the letter

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Hannah

Quando Millie foi embora fiquei um tempo sentada na minha cama pensando na nossa conversa, Millie vive falando de Caleb e Sadie como os dois ficam de palhaçada todo tempo ao invés de namorarem logo, mas no mínimo eles sabem dos sentimentos um do outro e não ficam negando o que sentem diferente de outras pessoas que eu prefiro não mencionar o nome para não me perseguirem. 

Não só nessa parte que eu estava pensando, quero dizer, Millie e Finn seriam uma casal muito bem, mas ficam evitando um ao outro. Na verdade, ela fica evitando ele todo tempo e ele parece que adora ficar com ela.

Eu também estava pensando no que Millie disse sobre mim, sobre aquele sentimento sobre Noah que eu tenho sentido. Eu não sei se ele sente mesmo, temos uns 4 meses de namoro e não sei se isso vai para frente. Mas quando penso em Noah, tudo que eu penso é em um futuro, não sei se eu deveria pensar nisso. Mas eu faço planos para os nossos anos de faculdade, sobre como vai ser estudar no MIT com Noah, sobre quando estivermos tão apaixonados que iremos mostrar para o mundo isso. O engraçado é que eu só fico pensando que se eu voltasse para alguns meses atrás e contasse para mim mesma que hoje eu estaria sentindo o que eu estou sentindo por Noah eu tenho certeza que eu faria a cara mais estranha do mundo para mim mesma e não ia acreditar nenhum pouco no que eu digo.

Não tem um dia em que eu e Noah não estamos juntos, ele me faz rir, me faz feliz, me deixa com vergonha muitas vezes já que é tudo que ele sabe faz na maioria do tempo, me faz fazer coisas que eu nunca fiz e nada dessas coisas me machuca, apenas me deixa muito mais feliz ao saber que eu tenho alguém me leva em loucuras que são saudáveis fisicamente e mentalmente para mim. Ai o sorriso dele, aquele que ele dá quando vê que eu estou morrendo de vergonha e começo a fingir que ele não existe é de matar qualquer um.

Lembro das vezes que estávamos no shopping e compartilhei com ele um de meus air pods e chegou movies like Jagger e ele começou a dançar no meio do shopping, eu passei do lado dele fingindo que nem conhecia aquele estranho. Todo mundo estava olhando para ele e eu apenas saí na frente o deixando de lado. Ele veio correndo atrás de mim e me puxou pelo braço para dançar no meio do shopping e eu nunca estive tão vermelha, eu parecia Millie.

Ouvi duas batidas na minha porta e estranhei, quem agora estaria aqui para falar comigo sobre sentimento que não entende? Ou que esconde eles?

- Entra! - Gritei e me sentei vendo meu feed do instagram. Meu pai entrou no meu quarto e ele ainda estava com roupa social o que significava que ele tinha acabado de voltar do trabalho, em um sábado. 

- Está ocupada?

- Não - Disse rindo, eu tinha 15 anos. Por qual motivo eu ficaria ocupada?

- Posso falar com você? - Ele perguntou e eu assenti deixando meu celular em cima da cama e me focando no meu pai que sentou na minha cama de frente para mim, eu estava com perninhas de índios. Ele tentava se concentrar, na verdade, ele estava pensando demais - Bom... - Ele se focou na parede atrás de mim e me virei para ver o que tinha de errado, eu costumava colocar fotos na minha parede onde minha cama ficava. Tinha uma minha de quando eu tinha 4 anos, outras de quando eu tinha 10, uma minha e Finn sentados em um piano de costas - tinha uma dessas no quarto dele também - e uma minha com Noah no meu ateliê.

- O que foi?

- Nada, é só que você cresceu tão rápido - Meu pai disse e eu estranhei, eu ainda tinha 15 anos. 3 anos para estar na faculdade, por que ele está tão abalado assim.

- Pai?

- Sabe, sua mãe me convenceu a vir aqui e no começo eu não queria muito não admito. Você é a única menina que eu tenho, a mais nova, a que mais me deu trabalho no quesito saúde, a minha pequena... E quando eu volto atrás eu me arrependo de tanta coisa, de ter deixado sozinha com sua vó e sua babá. E as vezes eu fico pensando, que talvez eu não merecia você, talvez eu apenas não poderia curar você, todo mundo me disse que eu não te machuquei, mas eu sinto que te transformei e talvez eu não entenda.

- Nada foi culpa sua, é uma doença. O que eu posso fazer? - Perguntei segurando a mão de meu pai que não chorava, ele tinha um sorriso bem honesto em seu rosto.

- Eu devia estar aqui para você Hannah.

- Você estava ocupado fazendo com que seu maior sonho se realizasse, e eu entendo agora. Poxa, eu sou tão grata de ter um pai como você, por tudo. Pelas vezes que me liga do outro lado do mundo só para ver como eu estou, pelas vezes que fez o que eu queria e que comprou os tênis que você disse que achava feios só para me fazer feliz, as coisas da escola. Nada foi culpa sua.

- Podia ter sido.

- Mas não foi, tudo para que eu pudesse ter um futuro. Eu e meus irmãos. Mesma coisa que a minha mãe fez, todo esse sacrifício vai valer um dia, já tá valendo agora.

- Agora? Você tá crescendo Hannah, você namora agora. Por um tempo eu não fui feliz, casado com a mulher errada, tratando Nick da forma errada e ele era tão novo. Eu fui tão mais rígido com ele porque eu não era feliz, e hoje eu sou muito mais feliz, mas tudo tem um preço e preço foi quase perder você, e nossa eu sinto que tudo isso está voltando. Eu sinto falta dos filmes na sexta, de ver the voice todo sábado e ouvir Finn falando sobre os vocais dos competidores e você explicando o que a física tem haver com isso. Eu sinto que vim me afastando de você, eu sinto falta de muita coisa. Eu sei que você tá crescendo, mudando, ficando mais velha e se eu for bem sincero é isso que mais me assusta, eu não quero que as coisas mudem, então eu acho que é por isso que eu estou aqui, para voltar no tempo e mudar as coisas, mas eu sei que isso é impossível é como a vida é, está sempre mudando quer você goste ou não. E sim as vezes dói, as vezes é triste e as vezes é surpreendentemente incrível. Então quer saber de uma coisa continue crescendo, não faça com que eu te pare, continue crescendo, errando e aprenda com eles. E quando a vida te machucar, porque ela vai. Lembre se dar dor, ela é boa. Significa que você está fora da caverna.

Ficamos nos encarando por muito tempo e eu nem sabia o que falar, estava em choque que meu pai tinha vindo até meu quarto me falar sobre sentimentos, os sentimentos dele. E era tudo tão profundo e tão lindo e tão sincero. Apenas o abracei, ele acariciou minhas costas enquanto eu o abraçava. 

- Eu vou sempre ser a sua garotinha.

Sempre disse para o meu pai desde que eu me lembro que eu nunca ia ser garotinha dele, a preciosa garotinha dele. Eu sempre seria uma garota que não precisa de homem algum, mas eu preciso do meu pai.




Our love - FillieOnde histórias criam vida. Descubra agora