Capítulo 41

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POR HOLLAND
Ela estava no quintal de casa, tendo um ataque de riso - como que eu não consigo mais tocar isso? - dizia - pera que agora vai - afirmou tentando mais uma vez - essa música é uma das minhas favoritas, então mesmo que eu esteja péssima, me incentive - pediu

- Tudo bem, mas eu posso gravar? - fiz uma cara de pidão

- claro que não, Tom. Eu sei que na primeira oportunidade que tiver, você vai usar isso contra mim, então não! - argumentou

- que espécie de namorado você acha que eu sou?- rebati usando meus talentos de interpretação

- ei, eu tô brincando, tá ? - ela parecia ter levado a sério minha interpretação e eu mantive minha pose de ofendido, mas não demorou muito pra eu começar a rir - Você é terrível, Holland! - mostrou a língua em reprovação - agora é sério...- ela respirou fundo e começou a tocar

"If I open the door to my homeless heart
Would you stay for a night?
Or maybe 10, 000 more in a row
Or the rest of your life?
If I plant you a field of every flower I know
Would you help them to grow?
Would you be like the sunshine after
The rain or the bitter cold?
Oh, baby, say you'll stay
Cause I ain't got anymore love left to waste
If you stay, maybe you could be
The one that never got away"

Melissa parecia imersa no momento, tinha uma paixão que eu nunca tinha percebido até então, a mesma paixão que eu tinha em atuar, ela tinha com a música. Era lindo de ver.
Sem que ela percebesse, peguei o celular e comecei a gravar, eu tinha que ter esse momento pra recordar quando não estivesse com ela.

"Would you open your world like a window to me?
I've been missing the view
I've been careless before
So be careful with me
I've got too much to lose
Oh, baby, say you'll stay
Cause I ain't got anymore love left to waste
If you stay, maybe you could be
The one that never got away"

Ao perceber que eu a gravava, minha garota ficou envergonhada, mas eu a incentivei a continuar, ela sorriu acanhada e continuou

"I need your love like the desert needs water
Thunder and lightning and white hurricanes
Say you'll stay cause I ain't got
Anymore love left to waste
If you stay, maybe you could be
The one that never got away"

Ela dizia cada palavra olhando em meus olhos, como se tudo fosse direcionado a mim.
[...]

- Temos pessoal! Muito obrigado a todo a equipe e elenco. Parabéns. Foi genial! - dizia o diretor enquanto eu era puxado de volta a realidade. Todos os dias que estive aqui gravando, eu lembrava dela, mas muito mais hoje, não sei dizer o porquê.
Mais um trabalho finalizado, isso me aliviava porque significava que eu poderia voltar pra casa e ficar ao lado de Melissa, pelo menos até a press tour começar.
Já faziam 5 meses que ela estava em coma. 5 meses que eu tentava seguir em frente, mas parecia impossível, porque havia um buraco em meu peito que por mais que eu tentasse, não fechava de jeito nenhum, era ela se fazendo presente todos os dias em minha mente.
Quando chegamos aos 2 meses e meio, eu tive que tomar a decisão mais difícil até então, eu já não podia adiar nada, se eu fizesse isso de novo, perderia todos os contratos. É óbvio que meu primeiro impulso foi desistir, tanto que vários veículos da imprensa noticiaram isso, mas depois de conversar com meus pais, Louise e Sam, decidi que tentaria seguir. Eles me encorajaram e disseram que estariam cuidando dela, e que eu não podia mais parar minha vida (eles não usaram exatamente essas palavras, mas no final era isso), mamãe ainda reiterou que Melissa não ia gostar de me ver naquele estado, que eu precisava seguir, por mais que doesse, afinal a vida era assim... eu tinha que ser forte por toda história que tínhamos e em respeito a isso, eu deveria seguir ... por ela.

A decisão final veio depois da minha conversa com o doutor Hall, que disse com todas as letras que depois das primeiras 6 semanas a probabilidade dela acordar estava diminuindo gradativamente, e que aquela altura Melissa estava entrando em estado vegetativo
- Thomas, sei que é difícil ouvir isso, mas há essa altura só um milagre pra fazê-la acordar. - afirmou
Aquelas palavras vieram como um soco no estômago, apesar de intimamente já saber disso, ouvir isso do médico era a constatação do que eu mais temia, era a materialização do meu maior medo. Melissa havia me deixado.
Com muito pesar, embarquei rumo a Alemanha pra rodar o novo projeto (só deus sabe como tive forcas pra subir naquele avião), mas pedi a Sam que não a deixasse só, que continuasse tentando estimula-la de alguma forma, então deixei os livros favoritos dela com ele e listei as músicas que ela mais gostava. Meu irmão me acalmou e disse que faria tudo como se fosse eu.
Todos os dias eu ligava pra saber notícias, pra conversar com ela e contar meu dia, na maioria das vezes quem estava lá era Sam, já que Louise teve que voltar pro Brasil até conseguir resolver a questão com o emprego dela, então passávamos pelo menos 1 hora juntos. Confesso que era triste, afinal ela não esboçava qualquer reação e ter de encarar aquele facetime me doía, porque eu não estava com ela de verdade, Melissa estaria funcionando multiplamente, rindo ao mesmo tempo que estaria resolvendo alguma coisa importante do estágio ou pensando em escrever algo pra faculdade, ela sempre foi assim, ansiosa e urgente pela vida que queria construir. E naquela cama de hospital estava apenas um esboço da mulher incrível que ela é ou foi, nem sei mais, fato era que minha Melissa estava muito longe, estava de mim.
[...]
Eu estava indo em direção ao camarim quando vejo um Harry literalmente correndo na minha direção, ele parecia afoito. Parou bem na minha frente arfando. - Tom...- ele parecia ter corrido uma maratona, porque não conseguia nem formular uma frase inteira - o que foi, Harry? - questionei preocupado - eu preciso... te... contar...- meu celular começou a tocar - espera. - disse ao atender o telefone - Tom, aconteceu. - dizia Samuel do outro lado da linha, uma corrente de elétrica passou por meu corpo. Aconteceu. Tinha até medo de perguntar o que ele queria dizer com isso - irmão, a Melissa ... - o pânico se instaurou e eu fiquei sem reação, até que veio o alívio - ela acordou. Ela finalmente acordou. - enfatizou. Ao ouvir isso o desespero deu lugar a uma alegria que tomou conta de mim. Meus olhos se encheram d'água. Minha garota voltou, voltou pra mim.

Destinos Cruzados 🕸 TOM HOLLANDOnde histórias criam vida. Descubra agora