FUCK ME, TEACHER || NIAN

O que você quer?

                               (Nina POV)

Sexta-feira 13:37 PM.

Desde a minha conversa mais do que necessária com Candice, – há quatro dias atrás – aquela na qual onde eu desabafei de coração e expus os motivos que estavam me desgastando e me perturbando há um bom tempo, parece que eu enfim posso respirar ar puro novamente. 

Aquela conversa na qual minha amiga me deu sua opinião sincera sobre tudo e me fez abrir os olhos para coisas que eu estava forçando-me à não enxergar, foi esclarecedora. Problemas inevitáveis e desgaste psicológico que eu estava tentando empurrar para debaixo do tapete, acreditando que era o melhor, quando na verdade, isso tudo só estava me fazendo mal. Tudo isso, toda essa conversa, toda essa situação me fez refletir bastante sobre meu futuro, minhas escolhas e minhas ambições, e não só relacionado à área trabalhista na qual eu pretendo me formar futuramente, mas também sobre meus sentimentos em relação à Ian, sobre o rumo que minha vida tomará logo após eu terminar o ensino médio, sobre meu futuro na lanchonete, sobre basicamente tudo que faz parte da minha vida no momento. Simplesmente todas as incertezas e pontos à serem concluídos, todos os pontos sem nó.

Ainda assim, nem tudo são flores, pois, por mais que eu tenha refletido bastante sobre o que vêm acontecendo em minha vida nos últimos tempos, ainda assim as coisas permanecem um pouco complicadas quando se trata de faculdade. Afinal, por mais que o que estava traçado pra mim – segundo o que meus pais haviam decidido, durante toda a minha vida – fosse algo que eu não quisesse pra mim, querendo ou não, ainda assim era uma possibilidade coerente, – mesmo que não pra mim – e não algo inexistente, como é agora. 

E bom, mesmo com toda essa mudança que eu aderi pra mim e pra minha 'nova' vida – mudança na qual eu me encontro fazendo parte neste exato momento – com todas as complicações que fazem parte dela e me deixam em dúvida, eu devo admitir que a visão que tenho sobre meu futuro ainda incerto estão mais claras do que estavam quatro dias atrás. Mesmo que eu não saiba com convicção onde todas as minhas novas decisões irão me levar, me sinto livre pra pensar, seguir meus sonhos e tomar minhas próprias decisões. E isso sem a influência das pessoas em qualquer passo que eu dê. E isso, para que eu amadureça cada dia mais e me torne cada vez mais independente psicologicamente. Tudo isso sem a culpa de não percorrer o caminho que meus pais queriam que eu seguisse. 

— E você Nina, vai almoçar com a gente? — Ouço a voz de Paul me chamando, fazendo-me sair dos meus devaneios de maneira imediata. Percebo que sou a única à ponto de atravessar a rua. Os meus amigos estão parados frente à um restaurante, há alguns metros atrás de mim. Pisco os olhos em surpresa e caminho rapidamente até eles — E então? — Ele insiste e eu o encaro perdida, confusa.

— E então...? — Pergunto, envergonhada por não ter prestado atenção no meu amigo, e ele revira os olhos.

— Ô puta que pariu — Paul exclama, batendo a mão levemente na testa e dando um peteleco na minha em seguida. Logo recebendo um olhar nada agradável da minha parte — Eu perguntei se você vai almoçar com a gente, mas pela sua pressa, eu já imagino qual seja a resposta — Ele dá à entender, recebendo um sorriso meu como resposta.

— Ah sim...Pois é, eu preciso ir andando...Hoje realmente não vai dar, me desculpem. Tenho que ir trabalhar mais cedo hoje, Michael me pediu pra chegar lá daqui há mais ou menos vinte minutos, vou ter que fazer essa hora extra. E como ele vai me pagar um bom dinheiro em troca, eu não pestanejei em aceitar — Digo, explicando tudo de maneira muito rápida e eufórica, apressada.

— E você vai ficar sem comer? — Kat pergunta, preocupada. Sorrio em reconforto e então balanço a cabeça em negação. 

— Não, eu faço algo para comer quando chegar lá — Digo, encarando meu relógio.