Capítulo 38

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POR HOLLAND

- Na boa - ela deu uma pausa - não vou discutir isso com você por telefone e ...- ela não pôde terminar a frase, escutei um estrondo enorme e a ligação caiu. Meu coração disparou e algo me prendeu ao chão, como se um caminhão tivesse passado por cima de mim. - MELISSA! - aquele "tum tum tum" da linha só podia ser coisa da minha cabeça conturbada.

Haz apareceu na sala de repente, estranhando meu comportamento - Fizemos alguma aposta pra você virar um poste no meio da sala? - comentou brincando, mas ao perceber meu estado catatônico, o sorriso que ele tinha se fechou - ei, cara. O que aconteceu? - perguntou sério

- eu estava falando com ela e a ligação caiu, do nada ... eu ouvi um barulho muito forte ...- Haz parecia entender o que eu queria dizer, pegou o próprio celular e tentou ligar, pôs no viva voz "no momento não posso atender, deixe seu recado que retorno em breve". Meu amigo tentou uma, duas, três, dez vezes e nada. Eu não conseguia pensar em nada a não ser no barulho que escutei antes da ligação cair e que ela estava desorientada e dirigindo, era isso que mais me preocupava naquele instante, eu sabia que aquele barulho não era normal. Tinha hipóteses, mas não podia ser.

- calma Tom, talvez ela tenha ficado sem bateria, acontece - Haz concluiu, mas pelo olhar aflito, eu sabia que nem ele mesmo estava acreditando naquilo.

Não sei quanto tempo tinha se passado enquanto eu estava ali na sala desorientado, quando Harry apareceu com um semblante carregado de angústia. Ele me encarou por uns instantes, como se buscasse as palavras pra dizer o que queria, eu o conhecia bem de mais pra que meu irmão conseguisse esconder algo. Harry se aproximou de mim - Tom, houve um acidente na Bedford Square há poucos minutos e ... - ele puxou o ar mais do que necessário e minha cabeça começou a passar um monte de memórias sobre ela, meus olhos se encheram d'água - ela não ... - eu tinha até medo de dizer o que estava me atormentando e tudo se tornar mais real e aterrorizador do que estava. Harry estava cauteloso e Haz parecia assustado, só não mais do que eu - eu não sei, Tom. - disse quase como um sussurro

POR SAM HOLLAND

Estávamos no St. Thomas (o hospital mais próximo do acidente), Melissa tinha dado entrada há poucos minutos e estava na emergência, com um primeiro boletim médico que constava uma concussão cerebral, ou seja, ela estava desacordada. Eu não cheguei a vê-la, mas assim que soube do acidente fui até lá, liguei ao Harry pra que ele preparasse o Tom sobre o acontecido. E a imprensa não perdeu tempo, aliás foi assim que soube, logo que a identificaram todos os sites de fofoca noticiaram o caso e a frente do hospital parecia esperar meu irmão aparecer, nada podia estar pior. Eu, Summer e Toby viemos ao hospital em busca de informações, mas não sabíamos nada além da concussão, eu queria ligar aos meus irmãos e dizer alguma coisa de verdade, uma notícia animadora, mas eu não tinha nada e não podia assustá-los mais ainda.

- mais que droga! Ninguém sabe dizer nada ? - Summer se alterou com a enfermeira com quem conversava, vi Toby se aproximar e pedir calma a ela, que começou a chorar e o abraçou. Aquilo parecia um pesadelo.

[...]

POR HARRISON OSTERFIELD

Tom parecia desorientado, não dizia nada muito coerente, a coisa que ele mais repetiu foi "a culpa é minha, é toda minha", assim que Harry contou sobre o acidente, ele chorou e se culpou por muitos minutos, tantos que nem sei dizer, até que levantou-se pra pegar a chave do carro

- onde você vai, Tom? - Harry perguntou confuso

- vou encontrar a Melissa - afirmou enquanto procurava as chaves

- mas a gente nem sabe em que hospital ela tá - afirmei

- não importa, eu vou - rebateu firme

- Tom, se acalma. Não dá pra sair dirigindo assim nesse estado - pontuou Harry enquanto meu amigo andava agitado de um lado pro outro - para e me escuta! - Harry o segurou

- não dá , Harry! Tudo isso é culpa minha! - rebateu frustrado

- Vocês estavam conversando enquanto ela dirigia, Tom! Calma! Foi um acidente! - ele tentava amenizar a situação

- não é só isso! E vocês sabem muito bem! A imprensa caiu em cima dela e eu não fiz absolutamente NADA! É tudo culpa minha! - explodiu

O silêncio se manteve ensurdecedor naquela sala, era como se aquela constatação fosse um tapa na nossa cara, Harry entendendo tudo pegou as chaves da mão do Tom e disse - eu sei onde ela está, eu dirijo.

[...]

Ao chegar no hospital a imprensa fazia vigília e ao que tudo indicava, eles esperavam Tom aparecer e assim que o avistaram voaram em cima dele, mas nós conseguimos nos desvencilhar sem dar uma única declaração. Ao pisar na recepção nos deparamos com Sam, Summer e Toby com um semblante triste. Olhei pro Harry que encarou o gêmeo de maneira simultânea, Sam veio ao nosso encontro e o abraçou

- Como ela tá? Tem algum prognóstico? - Tom perguntou apreensivo, Sam colocou as mãos no bolso - O médico veio aqui ainda pouco... - ele hesitou e Harry pressionou - fala de uma vez, Sam! -ele respirou fundo e continuou - ela teve uma concussão cerebral, o carro capotou algumas vezes e... parece que Melissa tem um edema na cabeça - Tom parecia mais pálido que o normal e se apoiou em mim - Aonde ela tá, Samuel?

- em cirurgia, Tom... não sei quanto tempo vai levar. - disse por fim

POR HARRY HOLLAND

Passamos a madrugada no St. Thomas, nossos pais ligaram querendo notícias mas não havia nenhuma, a equipe médica permanecia na sala de cirurgia, meu irmão inconsolável e a imprensa não dava uma trégua, eles permaneciam em frente ao prédio do hospital enquanto as manchetes pipocavam na internet. Apesar de saber o quanto eles podem ser capciosos, culpabilizá-los 100% pelo acidente não parecia certo, afinal tudo começou quando recebemos a ligação do Mirror há dois dias querendo um posicionamento sobre o artigo que seria publicado e não respondemos, porque acreditávamos que poderíamos contornar a situação, como fizemos outras vezes, mas nunca pensamos que algo assim pudesse acontecer. O artigo era extremamente pesado e atacava Melissa da maneira mais baixa possível, expondo as questões psicológicas dela e foi isso, foi exatamente isso que nos trouxe pra esse lugar, Tom conseguiu me dizer que ela estava muito abalada com tudo, com o artigo e nossa falta de posicionamento. Era óbvio que a culpa também era nossa. E era isso que estava matando meu irmão, na verdade todos nós, mas muito mais ele.

[...]

- Familiares da Senhorita Giglio? - alguém nos chamou, Tom, Sam e Summer levantaram mais do que depressa - Ela não tem família aqui, somos amigos dela - informou Summer - Sou o namorado - Tom se apressou em dizer - Certo. O médico logo virá conversar com vocês.

Não demorou muito para que alguém viesse conversar conosco - São parentes da paciente? - questionou - Não, somos amigos e ele é o namorado. - Haz disse - Eu preciso conversar com a família - pontuou - Ela não tem família aqui, doutor. Eu respondo por ela no momento - Tom afirmou e o médico assentiu - Sou o doutor Edward Hall, o cirurgião que operou a senhorita Giglio. O estado dela era bastante crítico quando chegou aqui devido a proporção do acidente e o prognóstico inicial apontava uma concussão cerebral leve e algumas fraturas, mas identificamos um edema por isso fizemos a intervenção cirúrgica para diminuir a pressão intracraniana, foi uma cirurgia complicada, mas melhor do que esperávamos.

- Quando eu posso falar com ela, doutor? - Tom questionou apreensivo

- A cirurgia foi um sucesso, mas você não tem como falar com ela agora. - disse sério

- Como assim? Quando ela vai acordar? - Summer perguntou afoita

- Não sabemos ao certo, isso pode levar entre horas, dias ou semanas até mesmo meses.

- Pera, o que? - disse incrédulo

- Melissa está em coma. 

Destinos Cruzados 🕸 TOM HOLLANDOnde histórias criam vida. Descubra agora