POR MELISSA GIGLIO
- Como estamos hoje? - a pergunta tirou minha atenção do quadro pendurado na parede. Eu sabia que no fundo estava fugindo dos questionamentos por não saber o que responder - acho que estamos bem.
- acho? - minha chefe questionava
Respirei fundo - É. Temos algumas coisas pra resolver hoje. - desviei do assunto que parecia centrado na minha vida, porque o pessoal da editora já sabia sobre meu romance com Tom, mas eles eram discretos o suficiente pra não me questionar sobre o assunto - Os manuscritos que chegaram antes do recesso já foram verificados e o ...- chequei a listagem em minhas mãos - ''viver enquanto somos jovens'' será publicado a priori com 50 mil cópias - afirmei na tentativa de me livrar desse "achismo" todo acerca da minha vida, que agora tinha virado uma espécie de reality show com a história da "histeria" e meu "temperamento instável" todos me olhavam como uma bomba relógio e estavam prontos pra me expor a qualquer momento.
- você pode contatar a autora e contar a boa nova. Por enquanto é isso, Melissa. Obrigada.
Assim que saí da sala senti alguns olhares sobre mim, e apressei o passo pra voltar à minha mesa.
[...]
A sensação de sufocamento e angústia tinham tomado uma nova proporção hoje, eu não conseguia me manter concentrada em nada por muito tempo. Mantive meu celular em modo avião quase o dia todo para não me render a vontade de abrir as redes e vasculhar o que diziam sobre mim, que em sua maioria não era nada bom, justamente pra não acabar chorando como tem acontecido desde a matéria do THE SUN.
O relógio marcava 4 da tarde quando saí do prédio da editora, eu normalmente fazia o caminho de volta pra casa de metrô, o que levava mais ou menos uns quinze minutos, mas hoje eu precisava colocar toda minha ansiedade pra fora, então decidi ir andando.
Desde a última semana tenho chorado todas as noites, sem exceção, na esperança de tentar aliviar todo esse estresse, mas isso parece impossível. Tenho me sentido uma pessoa terrível só por gostar dele, só por estar feliz, nunca pensei que sentir algo assim fosse parecer tão errado, porque o julgamento tem sido tão intenso que nessas últimas semanas tenho questionado o motivo de todo mundo, de repente, se importar tanto com uma vida, uma história que não lhes dizem respeito , e o porque dessas pessoas distribuírem tanto ódio de maneira gratuita, qual o problema delas? Será que elas se acham tão perfeitas e donas da razão que na primeira oportunidade apontam pro outro sem nem ao menos tentar entender a situação? Fato que me faz pensar nas pessoas realmente famosas (que vivem disso) que tem a vida toda voltada a uma aceitação pública, eu não saberia viver assim. Na verdade, eu não posso viver assim, não quero, e tenho tentado não entrar em desespero e me controlado o máximo que posso, não por mim (que já teria discutido na web), mas pelo Tom e toda a família dele, que sempre foram discretos e eu não os queria envolvidos em mais matérias sensacionalistas.
Estava na metade do caminho quando comecei a sentir que alguém me seguia ou talvez fosse só impressão, afinal eu estava com essa mania de perseguição desde a matéria do jornal, então apressei o passo. Meu coração começou a acelerar e uma tristeza dominava meu corpo, tentei não entrar em pânico, e manter meu foco em chegar em casa, mas minha respiração ficou mais descompassada e uma espécie de corrente elétrica passou por meu corpo me fazendo ter a sensação de ter acabado de correr, as pessoas iam e vinham e eu parecia apenas alguém desorientada no meio disso tudo, me encostei na parede mais próxima. Me faltava o ar.
- calma, respira - tentei manter o mínimo de controle, mas aquele vai e vem intensificou a sensação de sufocamento, junto ao barulho da metrópole que fazia com que eu quisesse gritar.
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Destinos Cruzados 🕸 TOM HOLLAND
RomanceQual a probabilidade real de se envolver em um acidente com alguém em um aeroporto? Ainda mais esse alguém sendo quem é. O destino as vezes pode te surpreender de tantas maneiras que você jamais ousou nem imaginar. Um incidente despretensioso nos tr...