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Na época eu não me importei de ser usada por ele, eu estava disposta a qualquer coisa, isso soa como desespero e na época foi, mas os meus sentimentos por ele ultrapassavam todas as barreiras, foi além do que eu imaginava, eu não controlava nada, ele sim, ele me controlava. Eu era dele no momento que ele quisesse, ele fazia o que queria comigo, fui sua confidente, sua conselheira, amizade colorida, amante, seu objeto, seu brinquedo, sua boneca.

Ele me usou, brincou comigo, fez de mim sua alucinação, me olhou, me beijou, me abraçou, fomos um só diversas vezes, ficamos juntos muitas noites e no fim eu acabava pedindo por mais uma noite, mesmo depois de ser deixada sozinha na cama enrolada nos lençóis, mesmo depois de achar que iria me arrepender por deixar ele me dominar, por me fazer chorar, mas eu nunca me arrependia. Eu precisava dele, precisava do abraço dele, precisava do cheiro, do beijo, eu precisava estar com ele.

Muitas vezes falei para ele não achar que eu estava enlouquecendo, mas talvez eu estivesse. Eu não tinha um lugar na vida dele e muito menos em seu coração, mas tínhamos algo, algo sem nome, mas eu sabia muito bem o que eu sentia por ele, amor, eu o amava, mesmo sabendo que não deveria, que nunca iria ser correspondida, mas me dava ao luxo de sonhar. E eu acabava pedindo mais uma noite, pedia dias, para poder me despedir do amor cretino que eu carregava dentro de mim, que estava preso na minha pele, algo que não poderia tirar.

Eu queria ser o paraíso proibido dele, ser seu lar, queria que ele dominasse minha mente e meu corpo, como só ele sabia fazer, nos entregávamos um para o outro, ao me beijar ele me fazia ver estrelas, segurava as minhas mãos e me tomava para si, mesmo com ele falando que eu fazia parte de seu passado, eu estava mais presente do que nunca em suas lembranças. A vida nos distanciou, mas continuávamos pertencendo um ao outro, mesmo ele tendo outra pessoa, nada mudou o que ele mantinha vivo dentro dele, eu estava em sua pele feito uma tatuagem que ele não poderia remover, estávamos ligados, os nós que fizemos não poderiam ser desfeitos, nem cortados com faca, nada poderia desfazer o laço que existia entre ele e eu.

Quando chegava o fim da noite eu já estava pensando na próxima noite, implorando para tê-lo mais uma vez, implorando por mais alguns dias, para estar com ele e sentir a falsa sensação de ser amada, sentir que eu tinha um lugar em seu coração. Mas o tempo foi passando e ele se cansou do nosso jogo, tudo acabou adormecendo e logo morrendo, da parte dele, da minha demorou muito tempo, as lembranças eram muito vivas dentro de mim, ainda queimavam no meu peito e as noites passaram a ser solitárias, como um dia imaginei que fosse ser. Eu não me importei com nada durante o período que durou e talvez esse tenha sido o grande problema.

Enquanto ele tem alguém para esquentar a cama todas as noites, eu não tenho ninguém, eu não tenho nada, achava que o tinha, que ele era meu, mas isso era só na minha cabeça. No fim acabei sozinha, sem ele, sem amor, sem algo que achei que fosse durar para sempre, mesmo que não fosse sério. Ele era meu doce pecado, meu avassalador amor, ele era... Hoje ele não é mais nada meu, na verdade ele nunca foi meu, nunca.

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