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Ela...

Era quase dez e meia da noite, e Jeremy ainda não havia chegado para me buscar. Minhas amigas da faculdade já haviam ido embora, as pessoas ainda saiam da faculdade e iam para seus destinos, alguns ônibus esperavam os estudantes enquanto outros ônibus iam embora. Olho novamente para a tela do celular e digito o número de Jeremy, espero até que ele atenda, o que demora uns dois minutos.

"Na onde você está?" – Digo olhando para a rua.

"Na sala, desce aqui para ver um filme comigo" – Jeremy disse na maior tranquilidade.

"JEREMY EU ESTOU NA FACULDADE!!" – Grito no telefone, algumas pessoas que estavam ao redor ficaram me olhando. - "Você esqueceu de mim!"

"Ai meu Deus! Já estou indo!" – Disse ele desligando o celular.

Reviro os olhos e bloqueio o celular, encosto no murro da faculdade e cruzo os braços, o movimento estava quase cessando. Os ônibus já haviam ido embora, as pessoas já sumiram, até os bares que tinham em frente a faculdade já fecharam, as únicas pessoas que estavam ali eram, umas garotas de programa e eu.

Logo um carro para um pouco próximo de mim, reconheço aquele carro de algum lugar, a porta se abre e uma garota de programa desce, ajeita o pedaço de pano que estava tentando cobrir a bunda e vira-se para o motorista. Me aproximo lentamente sem que eles me percebam até que consigo ouvir a voz do motorista.

Suspiro fundo tentando não perder a cabeça, fico parada perto da porta que estava aberta e olho para ele, eles percebem minha presença e param de conversar. Ele me encara como se estivesse pedindo desculpas, mas logo passa a olhar para baixo, a garota se despede dele tentando dar um beijo na boca, mas ele não permite. Ela sai de perto e ele continua a não olhar para mim.

- Para mim chega. – Digo olhando para a rua, vejo o carro de Jeremy chegando logo atrás.

- Ane, espera. – Ele desce rapidamente do carro enquanto vou em direção do carro de Jey, que também desce depois de ver quem era.

- Esperar para que? – Viro-me para ele.

- Deixa eu explicar. – Ele me olha nos olhos.

Jeremy se encosta no carro e fica nos olhando.

- Explicar o que?

- Explicar o que você acabou de ver. – disse Jhonatan.

- Não sou cega, não precisa me dizer que estava com uma garota de programa. – Tento segurar algumas lagrimas, Jeremy desencosta do carro e se aproxima mais um pouco.

- Não é isso, deixa eu... – interrompo ele.

- Não quero nada de você! Na verdade, a única coisa que eu quero vindo de você é o divórcio. – Digo olhando-o em seus olhos.

- Você...você não está falando sério. Está? – Disse ele, fico em silencio. Não tinha mais nada a dizer. – Aneliz, amor, por favor... deixa eu explicar.

Tiro a aliança que ainda estava em meu dedo, me aproximo dele, pego em sua mão e coloco a aliança na palma dela.

- Me esqueça... – dou meia volta e vou até Jeremy.

- Foi você que armou tudo isso! – Gritou Jhonatan.

- Eu? Eu estava na minha casa, nem sabia que você estava aqui, como que eu armei tudo isso? – Perguntou Jeremy.

- Por favor, não comecem vocês dois. – Digo entrando no carro de Jeremy, que também dá meia volta e entra no carro.

Em menos de meia hora já estávamos parando em frente de casa, Jey desliga o carro e ficamos ali, quietos, sem nem se mover.

- Você teve alguma coisa a ver com isso? – Sussurro.

- Não acredita em mim? – Ele respondeu.

- Apenas responda minha pergunta. – Sussurro novamente.

- Não, não tenho nada a ver com isso. E eu quero que você acredite nisso. – Ele me olha, Jeremy pega minha mão. – Olha para mim.

Suspiro e viro meu rosto para ele.

- Eu realmente sinto muito. – Ele sussurrou, entrelaço nossos dedos enquanto ele fazia o carinho de dedo.

- Acredito em você. – Sorrio fraco e beijo sua bochecha.

Pego minhas coisas e saio do carro indo para a porta da casa, entro na casa e deixo minhas coisas no sofá, tiro o tênis e vou até a cozinha.

- Liz, amore, não deixe suas coisas jogadas. – Disse Jeremy assim que entrou na sala.

- Desculpa, depois pego. – Digo pegando o pote de sorvete e sentado no balcão do armário, pego uma colher e começo a comer.

- Okay, mas não se esqueça. – Ele para na porta da cozinha.

Olho para o sorvete e deixo uma lagrima escorrer, pego um pouco do sorvete e levo até a boca, Jey se aproxima e para na minha frente.

- Quer que eu ligue para Vick? – Nego com a cabeça. – Não quer ninguém para te consolar?

- Já tenho você. – Digo baixo. – Quer sorvete? – Olho para ele ainda com os olhos cheios de lagrimas.

- Você não está bem. – Ele se aproxima e me abraça. – Vamos para o quarto.

Ele me pega no colo como se eu fosse uma criança, seguro o sorvete com uma mão e a outra coloco em torno do pescoço dele, Jey subiu as escadas e me levou para o quarto dele, me colocou na cama com cuidado e saiu do quarto. Tiro os tênis e me ajeito no meio dos travesseiros e almofadas que havia em cima da cama. Jeremy volta para o quarto com alguns filmes e o cardápio de uma pizzaria que tinha perto de casa.

- Sério mesmo que vai fazer isso? - Digo baixo.

- Não gosto de te ver triste, e sei que quando está assim, você gosta de ver filmes idiotas e comer pizza. – Disse ele se sentando na cama.

- Não são filmes idiotas. – Reviro os olhos enquanto coloco mais sorvete na boca.

- São sim. – Disse ele olhando para o cardápio. – Duas?

- Uma pizza doce e uma salgada. – Respondo olhando para o pote de sorvete. – Dá para pedir mais sorvete também? – Ele me olha.

- Claro que dá pequena. – Ele sorriu fraco. – Chocolate?

- Napolitano. – Respondo.

Era umas três da madrugada, já havíamos comido a pizza salgada e estávamos quase acabando o pote de sorvete. Jeremy viu uns dois filmes comigo antes de pegar no sono, ainda estávamos no quarto dele. Assim que o terceiro acabou, levantei da cama e desliguei a televisão do quarto, percebo ele se mexer na cama, viro-me e ele sorriu.

- Te acordei? – Ele nega com a cabeça.

- Deita aqui comigo. – Ele disse. – Só hoje.

- Vou arrumar essa bagunça. – Digo pegando os pedaços de pizza que sobraram.

- Por favor... – ele me olha.

- Já volto. – Levo as coisas para a cozinha, coloco tudo na geladeira e as caixas vazias em cima da pia.

Vou para o meu quarto, escovo os dentes e visto um shortinho de moletom, coloco meu celular para carregar e volto para o quarto de Jeremy. Eu não deveria, depois de tudo o que Jeremy me fez, eu deveria sair correndo dele na primeira chance que aparecer, mas algo me diz que ele realmente mudou. Mamãe sempre me ensinou a dar uma segunda chance, me ensinou que pessoas estão em constante mudança e que o Jeremy de hoje é totalmente diferente do Jeremy de nove anos atras.

- Ainda tem espaço para mim? – Digo sorrindo.

- Sempre terá espaço para você. – Ele sorriu abertamente.

Vou até a cama, me deito e desligo o abajur, Jeremy faz o mesmo. Ele me puxou para perto dele, coloco minha cabeça em seu peito enquanto sua mão fica em minha cintura, fecho os olhos enquanto sinto ele mexer em meus cabelos e aos poucos vou adormecendo.


Um Militar em Minha VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora