139.

11 3 0
                                    

E a menina que colocava seu coração nos textos se viu sem ter o que escrever, se viu sem coração, ficou cega e sem atenção, porque ninguém foi capaz de lhe dar a mão, de secar suas lágrimas e lhe escutar. Ela chora e sente o peito doer, porque os dias de alegria se foram, junto com as folhas secas do outono. Se foram junto com os seus sorrisos, com seus sonhos, com seus planos, não a quiseram ouvir, não prestaram atenção nos sinais, ela estava cansada, estava desistindo, mas não poderia fazer isso com as pessoas que eram importantes para ela, as pessoas que a amavam, ela amava e amava com todo o coração.

Ela queria que as coisas dessem certo, por isso insistia tanto, insistia até as palavras sumirem de sua boca, insistia até sentir a boca seca, mas era como jogar palavras ao vento, era com falar com uma parede. Ela se importava, não queria perder mais ninguém, ela já não tinha como suportar uma perda, não outra, se sentiria vazia, se sentiria sozinha e naquela noite ela se sentiu sozinha, ela procurou por ajuda, procurou alguém que pudesse ser seu porto, procurou por alguém que lhe desse paz e a única coisa que esse alguém fez foi machucá-la, usar palavras afiadas como facas e ela não tinha como se defender.

A machucaram, alguém de quem ela poderia esperar qualquer coisa, menos ser machucada, ser magoada, ter os seus sentimentos ignorados, como se não fossem nada, como se fossem lixo, foi isso que ela sentiu que eram, lixo, ela se sentiu um lixo naquela noite, se sentiu um nada, um nada. Ela escrevia com seu coração, seus textos eram como a extensão de sua alma, eram sua forma de se libertar de si mesma, mas agora ela não quer mais escrever, ela não tem o que escrever, levaram tudo dela, inclusive seu coração.

My FeelingsOnde histórias criam vida. Descubra agora