Pequenos e frágeis. Era o que eu via através da parede vidro. Vários bebês nas incubadoras, mas apenas dois daqueles eram espaciais para mim.
O João mexia as mãozinhas e a Maria estava quietinha, como se estivesse dormindo. Estreitei meu olhar para ver melhor eles, ambos são branquinhos. A Maria quase sem cabelo, apenas uns pequenos fios meio loiros, já o João tem bastante cabelos e bem pretinhos.
-Linda vamos voltar para quarto, o Carlos me ligou falando que vai trazer o Oli aqui. Ele falou que o menino não parava de chorar te chamando.- apenas assenti com a cabeça ainda olhando para os pequenos e me virei voltando para o quarto, vou ter ficar aqui por três dias, ou seja, amanhã eu já saio.
Mal cheguei no corredor do meu quarto e já escutava os gritos escandalosos do Oliver.
-Hoje ele tá animado.- a Lara gastou da minha cara e eu revirei os olhos.
Assim que entrei no quarto o Tizio tentava segurar o Oliver enquanto o mesmo se jogava pra trás e pra frente.
-Aê na moral, parece que um demônio entrou nesse menino.- só escutei o som do tapa que a Lara deu na nuca do Carlos e o Oliver começou a rir entre o choro e estender os bracinhos pra mim.
Assim que fui na direção para pegar ele a Lara entrou no meio.
-Tu não pode pegar peso não fiota. Senta na cama e eu te dou ele.
Me sentei na cama e peguei meu pequeno no colo, vou mentir não doeu quando ele se sentou na minha barriga. Mas logo a Lara tirou ele de lá, colocando do meu lado.
-Shiu! Não precisa mais chorar meu amor, a mamãe tá aqui.- falei secando as lágrimas dele e ele me abraçou com os bracinhos curtos, colocando a cabeça no meu peito.
Ele ficou assim por longos momentos até que dormiu e pedi ajuda a Lara pra tirar ele de cima de mim.
-O filho da puta do Carlos falou ao Demo que você estava aqui e ele está vindo pra cá, já vai aproveitar até pra fazer o teste de DNA.- ela falou irritada e engoli seco suspirando forte.
Foi questões de segundos para a porta se abrir e o Demo aparecer detrás dela. Ele revistou o quarto com os olhos e pareceu aliviado quando seus olhos encontraram os meus.
Depois disso ele simplesmente veio até mim e me abraçou apertado demais, me fazendo gemer de dor.
-Desculpa.- sussurrou no meu ouvido e os pelos da minha nunca se levantaram.
Logo depois ele me soltou e ficou ereto, a Lara olhava pra ele como se quisesse matar o mesmo e ele a encarou sem nenhum pingo de medo em seus olhos. Isso vai da merda.
-Lara você podia pegar um pouco de água pra mim?- ela demorou um pouco até desviar os olhos do Demo e olhou pra mim.
-Não vou te deixar sozinha com ele!
-Tudo bem, Lara, ele não vai fazer nada comigo.- ela me encarou por longos instantes até simplesmente se virar e sair do quarto.
Voltei meu olhar pra ele.
-O que você está fazendo aqui? Por que não ficou no baile?- vi a mandíbula dele se apertar e a raiva chegar até seus olhos.
-Não vem encher minha mente com essas merdas não! Eu só quero saber se meu filho tá bem.
Só ele?
A pergunta veio na minha mente, mas deixei ela só lá mesmo.
-Se dependesse de você, não.- Ele caminhou na minha direção e a mão dele ficou a poucos centímetros no meu rosto, parando apenas porque o Oliver abriu os olhinhos e na hora ele recuou a mão.
Olhei pra ele com nojo.
-POR QUE CARALHO TU IA ME BATER? Por que eu disse a verdade porra? Eu te falei caralho que eu não estava bem, mas tu ligou o foda-se pra mim e pro teu filho não foi? Agora te vira pra saber dele e por favor sai da porra desse quarto e me deixa sozinha!
As lágrimas ardiam nos meus olhos e o nariz seguia o mesmo rumo, não iria demorar muito para as lágrimas descerem pelas minha bochechas.
Ele ficou me encarando com a mesma raiva ainda evidente em seus olhos e depois saiu do quarto batendo a porta com força.
Se eu já estava decidida de sair daqui, agora só tenho mais certeza que isso é o certo.
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De Patricinha a Patroa - RETIRADA
Ficção Adolescente+18 Melinda uma garota que de tudo que queria tinha, considerada filhinha de papai. Uma garota frágil, doce e humilde. Melinda mesmo tendo na mão tudo o que queria era uma garota humilde, educada pelos pais a sempre ajudar as pessoas necessitadas. U...