá. Ela sorri para mim, eu viro o rosto em direção a escada. Eu sei que foi ela, só pode ter sido ela. Só tem nós quatro nessa casa, minha mãe tenho certeza que não foi. Apoio minha cabeça na mão e fico olhando para a escada ainda.

— Achei! Quero dizer, achei o rascunho. — Ele diz dobrando o papel, que estava um pouco amassado.

— Deixa eu ver. — Eu digo.

— Não. Este é o rascunho, a letra não está bonita e está todo rabiscado. Eu vou passar a limpo e te dou. — Ele diz sorridente.

— Queria muito ler! Sabe que eu sou muito curioso. — Digo pensativo.

— Claro que eu sei, mas vai ter que esperar. Por precaução, vou guardar aonde ninguém pode pegar. — Ele diz sorrindo, fica de costas, eu fico só observando e não acredito aonde ele pôs.

— Não acredito que você colocou em sua cueca. Isso é um pouco nojento! — Letícia diz.

— Sim, eu pus, pois ninguém vai poder pegar. — Ele diz dando uma risada de leve.

— Ah, mais eu posso. — Digo bem maliciosamente.

— Pode, mais não vai. Vamos esquecer isso agora. Eu vou no quarto e já volto. — Ele diz subindo as escadas.

— Ele é louco né? — Letícia diz olhando para mim.

— É aquele negócio, de louco todo mundo tem um pouco. Tem gente que usa esse pouco para fazer os outros rirem e outras pessoas para ver a desgraça alheia. — Digo a ela.

— É verdade, concordo com você primo. Já está tarde, vou comer algo, quer comer algo também? —Ela diz levantando.

— Não, estou satisfeito. Deu por hoje o que tinha que dar. Quando digo isso, não estou se referindo a comida. — Digo sorridente a ela.

— Ah sem problemas, eu vou então. — Ela diz indo até a cozinha.

— Vá, se engasge com bolacha! — Digo um pouco baixo.

— O que você disse primo? — Ela diz em um tom alto e abrindo a prateleira.

— Bon appétit, baby. — Eu digo alto para ela.