Agora ou nunca

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Ela...

— Liz ainda se lembra de alguma música que cantávamos? — perguntou Vick me olhando.

Já era umas nove horas da noite e a chuva estava muito forte lá fora. Thomas ainda estava acordado demais para quem tomou o remédio, já estava ficando preocupada com isso.

— Acho que sim. — olho minha prima sentada em outro sofá com Thomas.

Seu George estava em seu escritório resolvendo alguns assuntos. Dona Tânia e Juli estavam em duas poltronas que havia ali na sala mesmo.

— Thon cadê aquele violão que você usou no casamento da Liz? — Vick olhou para meu irmão.

— Deve estar lá em cima. — ele bocejou. — Vamos comigo, você pega o violão e eu já vou dormir.

— Tomou o remédio direitinho hoje? — olho ele.

— Sim, perece que hoje deu mais sono do que dos outros dias. — ele bocejou mais uma vez e se levantou. — Boa noite a todos, vamos Vitória?

— Claro. — disse ela seguindo Thomas escada acima.

— Eu disse que ele iria tomar o remédio. — olho para Jhon, que estava deitado no mesmo sofá que eu.

— Você o dopou? — perguntou Juli.

— Ele se dopou. — Sorrio de lado.

— Quem vê pensa que ela é má. — Vick voltou com o violão de Thomas e me entregou. — Qual música?

— Ah, não sei. — Pego o violão e vejo que se está afinado. — Qual música você gosta amor?

— Não sei se você conhece, de uma banda do Brasil. — disse Jhon se sentando no sofá. — Pra Você Dar o Nome. — ele me olha. — Conhece?

— Ela passou cinco meses cantado essa música no meu ouvido. — disse Vitória. — Vocês realmente foram feitos um para o outro.

— Também não exagera. — toco o acorde que dá o tom.

— E eu estou mentindo, Ninha? — ela pergunta.

Amo os apelidos que podem sair do meu nome. Ane, Liz, Ana, Ninha. São tantas versões que posso ser.

Faço a introdução da música e logo Vitória começou a cantar.

"Deixa pra lá

Que de nada adianta esse papo de agora não dá

Que eu te quero é agora

E não posso e nem vou te esperar

Que esse lance de um tempo nunca funcionou pra nós dois"

Olho para Jhon e ele está sorrindo abertamente, seus olhos brilhavam e seus lábios se moviam na mesma sintonia que os meus.

Entro cantando com Vick.

"Sempre que der

Mande um sinal de vida de onde estiver dessa vez

Qualquer coisa que faça eu pensar que você está bem

Ou deitada nos braços de um outro qualquer"

"Que é melhor

Do que sofrer

De saudade de mim como eu tô de você, pode crer

Que essa dor eu não quero pra ninguém no mundo

Imagina só pra você"

Fecho os olhos e deixo a música me levar.

"Quero é te ver

Dando volta no mundo indo atrás de você, sabe o quê

E rezando pra um dia você se encontrar e perceber

Que o que falta em você sou eu"

Vitória para de cantar e deixa apenas eu. Repetimos mais uma vez a música inteira e acabamos de cantar a música juntos, abro os olhos e vejo algumas lágrimas nos olhos de Jhon.

— Essa música... — disse dona Tânia. — David amava ela. — ela sorri abertamente olhando para seu filho.

— Jhon... — olho para ele.

— Ela ficou tão linda na sua voz. — ele diz baixo. — David iria amar te conhecer.

— Liz, lembra aquela vez que fomos cantar na festa da escola, e os meninos colocaram um sapo no violão? — disse Vitória rindo.


Fazia umas três horas que estávamos sentados no chão da sala contando histórias e cantando todas as músicas que poderíamos lembrar. Dona Tânia continua aqui conosco, era nossa última noite aqui, todos juntos, não sabíamos quando isso ia acontecer. Clarice, a nossa governanta, também se juntou a nós.

— Nossa, só fui perceber o sapo quando ele conseguiu sair pulando do violão. — gargalho.

Ouço o celular de Jhon tocar, ele se levanta e vai para perto da janela, conversa alguma coisa e logo volta para perto da gente.

— Tudo bem? — Julieta pergunta.

— Barra limpa, Ane é agora ou nunca. — ele me olhou.

É

Agora

Nossa

Fuga

— Vamos. Minhas coisas estão prontas. — suspiro e levanto do chão. — Vick leva o violão para o seu quarto e já desce com suas coisas, Juli pegue suas coisas também, Jhon me ajude com nossas coisas. E não façam barulho.

— Sim, senhora capitã. — disse Vick, batendo continência.

— Tonta. — solto uma risada baixa enquanto subo as escadas.

É agora que posso a sumir do mapa.

Um Militar em Minha VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora