Capítulo 55 - Parte 1

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"Sempre li muitos livros, acho que isso foi o que me fez idealizar muito um final feliz, aprendi a duras penas que a vida não é um conto de fadas ou um romance clichê, que apesar de todo caos, no fim o casal termina junto. A vida real é muito diferente, você sabe que haverá obstáculos, mas não tem a certeza do final feliz."

POR MELIE GIGLIO
Enquanto me dirigia a porta de casa, resolvi responder as mensagens que Tom enviara enquanto eu estava voando. Ele parecia aflito, digo isso pela quantidade de exclamações nas mensagens, Tom fazia isso quando ficava ansioso.
"So estive muito ocupada hoje, darling. Estaremos juntos muito antes do que você pensa, estou morrendo de saudades!! ❤️ Te vejo em alguns dias, aliás já podemos marcar a data 💒👰🤵 Te amo Stanley 🥰😂"
Ele ficava irritado quando usavam seu nome do meio, era divertido vê-lo revirar os olhos quando o chamava assim.
A caminhada até porta pareceu uma eternidade, acho que a minha ansiedade em encontrá-lo me fez perder a noção de espaço, aliás esta estava trancada então peguei a minha cópia na bolsa e entrei. Tentei não fazer barulho, queria surpreendê-lo, mas ao andar um pouco mais pela casa, me deparei com uma cena que provavelmente não estaria ali, se ele soubesse que eu chegaria hoje à noite.
[...]

POR TOM HOLLAND
-Oi, Tom - cumprimentou assim que abri a porta.
Eu não achei que ela realmente viesse, quer dizer, Olívia sempre desconfiou da antipatia que Melissa sentia, então achei que, apesar do convite, ela não apareceria, mas ali estava ela, sorrindo pra mim.
- Ei, Livy! Achei que não viria - comentei ao dar espaço pra que ela entrasse.
- você me convidou e eu queria saber como você estava, então eu vim - disse de um jeito brincalhão
[...]
Estávamos na sala de casa quando Olívia mencionou o nome da Melie
- Então, Melissa está melhor? Quero dizer, ela é está na França não tá?
- Sim, sim. - respondi de maneira simultânea as perguntas - ela foi pra França à trabalho, e isso tem ajudado, quero dizer, tanto a faculdade quanto a editora tem mantido ela ocupada. Melie está crescendo e isso tem dado estabilidade a ela, mas não vou mentir, não queria que ela tivesse ido... - confessei meio culpado
- Isso é bom pra ela, Tom... - deu um meio sorriso e se aproximou mais - você precisa dar espaço, assim como foi bom esse tempo pra você, digo no sentido de trabalhar, pra ela também vai ser ...- arfei cansado e afundei no sofá. Eu sabia que era egoísmo meu, querer que ela estivesse disponível sempre, mas eu a queria aqui.
- Sei bem que ela não me curte, nem um pouco, mas fico feliz que Melissa esteja mais segura. O trabalho sempre ajuda.
- Acho que a terapia também tem ajudado bastante, a Drª. Davies é alguém em quem ela confia e isso a fez se sentir mais segura... mas eu tenho receio, não sei muito bem como ela está agora, estivemos longe por muito tempo por causa da tour e agora por causa da editora, então eu não sei muito bem como está funcionando de verdade ... Melissa sempre será um desafio particular, temos dias incríveis e outros que parecem que tudo dá errado... - confessei
- Voce só precisa ter um pouco mais de paciência, pra descobrir como isso funciona, Tom. Tenho certeza que passou, foi só uma fase ruim ... - reiterou - eu sei que ela não gosta muito da minha presença - riu com a afirmativa - mas eu entendo a garota.
- como assim?
- Tom, eu também não iria facilitar se meu noivo fosse tão charmoso assim. É normal ela sentir ciúmes.
Ri com aquilo - Melie sente ciúmes porque crescemos juntos e pra ela, eu ainda sinto algo por você- o álcool talvez já estive falando por mim e após essa quase confissão, o clima ficou carregado e um silêncio ensurdecedor pairou na sala.
- E sente? - Olívia se aproximou um pouco mais, nos deixando a centímetros um do outro. Aqueles grandes olhos azuis me desnortearam por alguns instantes e fiz algo que me arrependi no exato momento que a beijei. Foi como um rompante, uma avalanche de sentimentos que até então estava enterrada em mim, foi como uma erupção e eu não pude fazer nada.

POR MELIE GIGLIO
Não conseguia respirar, era como se todo o ar dos meus pulmões tivesse se esgotado no exato instante que o vi beijando a mulher que ele afirmou estar em seu passado. Fechei os olhos como se aquilo fosse apagar a cena que acabara de presenciar, mas parecia inútil. Tentei compassar meus batimentos cardíacos que a essa altura estavam tão acelerados que eu sabia que uma crise poderia acontecer em segundos se eu não me controlasse. Respira. Abri os olhos. Eu queria sair dali, sem ser percebida, mas era como se meus pés estivessem fincados no chão. Estava paralisada. Até que ouvi Samuel.
- Mas que merda é essa???
Os dois se separaram no mesmo instante, assustados, e tanto Olívia quanto Thomas me perceberam ali. Ele tinha um jeito alarmado, como se estivesse fazendo algo errado, o que de fato estava. Antes que pudesse perceber, Tom estava diante de mim, mas Sam se pôs entre nós dois.
- Melie... eu posso explicar...- começou da pior maneira possível, com a frase mais antiga do mundo, quando se trata de traição. Eu estava em choque. Nunca, nem nas hipóteses mais absurdas, jamais poderia esperar que ele fosse capaz disso. O encarei atônita. Sem conseguir dizer uma palavra. Não era ele ali, o Thomas que eu conheço, jamais faria aquilo. Jamais.
- me deixa explicar, por favor - ele pedia
- Tom, não é hora pra isso. - Sam respondeu firme, mas ele não deu ouvidos - Melie ...- seu olhar carregava uma angústia.
- Melissa, não é o que parece. Nós só estávamos conversando e ... - quando Olívia começou a se explicar, meu subconsciente me fez acordar - Você não me deve explicações, Olívia. - rebati de maneira seca, sem me dar o trabalho de encara-la. Não era ela que devia uma resposta a mim, era Tom. Era ele que tinha, tem um relacionamento comigo... eu já nem sei mais.
- Vambora, Sam. - dei as costas ao Tom, se eu continuasse olhando pra ele, a raiva falaria mais alto, eu não seria capaz de ter uma conversa civilizada e diria coisas que me arrependeria. Eu preciso manter a cabeça fria e equilibrada. Coisa que parecia impossível nesse momento. Ouvi um pequena discussão ao passo em que me afastava dali. As lágrimas se acumularam tão rapidamente, que quando dei por mim, estavam livres, rolando pelo meu rosto. Como ele foi capaz ? Aquilo nem mesmo parecia real. Assim que pus os pés pra fora de casa, deixei que o ar frio da madrugada tomasse conta de mim.
Sentei-me no chão e desabei, mas eu sabia que não tinha acabado. Não demorou muito e escutei Tom
- Melissa, por favor, fala comigo - ele parecia incerto ao se aproximar de mim e eu não poderia mais me conter - Por que ? Entre todas as pessoas do mundo que você poderia ter me traído, você escolheu logo ela, Holland! Por que? - cuspi aquelas palavras em cima dele.
- eu fui estúpido, fraco...- falou quase como um sussurro. Silêncio.
- eu juro que se fosse qualquer outra... qualquer outra, por mais que me custasse eu te perdoaria... - as lágrimas estavam ali se fazendo presente mais uma vez - mas com ela é diferente. Você sabia das minhas inseguranças sobre ela! Sabia que eu nunca estive confortável e ainda assim eu jamais te pedi pra se afastar, porque eu tinha que resolver isso comigo! E o que você fez na primeira oportunidade? A trouxe pra dentro de casa quando eu estava viajando!
Ironicamente, uma chuva fraca começou, o que me fez rir. Tom me encarou assustado, como se eu fosse louca, afinal há um segundo eu estava gritando e no instante seguinte começara a rir de um jeito sarcástico.
- na literatura, a chuva significa um novo ciclo. Talvez isso seja um sinal de que nosso timing esteja errado.
- Eu te amo - afirmou quase que suplicando
- Amor é muito mais do que só uma frase, Thomas.

Destinos Cruzados 🕸 TOM HOLLANDOnde histórias criam vida. Descubra agora