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Ela...

- Tudo bem, vou esperar você se sentir pronta o suficiente para dizer o que ele fazia na faculdade. – Disse Jey parando em um semáforo.

Suspiro e continuo olhando pela janela, sinto sua mão em cima da minha mão que estava em cima da minha coxa. Entrelaço nossos dedos e olho para ele sorrindo.

- Eu deveria ter te contado, desculpa. – Meus olhos se enchem de água. Por algum motivo eu estava mais sensível do que nunca. – Ele veio me trazer os papeis do divórcio.

- Por que está chorando pequena? – Disse ele encostando o carro e logo desligando-o.

- Eu não sei... – sinto uma lagrima sair de meus olhos e escorrer pela bochecha. – Assinamos os papeis assim que eu cheguei, fui fazer a rematrícula e assim que sai da faculdade, ele ainda estava me esperando. – Olho para baixo. – Desculpa por não ter te falado, eu achei que você iria achar ruim ou algo do tipo.

Ouço ele suspirar, ele solta minha mão e volta a olhar para frente. Ergo os olhos e fico encarando-o, Jeremy não dizia uma palavra se quer, para um bom entendedor, aquele silencio dizia tudo. Pego minha bolsa e uma pasta com alguns documentos que foi necessário para a rematrícula, abro a porta do carro e saio dele.

- Aneliz. – Disse ele, Jeremy sai do carro e vem atrás de mim.

Sinto sua mão segurando meu braço e me puxando, paro de andar e olho ele.

- Na onde você vai? – Ele me olha.

- Quero pensar, quero...colocar umas coisas no lugar. – Digo puxando meu braço. – Por favor, solta meu braço.

- Mas por que isso? – Disse ele soltando meu braço. – Desculpa, te machucou?

- Só quero pensar, posso? – Olho nos olhos dele. – Volto antes de você sair de casa.

Ele não disse nada, apenas virou-se e voltou para o carro. Suspiro fundo e saio andando sem rumo pela calçada, pego meu celular e ligo para Vick.

"OLÁ MINHA ANIVERSÁRIANTE PREFERIDA!"

'Vick, na onde você está?"

"Pela sua voz aconteceu alguma coisa." Disse ela. "Lembra na onde estudamos? Então estou aqui na escola resolvendo uns assuntos."

"Você pode me encontrar na lanchonete que tem há umas duas quadras da escola?"

"Sim, claro que posso Ninha. Já estou indo."

Desligo o celular e coloco-o no bolsa da calça. Passo as mãos nas bochechas secando as lagrimas e vou direto para a tal lanchonete. Eu não consigo entender o que aconteceu comigo, um vazio me tomou, algo que não consigo explicar. Em um momento eu quero ter Jeremy ao meu lado, em outro momento eu quero Jhon ao meu lado, por um instante eu sinto que magoei Jeremy, outro instante eu sinto que sair daquele carro foi o melhor a se fazer.

Assim que chego na lanchonete, escolho uma mesa um pouco afastada e me sento, peço apenas um suco de laranja e espero por Vick. Assim que olho para o lado, em direção do balcão, eu vejo o casal de hoje cedo, a garota estava rindo de algo que o namorado disse, sorrio por causa do sorriso dela, e não me contento em apenas ver. Crio coragem e me levanto, vou até eles e assim que eles me percebem, param de rir.

- Desculpe incomodar, mas eu tinha que perguntar uma coisa para vocês. – Digo meio sem jeito por chegar já querendo perguntar.

- Tudo bem moça. – Disse o garoto sorrindo. – Por mim pode perguntar.

- Me chamo Aneliz, creio eu que todos tem uma história de amor. – Dou uma pausa e olho ele. – Não quero ser intrometida, mas eu queria saber a história do amor de vocês. – Pergunto sem jeito.

Eles se olham e sorriem abertamente, como se a história de amor deles fossem um lindo romance, e deve ser, como todas as histórias de amor que há.

- Ah moça, nossa história de amor é simples. – Disse o garoto.

- Simples? – Disse a garota rindo. – Me chamo Lia, e esse é Cleiton, estamos juntos há três anos e nossa história de amor não é nada simples.

- Eu vi vocês hoje cedo, no ponto de ônibus, e fiquei encantada com o amor estampado em seus olhos. – Digo ainda os olhando.

- Conheci Cleiton quando tinha quinze anos. – Lia começou a falar. - Ele era o melhor amigo do meu primo.

- Sempre quis ficar com Lia, mas o primo dela sempre armava alguma coisa para que isso não acontecesse. Até que conseguimos enganar o primo dela.

- Conseguimos ficar e foi maravilhoso. Sempre conseguíamos nos ver, depois daquele dia. – disse Lia. – Mas meu primo descobriu e contou para os meus pais.

- Os pais dela mandaram Lia para longe daqui. – Cleiton olha para Lia. – Foram quatro longos anos, até Liana voltar para o país.

- Mas nesses quatro anos, Cleiton e eu nunca nos separamos. – Lia abre um pequeno sorriso. – Foram cartas, e-mails, Skype, tudo o que você imaginar.

- Quando ela voltou, nós começamos a namorar e estamos até hoje. – Terminou Cleiton.

- Esse é o amor verdadeiro? Ele dura? Ele suporta tudo? Ele não se deixa abater na primeira barreira? – Digo olhando para eles.

- Sim. Nesses quatro anos foi difícil tanto para um quanto para o outro. Teve momentos em que pensei em desistir, as coisas não estavam dando certo, Lia e eu não parávamos de brigar, mal estava falando com ela. – Cleiton suspirou. – Mas eu lembrei do porquê quis namorar com ela, me lembrei do motivo de estarmos tentando manter um namoro a distância, naquela época.

- E então...- sorrio levemente. – Que bela história de amor, e realmente não é nada simples.

- Agora nos conte a sua história de amor. – Disse Cleiton.

- Não tenho uma história de amor. – Digo olhando para baixo.

- Não é o que parece. – Disse Lia. – Tem um homem lá fora te procurando, ele já veio até a janela e já olhou aqui para dentro umas duas, três vezes. E quando ele viu você, ele meio que abriu um pequeno sorriso.

Olho para trás e vejo Jeremy parado na janela me olhando, seus olhos estavam vermelhos, o que dizia que ele andou chorando. Suspiro fraco e chamo por ele.

- É seu namorado? – Disse Lia. – Ele parecia preocupado.

- Ele é meu... na verdade eu não sei o que somos. – Sorrio sem jeito.

- Até que enfim achei você. – Sinto ele me abraçar por trás, Jeremy me roda e me abraça fortemente. – Desculpa pelo jeito que fiquei, estava preocupado.

- Jey, tudo bem. – Olho para ele e seco suas lagrimas que ainda caiam. – Quero te apresentar para duas pessoas.

- Não faça mais isso que você fez. – Ele sussurra e beija minha testa.

- Liz, - Cleiton me chamou. – Não precisa mais contar a história do seu amor.

- Já estamos vendo a história em nossa frente. – Disse Lia abraçando Cleiton. – Vocês dois são a história viva do amor de vocês.

Sorrio fraco e Jeremy passa seu braço em volta da minha cintura e deposita um beijo em meu ombro.

- Jey, esses são Liana e Cleiton. – Digo. – E esse é Jeremy.

- Seu amor? – Disse Lia sorrindo.

- Meu amor. – Olho para Jeremy que sorri e deposita um selinho em meus lábios. 

Um Militar em Minha VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora