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Ela...

Hoje tenho uma consulta de rotina, médico de Jeremy achou melhor acompanhar a minha gestação junto com alguns médicos da área, e como já era de se esperar, minha gravidez é de risco. Já estou no hospital esperando ser atendida, Vitória queria vir junto, mas eu disse que queria fazer isso sozinha, desde a morte de Jeremy as pessoas querem me acompanhar em todos os lugares onde vou. Isso é gentil da parte delas, mas eu quero ficar sozinha, pelo menos, por uns minutos.

- Senhorita Aneliz, por favor me acompanhe. – Disse a enfermeira.

Sigo a mulher de meia idade até o consultório onde iria ser atendida. Me sento na maca, hoje eu iria ver meu bebê pela primeira vez, ninguém ficou sabendo que eu iria fazer um ultrassom hoje, achei melhor assim, olho para meus pés e passo as mãos na minha barriga. A porta da sala se abre e vejo os meus doutores, sim...o médico de Jeremy e um médico da área, eles sorriem para mim enquanto ligam os aparelhos e se sentam na minha frente.

- Como você está se sentindo? – Disse meu médico, doutor Nathan.

- Como sempre, acho que estou bem. – Sorrio fraco.

- Ninguém veio com você? – Disse o médico de Jeremy, doutor João.

- Não, ninguém sabia que hoje eu iria ver meu bebê. – Digo baixo.

- Por que não contou? - Disse ele.

- Queria vir sozinha, não quero ficar incomodando as pessoas sempre que eu tiver que sair, fazer alguma ou vir ao médico. – Dou de ombros.

- Aneliz, é importante a vida da família durante a gravidez. – Disse Nathan. - Principalmente na gravidez de risco.

Suspiro e olho para o teto, eles estavam certos, eu deveria ter chamado alguém para vir comigo.

- Ainda dá tempo de chamar alguém. – Disse João. – Quer ligar para quem?

Thon chegou em meia hora, assim que ele entrou no consultório e me viu deitada na maca, ficou assustado e veio logo para perto de mim.

- O que aconteceu? Você está bem? Passou mal? – Disse ele pegando em minha mão. – A Leninha está bem?

- Leninha? – Disse doutor João.

- Ele apelidou o meu bebê de Helena. – Olho para Thon. – Você nem sabe se vai ser menina.

- Claro que sei, eu sinto que é uma menininha. – Ele passou a mão em minha barriga. – A nossa Leninha.

Os médicos riram e logo avisaram que iriam começar o ultrassom, a cada momento que ia passando parecia uma eternidade, ligaram o visor, mas nenhuma imagem aparecia. Seguro a mão de Thon e aperto aos poucos, aquela procura pelo meu bebê estava me deixando nervosa, depois de uns minutos, um borrão apareceu na tela, e os médicos disseram que era o meu bebê. Olho para eles e sorrio, Thon solta minha mão e fica olhando para a tela. Possibilitar essa sensação ao meu irmão que sempre esteve ao meu lado, vê-lo sorrir feito criança foi a melhor coisa que me alegrou.

- Doutor, podemos ouvir o coração dela? – Disse Thon. – Da nossa Leninha?

- Vamos tentar, mas não temos certeza se realmente é menina. – Disse doutor Nathan. – Está muito cedo para ver isso.

Ele mexe no aparelho e aos poucos começamos a ouvir umas batidas de coração bem fracas e longes, pareciam que estavam parando, olho para Thon e para os doutores.

- O que está acontecendo com ela? Por que estão fracas? – Começo a ficar nervosa. – Minha filha está morrendo?

Nathan desliga os aparelhos e me dá um papel para limpar minha barriga, Thon tenta me acalmar enquanto doutor João pega um copo de água para mim.

- Vocês estão me escondendo alguma coisa. – Digo me sentando melhor na maca.

- Aneliz, o seu bebê está fraco, você sabe que é uma gravidez de risco. – Disse Nathan. – Há uma pequena possibilidade de ocorrer abordo espontâneo, tanto você quanto ele correm perigo.

- Não podemos fazer nada? – Disse Thon.

Palavra nenhuma saia de meus lábios, estava paralisada. Já sabia que minha gravidez era de risco, mas não imaginava que meu bebê estava tão fraco assim.

- Ela precisa de vitaminas, Aneliz você está muito fraca. – Disse doutor João. – Vamos passar uma pequena lista sobre o que você pode ou não pode comer e fazer. E acima de tudo mocinha...

- Repouso absoluto. – Completou Nathan. – Thon, posso falar com você em particular?

- Liz, me espera lá fora? – Disse Thon virando-se para mim.

- O que estão escondendo de mim? – Digo me levantando.

- Liz, eu vi uns bolinhos lá na cafeteria do hospital. São os seus preferidos. – Disse doutor João. – Você pode comer um, apenas um.

- Golpe baixo. – Bufo e saio da sala com a minha bolsa.

Vou até a cafeteria do hospital e peço um bolinho de sonho de valsa e um suco de laranja. Me sento em uma mesa perto da janela e pego meu celular. Dou uma mordida no bolinho e bebo um pouco o suco, olho para as pessoas ao redor e imagino como está sendo o dia delas, se elas estão felizes, se estão passando por algo difícil e se algo poderia alegrar o dia delas.

Depois de meia hora sentada naquele mesmo lugar, vejo Thon saindo do elevador, dou sinal a ele, ele sorriu e veio até onde estou.

- Eu amei esse bolinho. – Digo olhando-o.

- Liz... – disse ele.

- Você quer um? Eu pego para você. – Digo me levantando, mas ele segura minha mão e me impede de completar o movimento.

- Aneliz, senta-se. – Disse ele me olhando. – Vamos conversar.

Olho para ele e pisco algumas vezes, olho ao redor e suspiro.

- Eu quero uma água. – Sussurro.

- Eu pego para você. – Disse ele se levantando.

Me sento e passo a mão em meus cabelos, colocando algumas mechas atrás de minhas orelhas. Anthoni volta com uma garrafinha de água e um copo de café, ele se senta e coloca a garrafinha na minha frente, abro lentamente e bebo um pouco da água.

- Pode falar...eu aguento a notícia ruim. – Digo baixo.

- Não é uma notícia ruim. – Ele bebe um pouco do café e me olha. – Liz, você corre um risco, e a Helena também corre um risco, como você ouviu no ultrassom, ela está fraca.

- E o que posso fazer para ajudar ela? Para ajudar nós duas? – Suspiro.

- Seguir a listinha que eles me deram e...passar um tempo afastada da cidade. – Ele bebe mais um pouco do café.

- Afastada da cidade? E vou para onde? – Digo olhando-o.

A resposta estava estampada em seus olhos, pego mais um pouco da água e olho para fora da cafeteria.

- Você sabe que é o único lugar quieto suficiente para você ficar bem. – Disse ele.

- Mas e como vou fazer para vir as consultas? – Invento um motivo para não ir. – Vou ficar sem ver papai, Vick, você.

- Pare de arranjar desculpas menina, e pense na sua filha. – Disse ele.

- Você nem sabe se é uma menina! – Me levanto e pego minhas coisas. – Não estou preparada para ver Jhonatan novamente.

- E está preparada para perder outro filho? – Anthoni se levanta. – Vou pagar a conta. 

Isso foi um soco no estomago, apenas isso. 

Um Militar em Minha VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora