Melhoras

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      Sorrio para Emanuel, que dormia na cadeira, me ajeito melhor na cama hospitalar, meu braço havia sido engessado. Eu estava com fome, só me davam sopa sem gosto, era horrível o hospital, mas eu estava melhor. Os médicos conseguiram tirar toda a infecção do meu braço, foi por pouco que eu não perdi ele, queria poder esquecer aquele dia, faz dois dias que isso ocorreu, dois dias que eu estou nesse hospital. Nesses dois dias, Emanuel quis ficar comigo, me ajudando para ir ao banheiro, para comer e tomar meus remédios. Tenho que tomar vários remédios, amoxilina para a infecção, ebuprofeno e o PPE, profilaxia pós-exposição, um remédio para combater possíveis doença sexual, terei que tomar durante 28 dias esse remédio, um coquetel.

       Saber que aquele doente encostou em mim, me dá um ódio, mas respiro fundo, nada vai de adiantar eu fazer isso, isso só vai me machucar mais, pelo menos tenho alguém ao meu lado, me apoiando e me ajudando, pena que não ficará por muito tempo.

— Nicolas, já acordou? — Emanuel diz sonolento.

— Sim, pode dormir mais se quiser. — Digo a ele.

— Acho que dormi o suficiente. — Ele diz ficando de pé e vindo até mim.

— Não sei como consegui dormir na cadeira. — Digo a ele.

— Não ligo, quero mais é que você esteja bem. — Ele diz me dando um beijo na testa.

— Será que hoje eu tenho alta? — Digo a ele.

— O médico disse que sim, provavelmente. — Ele diz.

— Ah sim. — Digo a ele.

— Olá, bom dia, com licença. — Paulo diz entrando.

— Oi Paulo. — Digo a ele.

— Como você está? — Paulo pergunta.

— Bem melhor. — Digo.

— Que bom. Ficamos preocupado com você, eu trouxe seu celular, todos gostaram da noite, quer dizer, das músicas. — Paulo diz segurando um sorriso e entregando o celular para Emanuel.

— Obrigado. — Digo a ele.

— Obrigado você, por nos ajudar na formatura. — Paulo diz.

— De nada. — Digo.

— Provavelmente depois que eu passar por aquela porta, nunca mais nos veremos, então, foi uma honra conhecer vocês, que vocês tenham uma grande vida profissional, que possamos um dia tomar um belo chá e rirmos do que aconteceu. — Ele diz vindo abraçar Emanuel e depois eu meio desengonçado.

— Obrigado, para você também. — Digo sorridente.

— Até mais, tchau queridos. — Ele diz sorrindo e sai.

— Quer comer? — Emanuel pergunta.

— Sim, o que temos? — Digo.

— Sopa. — Ele diz.

— Fazer o que neh, vamos comer. — Digo.

     A sopa não tinha gosto como tinha imaginado, estava sozinho no quarto, peço para Emanuel pegar meu celular e colocar uma música em um tom baixo.

— Só isso para me alegrar, além de você é claro. — Digo a ele sorridente.

— Eu sei que é um tédio, mas logo tu sai. — Ele diz.

I meet you at the darkest time. You hold me, and I have to string my eyes. I'm shy, cannot be what you like. — Fecho os olhos e canto.

— Eu gosto de ouvir você cantar, sua voz sua calmaria. — Ele diz.

— Obrigado, mas não é verdade. Amo música, acho uma das mais lindas formas de se expressar. — Digo a ele e olho a porta se abrir.

— Bom Dia. — O médico diz entrando.

Emanuel vê o médico entrar, vai até o celular, desliga a música, sorri e volta ao meu lado.

— Acho que você não precisava desligar a música. — O médico diz olhando para sua prancheta.

— Bom dia a todos. Oi filhinho, como está? — Amanda diz entrando.

— Bom dia mãe, acho que bem. — Digo a ele.

— Acha? — O médico pergunta.

— Acho que sim. — Digo a ele.

— Estava dando uma verificado em meu prontuário, você está liberado. — Ele diz.

— Que bom. — Digo a ele.

— Tome os remédios certo, que ficará bem melhor. — Ele diz.

— Viu amor, você está bem. — Emanuel diz.

— Ele é seu namorado? — O médico diz.

— Sim, por quê? — Pergunto.

— Indico que usem camisinha, era melhor vocês não terem relação sexual até os próximos 28 dias, mas como sei que são jovens e estão a flor da pele, então melhor, usem camisinha. — O médico diz anotando.

— Está bem. — Digo olhando para Emanuel e desviando o olhar.

— A receita para mais remédios. Irá voltar daqui alguns dia para vermos esse braço engessado, na verdade só ano que vem. — Ele diz dando o papel.

— Obrigado. — Minha mãe diz pegando o papel.

— É isso, tenham todos um ótimo natal, um próspero ano novo, se cuidem. — Ele diz sorridente e cumprimentando.

— Para você também doutor. — Digo a ele.

— Valeu doutor. — Emanuel diz.

    O doutor sai, olho para Emanuel, ele me ajuda a levantar, peço para que minha mãe se retire para que eu possa sair do quarto, ela sai e Emanuel me ajuda se arrumar.

    Saímos do hospital, havia alguns repórteres no lado de fora, olho para eles que vêem até mim e minha mãe fala com eles.

— Desculpa, entrevistas depois, meu filho ainda não está são para falar ainda. — Minha mãe diz entrando no carro.

— Nossa, o que é isso? —Digo já dentro do carro.

— Nós não te falamos, mas tudo o que houve, teve uma repercussão no Brasil todo. — Emanuel diz dando partida no carro.

— Sim, todos sabendo como você estava? Todos sensibilizaram pelo o que houve com você, filho. — Amanda diz.

— Isso mesmo. — Emanuel diz acelerando.

— Nossa. — Digo olhando pela janela.

— Teremos que ir na delegacia. — Emanuel diz.

— Podemos fazer isso amanhã, o que acha? — Digo a ele.

— Pode ser, mas amanhã é véspera de natal. — Emanuel diz.

— Não tem problemas, resolvemos tudo amanhã e quando chegarmos, comemos a ceia. — Digo a ele.

— Está bem. — Ele diz dando uma risada de leve.

    Quando finalmente cheguei em casa, eu pude comer algo decente. Depois, tomo um banho relaxante, Emanuel e eu colocamos o colchão na sala e ficamos lá, deitados, em baixo das cobertas.

— Esse gesso coça. — Digo a ele.

— Sei como é, eu já quebrei meu braço quando criança, pulei de uma árvore com meu primo e quebrei. Naquele tempo ele não era tão chato assim. — Ele diz.

— É a primeira vez que acontece isso comigo. — Digo a ele.

— Ah sim, quer assistir o quê? — Ele pergunta.

— O que acha de fazermos uma maratona de Saw? — Digo.

— Pode ser, gosto dessa saga de filmes, quer pipoca? — Ele

— Não quer comer nada, se me dá sono, desligue a TV. — Digo sorridente a ele.

— Está bem meu anjo, vamos lá então. — Ele diz pondo o filme.

O Garoto (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora