Ela...
— Ane, tudo bem? — disse ele me olhando. — Está sentindo algo? — eu estava sem reação alguma, Jhon acabou de dizer que perdi nosso filho.
Eu estava grávida, como não havia percebido isso antes, os vestidos apertados, meus seios um pouco maiores, a menstruação atrasada, acho que estava tão preocupada com o casamento que nem liguei uma coisa na outra.
— Sinto muito... desculpa por... — digo baixo enquanto fecho os olhos e jogo a cabeça para trás. — por perder nosso filho. — sinto meus olhos se enxerem de lágrimas.
— A culpa não foi sua, amor. — Ele sussurrou. — Ninguém tem culpa, além de Clara, e talvez nem ela.
Suspiro fundo tentando não chorar, mas foi em vão, lentamente as lágrimas escorreram pelos meus olhos, e em seguida já estava chorando feito criança.
Jhon se senta ao meu lado na cama, coloco minha cabeça em seu ombro e fecho os olhos, ele passa seu braço ao redor do meu corpo e me puxa para si. Ele acaricia meus cabelos enquanto chorávamos e assim, novamente, nos tornamos um... uma só dor.
Perder esse bebê foi pior coisa que poderia acontecer, me sento culpada por isso. Como eu não percebi as alterações no meu próprio corpo, meus seios, minha barriga, meus vestidos justos de um dia para o outro, praticamente.
Não sei exatamente o que pensar, não sei o que falar e nem sei se consigo falar. A única coisa que eu queria naquele momento eu já tinha, Jhonatan comigo. Estava pior ainda por ter a sensação de deixá-lo triste, Jhon não merecia perder o filho dessa maneira, devido a uma alergia a dedetização.
Ele...
Ela acabou dormindo, a pior coisa foi ter contado sobre o bebê e ver sua reação... uma das piores sensações é vê-la chorando e se sentindo culpada. Um ser tão pequeno que estava a caminho para trazer uma alegria tão grande, mas... não é esse sentimento que estou sentindo agora.
— Jhon? — escuto minha mãe entrando no quarto, me levanto com cuidado para não acordar Anelize e me aproximo de mamãe, logo abraçando-a. — Vai ficar tudo bem.
— Ane estava grávida, mãe. — Sussurro.
— Sinto muito querido. — ela me abraçou mais forte. — Precisa ser forte, meu amor. — ela dá uma pausa. — Ane vai precisar de você. Um precisará do outro.
— Você tem razão. — digo soltando-a.
— É melhor você ir falar com seu pai, seu sogro, os médicos não quiseram falar nada.
— Eu pedi que não falassem. — olho para ela. — Talvez tenha sido melhor assim.
— Eles estão preocupados. — ela passa a mão pelo meu rosto.
— Mas não quero deixá-la sozinha. — sussurro e olho em direção de Ane.
— Eu estou aqui com ela. — mamãe diz baixo.
— Obrigada, por tudo. — sorrio e beijo a testa de minha mãe.
— Ela também é importante para mim. — ela suspira e se aproxima de Ane. — É uma pena que ela tenha que passar pela dor de perder um filho.
Mamãe se senta na poltrona ao lado de Ane, que continuava dormindo.
— Nada se compara a dor de perder um filho. — mamãe diz baixo.
Suspiro fundo, mamãe sofreu muito quando meu irmão morreu. Ela passou meses isolada em seu quarto e chorando por ele, até que um belo dia ela resolveu viver por ele.
Saio do quarto de Ane, indo em direção da sala de espera. No caminho, tento achar palavras para contar o que aconteceu... conto primeiro que Ane estava grávida ou já falo que ela perdeu o bebê? Independente do jeito que contarei... a dor é a mesma.
Vejo meu pai e Julieta conversando sobre algo, Thomas, meu sogro e uma menina toda cacheada conversando, Rubbia estava afastada deles. Assim que me viram, todos se levantam e se aproximam.
— Como ela está? — disse Julieta.
— Ela está bem? — meu pai pergunta.
— Fala Jhonatan! — foi a vez do meu sogro falar, enquanto seu filho apenas me olhava. — Ela acordou?
— Eu só quero que você me explique como isso aconteceu! — escuto uma mulher dizer. — Me ligaram dizendo que Anelize quase morreu. E na onde estava o noivo dela? — era a mulher cacheada.
— Fui idiota e deixei a segurança de Ane nas mãos de Clara. — digo baixo. — Peço perdão por não protegê-los...
— Da próxima vez, e eu espero que não tenha uma próxima vez, cuide melhor deles! — ela exclama.
Todos me olharam, como se eu tivesse dito algo de errado. Mas não... era a mais pura verdade.
— Espera... eles? — Thomas pergunta.
— Ela estava grávida. — digo olhando a cacheada, vejo algumas lágrimas nos olhos dela.
— Perdão, eu não sabia... — a mulher me olha um pouco assustada enquanto algumas lágrimas caem de seus olhos.
— Nem ela sabia, na verdade. — suspiro fundo. — Ane está bem dentro do possível.
— Jhon, está é Vitória. — disse Thomas me olhando. — Prima e madrinha da Liz.
— Desculpa ter falado com você desse jeito. — ela dá uma pausa. — Liz é muito importante para mim, e receber a notícia de que ela estava no hospital há dois dias me deixou preocupada.
— Fale mais Jhon, como ela está com a notícia? — Juli pergunta.
— Ane não sabia da gravidez, foi uma grande notícia para ela. — suspiro. — Se sente culpada pelo que aconteceu, mas ela está bem, está fora de perigo. — digo olhando-os. — Talvez deixe o hospital hoje à noite.
— Poderíamos fazer uma recepção a ela. — disse meu pai. — Uma coisa mais simples, porém de coração.
— Mas o que seria? — perguntou meu sogro.
— Posso ajudar nisso. — disse Thomas.
— Podemos fazer um jantar... — Julieta começou a falar sua ideia.
Todos estavam querendo fazer Ane se sentir bem, até mesmo minha irmã. Fico feliz por saber que todos estavam unidos pela Ane.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um Militar em Minha Vida
Roman pour AdolescentsAneliz é uma moça que está sendo forçada a se casar por puro interesse de seu pai. Jhonatan é um jovem militar, afastado de suas atividades, forçado a deixar sua vida de solteiro para se casar com a moça que seu pai escolheu. Em quatro meses o amo...