Brigados

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   Começo a me arrumar, ajeito meu cabelo de frente para o cabelo, sorrio meio sem graça, olho para o chão, mordo meu lábio, me viro, pego minha mochila, meu celular, saio do quarto, desço as escadas, saio de casa, começo a andar pela calçada, sinto uma mão em meu braço, respiro fundo, fecho a cara e me viro.

– Oi Nicolas, podemos conversar? – Emanuel pergunta.

– Oi, deixa para amanhã, eu estou saindo agora, indo para o colégio. – Digo a ele, puxando o meu braço.

– Desculpa por ontem, eu errei, eu sei, mas eu não posso ficar sem você, você é meu porto seguro. – Ele diz.

– Para Emanuel, estou bem chateado, eu ainda te amo, muito mesmo, mas eu estou triste contigo. – Digo a ele.

– Desculpa, quer que faça o que para eu me redimir por ontem? – Ele diz me abraçando.

– Espaço, me dê um espaço para eu digirir tudo isso, está bem? Porque eu não tenho amnésia. – Digo o empurrando de leve.

– Está bem, você está certo, fazer o que, o culpado foi eu mesmo, mas por favor, jamais tire isso. – Ele diz mostrando a aliança.

Okay. – Digo pondo a aliança no dedo de novo, me viro e volto a caminhar.

Hey, espera, eu vou junto. – Ele diz.

– Espaço Emanuel. – Digo a ele.

– Está bem. – Ele desacelera os passos.

   Ponho o fone de ouvido, caminho sem olhar para os lados, vou ouvindo a música nova da Demi Lovato, Sorry Not Sorry, acho que talvez essa música cai bem até agora, olho para os meus amigos na frente do colégio me esperando, cumprimento eles normalmente, Emanuel faz o mesmo, em todas as aulas eu não disse nada para Emanuel, na hora do recreio trocamos poucas palavras, na hora de ir embora, não disse quase nada, eu entrei na minha casa, subi ao meu quarto, deixei minha mochila no lado de minha cama, tirei meu tênis e me joguei na cama.
Fiquei deitado na cama pensando sobre o que eu estava fazendo com Emanuel, se era certo ou não, eu sei que ele me ama, eu o amo também, mas eu acho que eu fiz o que é certo, eu achava.

– Nico, Emanuel está aí. – Minha mãe diz entrando no quarto.

– Pode mandar ele subir, obrigado! – Digo a ela.

– Está bem. – Ela diz sorridente.

   Me ajeito em minha cama, ouço os passos que vinha da escada ecoar pelo o meu quarto, respiro fundo, fecho a cara, Emanuel aparece na porta, pede licença para, entrar, eu concedo, ele senta na cadeira do computador, desvio o meu o meu olhar para a o guarda-roupa, o silencio predominou por alguns minutos, até que ele quebrou.

– Você sabe que eu te amo, certo? – Ele diz.

– Sim, eu sei disso. – Digo a ele.

– Poxa, foi um deslize meu, me perdoe. – Ele diz.

– Claro que eu te perdoo. – Digo.

– Então, olha para mim, por favor. – Ele diz.

– Está bem. – Digo virando meu rosto.

– Agora sorria. – Ele diz.

– Para que eu estou bravo. – Digo a ele.

– Ah sorri. – Ele diz.

– Pare. – Começo a dar risada, odeio quando estou bravo e me fazem rir.

– Eu te amo. – Ele diz.

– Eu também, vem cá. – Digo a ele.

   Ele senta ao meu lado da cama, tira seu tênis, se estica em minha cama, que para ele, parecia ser um pouco pequena, me ajeito melhor, coloco minha cabeça sobre o seu peitoral, coloco meus braços sobre a sua cintura, ouço o seu coração bater e sua respiração. Eu não sei ficar bravo com as pessoas, principalmente com quem eu amo, errar todo mundo erra, devemos saber perdoar os outros. Ficamos em silêncio, não era um silêncio ruim como o de antes, era um silêncio bom e prazeroso. Ele passava suas mãos sobre o meu cabelo, eu estava quase dormindo, ficamos a tarde toda em meu quarto.
     A minha relação com Emanuel voltou ao normal, só que mudou um pouco, para melhor, tem que tirar proveito dos erros para aprender mais, fortalecer com eles, conversamos melhor sobre isso e pomos algumas vírgulas em nossa relação. Relacionamentos não devem ser robotizados ou impostos e normas, gosto de deixar livre, mesmo sendo o eu primeiro relacionamento, mas é bom por alguns limites, com o diálogo, sempre melhora tudo, por isso, em casos de um ou outro não gostar de uma atitude do parceiro, iriamos sentar e conversar.
    Eu quero que Emanuel tenha amigos, amigos que ele se identifique mesmo, ele gosta dos seus amigos, assim como meus amigos gostam deles, então, os amigos deles também, mas não é mesma coisa. Os meus amigos são parecidos comigo em alguns pontos ou na maioria, mas não são tão parecidos com ele, principalmente no gosto de passatempo. Felipe é igual ele, nada contra ele, pois ele parece ser legal, mas levou Emanuel para caminhos errados, isso fez eu descontar pontos dele e perceber que ele talvez não seja um amigo tão bom assim.

– Parabéns, com certeza nosso time vai ganhar os jogos. – Elisa diz.

– Sim, vamos detonar. – Emanuel diz me abraçando de lado.

– O que acham de nós irmos amanhã comer uma pizza no shopping? – Elisa diz.

– Pode ser. – Gustavo diz.

– Eu aceito. – Raquel diz.

–Feito então, eu vou indo embora. – Elisa diz.

– Até Elisa. – Digo a ela e dando um grande abraço nela.

– Eu vou indo também, quer uma carona Gus? – Raquel diz.

– Aceito, obrigado. – Ele sorri para ela.

– Acho melhor nós irmos também. – Digo a Emanuel.

– Vamos sim, até amanhã pessoal. – Ele diz.

– Tchau pessoal! – Felipe diz pondo seu skate no chão e pegando impulso.

     Eu estava suando, o dia não estava tão quente, estava um dia bom, entro em casa, vou direto ao chuveiro, tomo um banho demora, não tinha ninguém em casa, então poderia demorar o bastante. Após eu terminar o banho, fui me arrumar, escolho uma roupa bem leve para eu vestir, iria passar o tempo assistindo séries, começo a se trocar até que eu ouço a porta se abrir e bater.

– Oi, quem é? – Digo alto, mas ninguém responde.

    Dou de ombros achando que era só minha imaginação, volto a me trocar até ouvir barulhos na escada, me viro para minha porta, que estava fechada, ouço alguém bater na porta, meu coração acelera e engulo seco.

– Quem é? – Digo.

– Sou eu, Emanuel. – Ele diz abrindo a porta.

– Você quer me matar de susto? – Digo a ele.

– Não, claro que não, desculpa. – Ele diz entrando.

– Está bem. – Sorrio para ele.

– Vim ver o que você está fazendo. – Ele diz.

– Ah sim, eu estou me preparando agora para descer, fazer pipoca e morar no sofá assistindo séries. – Digo a ele.

– Lá em casa está um tédio. – Ele diz.

– Então vamos assistir séries, pode ser? – Digo a ele.

– Pode sim, eu ajudo. – Digo a ele.

– Okay. – Digo a ele.

   Nós preparamos para assistir a série, colocamos o colchão na sala, colocamos Game Of Throne, eu não gosto dela, mas Emanuel sim, então preferi pôr para ele, dormi na metade do episódio. Quando eu acordei Emanuel também estava dormindo, estava tudo escuro em casa, pensei em ligar luz, mas sei o quão horrível é estar dormindo, alguém vim e ligar a luz, é horrível, então preferi apenas ficar ao lado dele.

O Garoto (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora