POR MELIE GIGLIO
- Essa conversa acaba aqui - sentenciou ao secar as lágrimas que escaparam
- Como queira - disse séria - Só não me peça pra assistir isso - afirmei ressentida. Me retirei do quarto cheia de raiva. Como a mamãe poderia ter me pedido algo assim? E como papai e Ben concordaram com isso? Precisava encontrá-los. Agora.
Fui a passos firmes até o final do corredor, a procura dos dois, no caminho vi Tom e Harry com uma xícara de chá, provavelmente destinada a mim
- Melie... - Tom deu a xícara para o irmão - tá tudo bem? - perguntou preocupado. Eu não sabia o que dizer - cadê o meu pai e o Benjamim? Preciso falar com eles ... - afirmei procurando ao redor
- Melissa, o que tá acontecendo ? - perguntou
- ela tá desistindo, desistindo, Tom! Só o meu pai pode fazer alguma coisa - afirmei agoniada
- Melissa, calma. Por favor - pedia de maneira firme, quando Benjamin apareceu - Mel, o que aconteceu ? A mamãe tá bem? - perguntou alarmado
- você sabe muito bem o que tá acontecendo, não se faça de sonso! Como você pôde concordar com uma coisa dessas? - a raiva era tanta que falei em português, Tom só observava sem entender - Melissa, do que você tá falando?
- sobre a mamãe parar a químio! - acusei - você sabe que essa é a única maneira dela sair disso e o que você e o papai fazem? - acusei -os sem dó nem piedade - permitem que ela desista! Ben, pelo amor de Deus!
Ele deu alguns passos em minha direção e Tom se afastou, ele nunca se intrometia entre mim e Benjamim, a coisa de irmãos era algo que ele naturalmente entendia - Primeiro, calma! Nós estamos no meio de um corredor do hospital, você não tem que fazer um escândalo agora - repreendeu - E segundo, você não entende não é? Ela tem encarado esse novo ciclo da químio por nossa causa, não por ela. A mamãe tá sofrendo, Melissa! Acorda! - Benjamin no geral sempre foi muito mais calmo do que eu, sempre na dele, essa reação agressiva não tinha sido algo que eu pudesse prevê - Isso não é mais sobre a nossa vontade, é sobre o que a nossa mãe quer... e ela deixou bem claro que quer paz. Demos a sobrevida a ela quando iniciou o primeiro tratamento lá trás... agora ela tem o direito de decidir o que fazer... - respirou fundo
- não é justo, Ben, não é ... ela não pode fazer isso ... - as palavras saiam de maneira desenfreada da minha boca, como se algum argumento brilhante fosse bom o bastante para convence-la, mas de repente senti meu irmão me abraçar, e apesar de toda raiva, permaneci lá, deixei as lágrimas se esvaírem - eu não consigo fazer isso, não consigo - me mantive em negação - Mamãe tá me pedindo pra assistir ela morrer e eu não posso compactuar com isso. Não posso, Benjamin!
- precisamos ficar e dar forças a ela. Mamãe precisa saber que estamos juntos nisso... - meu irmão me afastou por alguns instantes e me olhou nos olhos - eu sei que você tá com medo, e eu também tô... mas tudo que ela fez foi pensando em nós, e agora temos que retribuir...[...]
Os dias foram passando e ela foi enfraquecendo dia após dia, era como se a químio fosse o único elo com a vida. E de fato, era. Me mantive no hospital a par de tudo, mas minha chateação não me permitia está tão próxima de mamãe, ia vê-la sempre, entretanto só quando estava descansando. Não queria brigar.
Louise e Sean vieram visitá-la assim que voltaram da lua de mel
- por que você não me ligou? Teria vindo de imediato! - afirmou minha amiga
Abracei-a forte - não podia fazer isso com vocês ... - direcionei meu olhar a Sean. Respirei fundo - aconteceu muita coisa desde o casamento... mas teremos tempo pra sentar e conversar melhor ...
Tom chegou de repente, trazendo meu celular - obrigada, Tom.
- Louise, Sean ... - cumprimentou
Lou apenas intercalou seu olhar entre nós dois, mas não disse nada
- você devia falar com ela, não gasta esse tempo brigando, Melie ... estou dizendo isso por experiência própria ...- aconselhou Sean
Ele tinha razão, eu não tinha tempo pra ficar brigando, tinha que engolir minha chateação e ficar ao lado dela.
Apesar da animação pela visita de Louise e Sean, a euforia e bem estar durou pouco, o resto do dia tinha sido difícil, mamãe não conseguiu se alimentar, pois tudo voltava, então Dr. Hall decidiu colocar uma sonda alimentar pra que as coisas não piorassem.
[...]
- Mel... Mel ... - meu irmão chamava, me sobressaltei não poltrona - O que foi?? - questionei assim que abri os olhos, eu tinha cochilado, olhei a minha volta e vi mamãe dormindo
- Vai descansar um pouco - aconselhava
- não, eu vou ficar. - afirmei
- eu e o pai vamos ficar aqui. Dorme um pouco, qualquer coisa eu te ligo, ok?
- mas ...
- mas nada, filha. Vai. O Tom está ai fora, vão descansar, é uma ordem - sorriu complacente
- certo.
Antes de sair verifiquei os aparelhos (como se eu entendesse algo - pelo menos o mínimo, sim) e beijei-a. Ela tinha um semblante tranquilo. De certo o sonho era bom.
Assim que sai do quarto, vi Thomas sentado em uma poltrona, ouvindo música. Todos tinham ido embora, e ele permanecia ali. Ele sempre era permanente. Sorri apesar do cansaço.
- Ei ... - chamei sua atenção
- Oi... tá tudo bem? Você precisa de algo ? - ele sempre muito solícito
- tá tudo bem. Ben e papai vão ficar aqui hoje... - contei - pediram que eu fosse descansar ...
- você quer que te leve pra casa ? - perguntou. Nós não tínhamos definido nada, eu estava solteira desde o término com Michael e a imprensa não fazia ideia disso, mas Tom estava aqui ao meu lado, aguentando tudo, me dando apoio incondicional, porque eu tinha pedido, entretanto não éramos um casal oficial e eu não queria mais confusão, a única certeza que tinha é que queria ficar com ele.
- quero e quero que você fique comigo - pedi
VOCÊ ESTÁ LENDO
Destinos Cruzados 🕸 TOM HOLLAND
RomanceQual a probabilidade real de se envolver em um acidente com alguém em um aeroporto? Ainda mais esse alguém sendo quem é. O destino as vezes pode te surpreender de tantas maneiras que você jamais ousou nem imaginar. Um incidente despretensioso nos tr...