POR MELISSA GIGLIO
Estar encantada por alguém te deixa sem o mínimo de senso quanto ao passar do tempo, por exemplo quando estou com Tom as horas passam que eu simplesmente não sinto. É como se tudo ficasse mais lento para que possamos aproveitar cada milésimo juntos. Nem sei se ele sente o mesmo, só sei que arriscar tem sido minha melhor escolha há anos.
Depois de fazer ele me ajudar a limpar a cozinha, fomos pra sala e ficamos no sofá conversando até que os garotos resolveram sair, fomos até convidados para nos juntarmos a grande noitada, mas preferimos ficar em casa, afinal quem sai em plena quinta-feira? Ser jovem não quer dizer necessariamente que eu seja herdeira também.
A noite esfriou rápido demais, apesar de ainda estarmos no outono, o clima já dava sinais que o inverno logo chegaria. Continuávamos no sofá, aconchegados e com taças de vinho, nada mais adulto (fato esse que me fez rir)
- do que você tá rindo? - perguntou de repente. Me virei pra responder,mas não antes que ele apoiasse a taça em minha testa, o que me fez gargalhar.
- Que romântico, Holland!
- eu sempre sou, darling. - e piscou - mas fala, do que você estava rindo? Um beijo por esse pensamento - propôs
- Você se acha demais, sabia? - comentei irônica e sorri - Nós dois aqui, com taças de vinho...
- o que tem isso?
- parece um cena saída de um daqueles romances que eu lia na adolescência ... - confessei
- Você sempre leu muito?
- Desde sempre. E é no mínimo cômico pra mim vivenciar aquelas histórias com um verdadeiro astro de cinema... além do que eu não tinha irmãos da minha idade pra brincar, então desde que aprendi a ler eu consumi livros como uma máquina.
- Melie, já nasceu um prodígio.
- Thomas Stanley, já mencionei o quão esquisito soa as pessoas me chamando de Melie? Isso foi coisa da Summer.
- E você odeia? Por que não disse a ela?
- Não é que eu odeie, é só estranho. Em casa, meu apelido é Mel.
- Mel? - disse num sotaque engraçado
- sim, em tradução literal é honey.
- igual às abelhas?
- É, Tom. - respondi revirando os olhos
- Se você quiser vou te chamar de Honey pra sempre - propôs gargalhando
- Você é ridículo, Thomas Holland.
- Ridículo é? Mas você me ama.
- É - soltei
De repente o clima entre nós mudou, o que antes era descontraído virou algo mais sério e eu me calei.
- Melissa... você me ama? - perguntou cauteloso
As palavras sumiram da minha mente. Tom me encarava esperando uma resposta, mas me mantive em silêncio sem conseguir formar uma frase.
POR HOLLAND
Ela paralisou alguns segundos depois de responder com uma afirmação minha brincadeira. Não foi uma pergunta direta, mas ainda sim ela disse sim. Então fui mais fundo na questão e perguntei abertamente
- Melissa ... você me ama? - porque eu sim, por mais absurdo que pareça, descobri que amor não se mede por tempo, mas pela pessoa que consegue te desarmar de todas as maneiras e ela fez isso comigo, mais do que tudo, ela me envolveu tão rápido que não fui capaz de fugir (e eu nunca quis fugir). A cada risada que compartilhávamos, cada pequena discussão sobre a série que assistiríamos ou sobre a música, a cada vez que ela dizia que estava tudo bem, quando eu sabia que não estava, a cada vez que ela lia pra mim os poemas que analisava, ou todas as vezes que ela topou fazer minhas séries de exercícios só pra me animar a fazer o mesmo. Ou quando tentávamos cozinhar juntos e bagunçávamos a casa dela ou a minha. Todas essas pequenas coisas me envolveram e o que quer que isso seja, companheirismo, afeto, carinho, cumplicidade. Amor. Eu queria que nunca tivesse fim.
Ela pareceu congelar com meu questionamento, mas ainda sim eu continuei
- Melissa, não é só uma fase. Quando concordamos em passar mais tempo juntos pra descobrir o que acontecia entre nós dois, eu disse pra mim mesmo que iria com calma. Mas... - dei uma pausa - eu quero mais. Mais do que uma relação rasa. - ela parecia tentar absorver tudo aquilo e mantinha seu olhar no meu - Eu quero poder sair com você por aí e dizer que estamos juntos. Sei que é tudo muito complicado e que isso te assusta, mas estou disposto a enfrentar tudo isso, se você também estiver. E então, você aceita?
Melissa parecia pensativa, mas de repente pôs a mão em meu rosto e contornou toda a minha face, o que me fez fechar os olhos ao sentir aquele carinho súbito. Ela nunca tinha feito isso antes. Então aproveitei cada segundo, mas voltei a mim quando ela me abraçou.
- Eu quero você. Hoje. - sussurrou em meu ouvido, o que fez cada parte do meu corpo arrepiar. Seu olhar estava doce, mas cheio de excitação. Ela sentou em meu colo e me beijou de um jeito novo. Ansioso. Suas mãos passeavam por meus cabelos e senti leves puxões, o que acabou me estimulando mais.
Assim que nos separamos pela falta de ar, encarei Melissa que suspirava, arrumei a mecha encaracolada que estava em seu rosto e ela me olhou e sorriu
- Você tem certeza? - eu precisava da confirmação, não que o fato dela estar sentada em meu colo não fosse confirmação suficiente, mas eu queria ouvir dela, com todas as letras.
- Sim, Thomas. - e de repente me beijou de uma maneira tão casta que parecíamos saídos de uma cena de romance de época, apesar da maneira que nos encontrávamos.
Naquele momento eu gostaria de ter tido tempo pra arrumar um cenário romântico pra gente, afinal Melissa apesar de ser sempre muito objetiva era também muito sensível e romântica (mesmo ela tentando esconder esse lado), e um quarto clichê com flores e velas seria muito bem vindo agora, mas já que não tínhamos nada disso eu teria que improvisar.
Me levantei e a peguei no colo, como uma daquelas cenas de filmes de comédia romântica, quando o casal acaba de casar e está indo pra lua de mel, nesse caso seria a noite especial. Finalmente a teria de corpo e alma. Só minha.
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Destinos Cruzados 🕸 TOM HOLLAND
RomanceQual a probabilidade real de se envolver em um acidente com alguém em um aeroporto? Ainda mais esse alguém sendo quem é. O destino as vezes pode te surpreender de tantas maneiras que você jamais ousou nem imaginar. Um incidente despretensioso nos tr...