Quer me contar algo?

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Ela...

— Juli, você viu meu celular? — digo entrando na cozinha. — Ele estava em cima da cama.

Estava quase pronta para ir para a cidade ver as coisas para o casamento, só falta meu celular onde tinha fotos de alguns vestidos e algumas decorações.

— Não vi. — ela me olha. — Será que Jhonatan pegou?

— Já é a terceira coisa minha que some nesses dois dias. — suspiro fundo e me sento perto da mesa.

— Já disse isso ao Jhonatan?

— Sim. — respondo.

— Isso está muito estranho. — ela dá uma pausa. — Bom, ninguém de estranho entrou na casa.

— E se for alguém aqui de dentro? — digo baixo. — Juliana não gostou muito da minha presença aqui.

— Menina Liz, Juliana já foi embora. — Juli diz baixo.

— Mas ela pode voltar durante a noite, entrar e pegar as minhas coisas. — dou de ombros. — Apenas por fazer.

— Anelize. — ouço Tânia me chamar.

— Já estou indo. — digo.

— Depois conversamos, boas compras. — Julieta sorri.

Pego uma maçã que estava sob a mesa e vou em direção da sala, onde dona Tânia e Clara estavam me esperando. Sorrio para elas e saímos da casa indo em direção do carro que nos esperava.

Fomos em direção da cidade. O caminho foi silencioso, o que era estranho, na verdade, elas estavam estranhas, nem se quer olhavam no meu rosto. Olho para Clara e ela estava me olhando fixamente, como se estivesse procurando algo em mim. Viro o rosto e olho para as árvores que estavam na beira da estrada.

— Clara, lembra aquele vestido que te mostrei? — minha sogra quebra o silêncio. — Será que iria ficar bom na Anelize?

— Ela não gostou. — Clara responde.

— Que vestido? — pergunto.

— Aquele te mostrei ontem à noite. — ela me lembra.

— Você disse que aquele vestido foi da sua mãe, no casamento dela. — arqueio minhas sobrancelhas.

— Anelize... eu nunca disse isso. — Clara coloca sua mão em seu peito e finge estar assustada com a minha resposta.

— Não tem importância, meninas. — disse Tânia. — Aposto que Anelize irá encontrar o vestido perfeito. — ela sorriu.

Continuo a olhar para minha amiga que dá um pequeno sorriso de lado. Conheço esse joguinho de Clara, fingir que as pessoas são loucas e esquecidas.

O carro estaciona perto de uma loja de vestidos e o motorista avisa que chegamos. Abro a porta do carro sem esperar que ele abra primeiro, dona Tânia e Clara saíram logo atrás de mim, observo ao redor e olho fixamente para o meu reflexo no vidro da loja, os vestidos que eu estava usando estavam pequenos, a maioria deles já estavam me apertando.

— Liz querida, vamos. — disse Tânia entrando na loja.

Entro na loja e vejo muitas araras cheias de vestidos de noiva, vários modelos, tamanhos, no branco, outro no marfim e até mesmo no creme, tinha um vestido rosa-claro ao lado da porta. Acredito que nunca me imaginei numa loja de noivas, tendo que escolher meu próprio vestido de noiva.

— Querida venha. — ouço Tânia me chamar.

Atravesso a loja, indo em direção de Tânia e vejo uma mulher mais velha conversando com ela.

— Dona Murici, essa é Anelize a noiva de Jhonatan. — Tânia sorriu.

— Que linda jovem — disse dona Murici. — Jhonatan deve estar muito feliz por estar se casando com você.

— Obrigada. — digo tímida.

— Liz, Murici fez meu vestido de casamento e eu gostaria que ela fizesse o seu. — dona Tânia diz.

— Tudo bem, se a senhora confia nela. — respondo.

— Não estou a fim de ver vestidos de noiva. — disse minha madrinha revirando os olhos. — Vejo vocês no carro.

Clara vai em direção da porta de saída. Fico sem reação alguma, por mais que Clara nunca gostou das minhas vitórias e nem meus momentos de receber atenção, ela nunca reagiu desse jeito.

Dona Murici me leva para uma sala cheia de espelhos e algumas poltronas brancas, me sento em uma poltrona, ao lado de dona Tânia, enquanto dona Murici pega um álbum de fotos e um caderno de desenhos.

Começamos a conversar, comentei que o casamento seria na floresta, e é claro que estávamos de comum acordo sobre isso. Dona Tânia apenas escutava sobre o que falávamos, e em nenhum momento ela interferiu.

— E como você imagina o seu vestido de noiva? — ela pergunta. Já havíamos olhado o álbum com os mais lindos vestidos que ela havia feito, mas nenhum me chamou a atenção.

— Estava pensando em algo um pouco mais simples. — digo terminando de olhar a última foto. — Pouca renda, laços talvez.

— Se você me permite. — disse Tânia se ajeitando na poltrona. — Suponho que algo simples seria mais para um casamento na praia.

— Mas na floresta acredito que algo bem chique também seria desnecessário. — disse Murici olhando minha sogra.

— Tem razão. — disse Tânia. — Não quero te influenciar querida. — ela dá uma pausa. — O vestido é seu. — ela me olha. — Tem algo em mente? Algum modelo ou foto?

— Tenho uma foto no meu celular de um vestido que achei bonito. — digo. — Mas meu celular desapareceu.

— Jhonatan pegou. — disse minha sogra. — Ele disse que poderia rastrear um tal de Jeremy.

— Por que ele não me avisou? — olho ela.

— Clara não te avisou? — ela me olha sem entender. — Ele pediu para ela te avisar.

— Não, Clara não me avisou. — suspiro fundo. — Podemos deixar o vestido depois? Não estou me sentindo muito bem.

— Claro, querida. — disse dona Murici.

Me levanto da poltrona e saio da sala indo em direção da saída da loja. Em seguida, vejo dona Tânia seguir meus passos e sair da loja. Ela se aproxima devagar, toca em minha mão e sorriu levemente.

— Está bem mesmo? — confirmo com a cabeça.

— Sim. — sorrio fraco. — Eu só preciso de um ar.

— E entre Jhonatan e você?

— Estamos bem. — respondo.

— Não deixe que estraguem aquilo que vocês construíram nesses poucos meses. — ela dá uma pausa. — Principalmente, os ciúmes de uma certa amiga.

— Quer me contar algo? — olho ela.

— Acredito que você tenha algo a contar. — ela coloca sua mão na minha barriga.

— O quê? — fico sem entender.

— Ane, amor. — ouço Jhon me chamar.

Olho em sua direção e ao lado de Jhon estava Clara, volto meus olhos para dona Tânia.

— Aconteceu algo? — meu noivo pergunta.

Não respondo, não consigo dizer nada, é como se meu corpo estivesse estático. Olho meu noivo e minha amiga juntos, lado a lado, os dois me olhando fixamente, sinto minha pressão abaixando e minha visão fica turva, seguro no braço de Tânia, mas sinto meu corpo caindo até chegar no chão, rapidamente. 

Um Militar em Minha VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora