Você o ama?

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                          (Nina POV)

Não irei mentir e dizer que depois da minha conversa com Ian no quartinho de limpeza, eu consegui simplesmente ir para o laboratório e conseguir prestar atenção na aula, pois não foi o que aconteceu, não foi tão simples assim. Eu fiquei aérea durante os cinquenta minutos de aula, que pra mim, se passaram em um simples piscar de olhos. Não prestei atenção em uma mísera palavra saída da boca da professora de química, não, a única coisa que eu sabia fazer era pensar nos lábios de Ian, nas aulas que teríamos e na forma com que teria que agir diante dele. Até porque, não é como se nunca tivéssemos nos beijado, não é como se eu não gostasse dele. Portanto, essas aulas não serão tão simples pra mim, – mesmo que elas possuam o propósito de me ajudar, no fim, elas complicam a forma com que terei que me portar diante de Ian – não será nada simples ficar ao lado dele e tentar controlar meus sentimentos. Ian sabe que eu o desejo, mas ele sabe que sou apaixonada por ele? Não, ele não sabe. E isso só torna minha situação ainda mais difícil, tanto por estamos sozinhos em uma biblioteca à noite, – até porque, não será como em sala de aula, não mesmo, não terá ninguém além de nós dois – tanto por eu gostar dele e me sentir atraída pelo seu eu completo. Eu quero sua ajuda, preciso dela, mas também quero ele, meu coração anseia por ele, meu corpo anseia por ele, eu preciso dele.

Às vezes me sinto uma idiota apaixonada quando paro pra analisar meus pensamentos. Sinto-me ainda mais idiota do que quando estava com meu ex namorado, pois percebo e sou obrigada à admitir que o que eu sinto por Ian não se compara ao que eu sentia por Nathaniel. O que eu sinto por Ian é ainda mais intenso, mais forte e mais conturbado. Nathaniel e eu éramos como aqueles filmes onde a paixão do casal dura um único verão. Onde o amor adolescente parece dominar ambos os personagens principais, mas no final, eles não ficam juntos, apenas seguem suas vidas, cada um pro seu lado. Ainda assim, serei hipócrita em dizer que não gostava Nathaniel, eu gostava dele com todo o meu coração, e não é por conta de sua traição que irei negar isso. Eu gostava dele verdadeiramente e intensamente, mas agora ele é passado, ele foi uma parte de mim, uma parte importante do meu passado, da antiga Nina. Mas agora, a única coisa que me importa é o meu presente, onde Ian faz parte. O presente onde eu gosto dele e já não me sinto envergonhada de admitir isso.

Céus! Como tudo isso foi acontecer? Em que momento tudo fugiu do controle das minhas mãos? Em que momento perdi as rédeas do meu coração? Que inferno! Essa situação toda...É tudo tão complicado, parece que nunca nada pode ser simples em nossas vidas, algo sempre têm de nos deixar inseguros de alguma forma. Seja em questão de aparência, de rótulos sociais. Ou como agora, no meu caso, em um romance que para a sociedade, é um absurdo, algo errado e obsceno. Antiético para assim dizer.

Às vezes penso que é uma puta sacanagem não podermos ter o direito de escolha quando percebemos os riscos que corremos ao começarmos à gostar de alguém. Poxa! O que custava o ser humano vir com um botão que nos desse a incrível opção de escolha? Poderíamos apertar esse botão e então nos recusarmos à gostar de alguém. Seria prático e muita gente não sofreria por amores não correspondidos, amores proibidos e amores tóxicos.

Solto um suspiro frustrado e continuo à encarar as linhas em branco da minha folha de caderno.

— Dificuldade com o exercício? — Candice pergunta, fazendo-me erguer o olhar para a mesma.

— Dificuldade com a vida — Respondo, melancólica.

— Entendo — Ela murmura e então suspira, antes de se ajeitar na cadeira e se atentar à mim — Ian? — A loira pergunta em um sussurro insinuado e eu faço que “sim” com a cabeça.

— Já não é mais uma surpresa pra você, não é mesmo? — Pergunto, mordendo meu lábio inferior em descontentamento — É tão óbvio assim, o quanto ele mexe comigo? Que maravilha, não é mesmo! — Ironizo, soltando uma risada nasalada e amarga. Guardo o meu estojo dentro da mochila com raiva e permaneço encarando minhas mãos durante alguns segundos. Perdendo-me em pensamentos antes de Candice me tirar deles.

FUCK ME, TEACHER || NIANOnde histórias criam vida. Descubra agora