A Professora de Inglês

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   Chegamos na sala de aula, sento em meu respectivo lugar, olho para frente. Alguns colegas vão entrando na sala de aula e finalmente a professora chega.

    Sabe aqueles professores que mais falam da vida deles e de coisas fúteis do que a matéria. Então. Essa era ela. Tinha uma estatura média, cabelos curtos e enrolados, pele morena e era um pouco acima do peso.

— Olá turma. Como foi o final de semana? — Elonor entra na sala e coloco sua mochila sobre a mesa.

— Olá professora. Foi ótimo! Fui em uma balada super boa. — Luís responde.

   Sempre tem aquele aluno bagunceiro, o engraçado da sala e o popular. Junta tudo isso, esse era o Luís. Todo mundo conhecia ele, em toda festa, lá estava ele e toda festa que fazia, era um sucesso garantido. Nós não éramos tão próximos, ele só me procurava quando queria algo e não passava disso.

— Nossa, Que legal! Faz tempo que não vou na balada. Acho que quase um mês. — Ela diz se virando para o garoto.

— Nossa, você vai para a balada? — Ele diz na maior cara de pau.

— Claro que sim! Só porque sou gordinha não posso me mexer? Eu danço muito e a noite toda. — Ela diz animada.

— Isso mesmo! — Luís diz animado.

— Sabe, eu sempre vou quando posso. Esses homens que gostam de mulher magra é porque não aguentam uma gordinha. É mais fácil de levantar. — Elonor fala olhando para todos.

   Viro meu rosto para Elisa, Elisa vira para mim, dá de ombros, dá uma risada, em seguida me viro para trás, Emanuel revira os olhos e bate a mão na cara de leve. Enquanto isso, o povo não parava de aceitar o que ela falava e essa conversa de arrastou.

— Vocês tem que ver, eu danço muito! Muito mesmo! Vou sempre com os meus amigos. Mas ultimamente está difícil de ir, tem muita pessoa diferente. — Ela diz em um tom de deboche.

— Isso é verdades, só tem a Diretoria, Kaianas e Big Night. Não sei como pode o Deck encher de tantos gays. — Luís diz.

— Eu não entendo porque homem se pega com homem. O orifício anal não foi feito para ser usado. Eu tinha um amigo, que teve que costurar lá. O orifício anal não é flexível igual a vagina. Eu como uma educadora, tenho que debater sobre e posso debater sobre isso em sala de aula. Pior é mulher com mulher, não sei como fazem. — Elonor, diz alto e em bom som.

   Eu fiquei boquiaberto com o que ela disse. Elisa vira para mim, com seu olhar. Pude entender o que ela dizia. Seria um: "Alguém enfia uma meia na boca dela". Viro para Emanuel, ele estava calmo, calmo demais, apenas bateu em meu ombro e fez um sinal para eu não me alterar. O pior de tudo, é que a maioria concordou. Isso foi a maior deixa para conseguirem acabar comigo.

— Isso é verdade professora. Falta de mulher que não é. É falta de vergonha na cara. — Lucas diz sarcástico, olhando para a professora e se virando para mim em sequência.

— Nada contra, tenho até amigos gays. Mas não acho isso certo! — A professora diz indo até a sua mesa. Abre seu livro de chamada. — Vamos fazer a chamada.

   Ela fez sua chamada, mas o assunto estava no ar. Pude ver os olhares para mim, ouvi as conversas sobre isso. Emanuel ficou em silêncio. Afrotar uma professora, desacato a servidor público dava cadeia, quem dirá uma professora, que se colocar ela no tribunal, toda sala seria contra mim. E aliás homofobia não é crime no Brasil.

   A chamada deveria ser respondida em inglês, mas a minha cabeça estava com aquela conversa na cabeça e quando ela me chama.

— Nicolas Steves Albuquerque. — Ela diz.

I can go out? Please. — Digo a ela me levantando.

— O que você disse? — Elonor diz para mim, o pessoal vira a atenção para mim e eu respiro fundo.

— Eu preciso sair. Posso? Eu não estou me sentindo bem. — Digo a ele.

— Pode sim. Você é o Nicolas? — Ele pergunta.

— Sou sim. Eu estou indo. — Digo a ela indo em direção a porta.

— Eu vou junto! — Emanuel diz.

— Você não pode sair da aula. Você vai ganhar falta, não tem uma justificativa. — Elonor diz.

— Eles são namorados! — Lucas diz dando uma risada.

— Sim. Nós somos namorado. A Vida nossa, vocês cuidem das suas. E o que você disse professora, foi degradante. Deveria medir as palavras antes de falar algo. Nunca se sabe os alunos que tem e o mal que podem fazer a alguém. — Emanuel diz saindo da sala de aula e vindo atrás de mim.

O Garoto (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora