Os Escolhidos

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    Levava o cereal matinal até a boca, enquanto isso olhava para o relógio na parede, são exatamente, 11:00 horas. Dormi muito e quase o café da manhã seria chamado café do meio-dia, ou café da Tarde. Após saborear meu cereal, levanto, me espreguiço e subo ao banheiro.
   Após um banho demorado, fico encarando o espelho, sorrio sem graça para ele e bagunço meu cabelo. Me viro para o guarda-roupa e visto algo leve. Desço as escadas e vou até o rádio. Ligo-o, aumento o som e vou em direção a vassoura. Começa a tocar uma música muito linda, uma música que falava sobre mães solteiras, era dançante e triste ao mesmo tempo.

So, rockabye baby, rockabyr. I'm gonna rock you. — Cantarolava enquanto varria a casa.

   Após varrer, organizar a casa, me jogo e olho para o relógio. Eram meio-dia e quarenta, o único pensamento que vem a minha cabeça era: "Será que Emanuel já chegou em casa?"
   Me viro, olho pela a janela, mordo meu lábio pensativo, levanto indo até o rádio e o desligo. Calço meus chilenos e vou para o quintal. Tiro meus celular do bolso. Tinha algumas mensagens das meninas, sorrio e abro-a.

Hey coisinha! —Emanuel disse por trás do muro.

    Levo um susto, meu celular escada da minha mão, cai sobre o chão e se desmonta. Me viro para Emanuel, faço uma cara de desaprovação. Faço somente para atentar mesmo, mas por dentro estava feliz. Mas não eram aquarianos que não sentiam nada?

— Nossa... Parece o mestre dos magos, aparecendo do nada. — Digo se agachando e pegando o celular.

— Desculpa, na próxima vez, eu serei mais delicado. — Ele diz se escorando no muro.

— Sei. Delicado como uma pedra. — Digo pondo a bateria no celular.

— Isso mesmo! Delicado como um coice de mula. O quê? — Ele ri.

— Então... Como foi o seu primeiro dia de aula em um colégio novo? — Pergunto para ele ligando meu celular.

— Foi bom. As pessoas me olharam de lado, alguns sorriram, outros fecharam a cara. Suas amigas foram bem cordiais comigo. — Ele diz.

— Que bom! Se não fossem, eu ia brigar com elas. — Digo.

— Sim. Então... Eu tenho uma coisa para te contar. — Ele sorri.

— Que foi? É chocolate? É comida? Só isso é bom, o resto quase nunca é bom. — Digo.

— A professora, por um processo democrático, escolheu você e eu para sermos os representantes e organizadores da nossa formatura. — Ele diz.

— O quê? Mais como assim? Não deveria ser um garoto e uma garota? — Pergunto.

— Então... Acho melhor eu explicar o que aconteceu. — Ele diz.

— Conte! Vou até sentar. Como dizem, senta que lá vem a história. — Digo sentando em um banco.

— Direitos iguais. Também quero sentar. — Ele diz pulando o muro e vindo em minha direção.

— POLÍCIA! POLÍCIA! PEGA LADRÃO! — Grito e dou uma risada em seguida.

— Seu bobo! — Ele diz e senta ao meu lado.

— Vai, conta a história então. — Digo me afastando um pouco dele e me viro para poder vê-lo melhor.

— Foi assim. Estava lá a professora de português falando sobre representação de sala e organização para a formatura de final de ano. Ela disse que todos deveriam participar, mas que teriam que ter duas pessoas para se responsabilizar melhor disso. Que teríamos que votar. — Ele diz, se ajeita no banco e continua. — Então ela disse "Os últimos serão os primeiros", apontou para o último e ele começou a votar. O primeiro foi ele, o garoto mais alto. —Ele diz.

— Ah o Davi. — Digo.

— Sim. Ele mesmo, com uma risadinha, ele disse, "Nicolas e Emanuel". Quando ouvi meu nome, virei atenção para o garoto que com um sorriso, debochava da minha cara. Em seguida foi o Matheus, ele disse a mesma coisa. E a professora apenas marcou os votos na lousa. Havia uma garota na frente dele, eu não sei o nome dela, mas ela disse a mesma coisa, foi se repetindo e repetindo o mesmo voto pela sala. Até que sobraram apenas dois nomes no quadro com votos. — Ele diz.

— O seu e o meu. Droga! Estava com planos de não ir para a formatura. Isso é bem patético. E você votou em quem? — Pergunto.

— Em nós dois. Por dois motivos. Segui a onda, mostrar que isso não me afetou nada. E que eu queria muito ir a formatura. — Ele diz.

— Nossa... — Abaixo a cabeça pensativo.

— Mas agora você vai né — Ele diz.

— Vou sim, creio eu. — Sorrio meio forçado para ele.

— Que bom! Vamos fazer essa formatura e podemos fazer um baile de formatura. — Ele diz.

— Isso não é cafona? Quer dizer. Isso é tão antigo que não se faz. — Falo para ele.

— Cara, cafona é seu modo de pensar! Parece ser bonito em filmes e livros. Posso parecer um Bad Boy, mas sou um amorzinho. — Sorrio para ele.

— Está bem Love Boy. — Digo.

— Falando nisso. — Ele diz e pega um papel do bolso. — Eu ganhei um número de uma garota. — Ele me mostra.

— E? — Ergo a sobrancelhas.

— Só queria te mostrar. Deve ser de uma das Cheerleaders. Ela estava toda arrumada e cheirava bem. — Ele diz olhando o papel.

— Hum... Vai ser o Romeu do colégio. — Olho para o lado e mordo meu lábio. Eu sei o que ele queria fazer.

— Quem sabe né? Acho que vou anotar o número dela. — Ele diz pegando o celular.

— Mas não era gay? — Digo segurando um sorriso.

— "Não era" o quê? Eu ainda sou. Só estou tirando uma com a sua cara. Coitada dela, só em sonhos que irei ficar com ela. — Ele diz olhando para mim.

— Isso é destruir corações. — Digo.

— Não posso fazer se não gosto da fruta que ela tem. — Ele sorri maliciosamente.

— Seu idiota! — Dou uma risada.

— Aliás, estou de olho em um garoto. — Ele diz.

— Esperamos que ele não seja hetero. — Sorrio.

— Eu creio que não. — Diz.

— A conversa está boa, mas tenho que entrar. Tenho que ligar para os meus pais, agora que eu lembrei. — Digo olhando para o celular.

— Ah okay então. Não quer minha companhia? — Ele diz.

— Se não me incomodar. Eu aceito. — Sorrio.

— Está bem. Não vou te incomodar. Cara, melhor que o cheiro daquela garota, somente o seu. — Ele disse.

— Nada a declarar! Sei que sou irresistível. Bem-Vindo ao ascendente em Leão. — Me levanto, abro a porta, sorrio e chamo para dentro.

O Garoto (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora