Capítulo 68

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POR MELIE GIGLIO
Me coloquei de pé, por reflexo - Tom, esse é o Michael. Michael esse é o Tom - fiz as apresentações. Aquilo estava me deixando mais desconfortável do que nunca, estar com os dois ali, frente a frente e eu não sabia o que faria agora. Pigarreei.
Michael tocou no bolso da calça e pegou o telefone - Tudo bem? - perguntei, enquanto Tom parecia analisar cada interação entre nós.
- eu preciso ir. - foi tudo que disse
- o que aconteceu ? Tá tudo bem ? - questionei desconfiada, isso era uma espécie de saída pela tangente. Toquei em seu ombro em sinal pra fazê-lo ficar
- sim, eu só... - ele suspirou - depois nós falamos, tá ?
- você não precisa ir, sabe disso, não é? - cochichei
- sei, mas sei que você precisa disso - ele me deixou atônita com a resposta. Michael era bom de um jeito que eu não merecia. Ele beijou o topo da minha cabeça em despedida - Até mais, Holland. - e se foi.
Fiquei sem ação por uns instantes, até que Thomas chamou minha atenção.
- ele... ele parece legal - pontuou sem jeito
- ele é - disse voltando a sentar em frente a ele
- Melie, eu ... me desculpa.
Me inclinei em sua direção - pelo que exatamente você está se desculpando agora?
- por tudo. Você sabe - suspirou e me espelhou, estávamos perto, só não estávamos mais devido a mesa que mantinha uma barreira de segurança
- aqui não é o melhor local pra conversarmos, você sabe disso também. - lembrei-o
- o que eu podia fazer, se você tem me evitado ?
Suspirei.
- Tom, você não cansa desse joguinho de gato e rato nunca ? - ele pareceu confuso com minha analogia - estamos sempre andando em círculos, uma eterna briga. Isso é exaustivo.
- eu quero resolver isso, Melissa. De uma vez por todas. Uma conversa de verdade, é tudo que eu to pedindo. Nós temos uma história juntos...
Era óbvio que ele apelaria a isso, e eu não poderia negar - Tudo bem. Nos vemos no meu hotel em 40 minutos. - cedi
[...]
Eu estava com a taça de vinho pronta pra virar quando ouvi batidas na porta, olhei o relógio. Pontual como sempre. Britânico. Revirei os olhos. Ajeitei minhas roupas, nem sei porque fiz isso, parece mais um movimento inconsciente ou um apelo por aceitação, seja o que for decidi não pensar e só abrir a porta. Lá estava ele.
- entra - abri espaço. Mesmo com toda a confusão que nos envolvia, parte de mim ainda conseguia ficar deslumbrada com ele. Acho que isso nunca vai mudar.
- então...- virei-me em sua direção, ele pôs os olhos na taça que eu carregava, um olhar de reprovação - vinho ? - Ofereci, mas Tom negou e analisou ao redor - senta - disse apontando a poltrona. Ele sentou e olhou para os pés de maneira fixa. Eu conhecia aquilo, sabia porquê ele encarava o chão. Faltava coragem. Sentei-me no sofá bem a frente dele.
- a hora é agora, Tom. - dei o ultimato - você queria conversar e agora tem a sua chance...- ele levantou a cabeça e finalmente me encarou - eu fui idiota e ...
- Tom, já vimos esse filme antes. Isso realmente me lembra uma conversa que tivemos quando terminamos o noivado... todos erramos, mas é isso. Se você realmente quer me dizer algo relevante, diz de uma vez - ele me olhou alarmado, eu jamais tinha falando com ele assim antes, mas eu estou farta, Tom tem a mania de fazer as coisas e começar o discurso com a mesma frase, é irritante.
- tudo bem, Melissa. - ele mudou a postura. Ótimo teremos uma conversa de adultos uma vez na vida, pensei.
- eu sinto muito... - recomeçou e eu me controlei pra não revirar os olhos com aquela fala - me senti traído ...- ele me olhou prevendo minha reação - não que isso tenha acontecido! Eu só achei que ... - respirou fundo - eu te amo, ainda te amo, pra ser sincero sempre vou amar, mas tudo isso me deixou angustiado, desnorteado - eu o escutava pacientemente, tentando controlar minha língua que estava pronta pra jogar tudo em cima dele a qualquer instante - Melissa ... Melie, eu por alguma razão estúpida achei que você não ficaria com ninguém,quando soube das manchetes com o Sean  tive que tentar colocar na minha cabeça que já não tínhamos nada já muito tempo, mas eu senti ciúmes ... eu quero...- ele suspirou - mais uma chance...- aquilo, a priori parecia um pedido, mas não era - mas quando tudo ia se resolver você falou sobre alguém. Sobre ter dado esperanças ... depois da noite que tivemos e todas as conversas nunca passou pela minha cabeça que ...
- eu pudesse ter alguém ? - rebati
- não é isso, mas eu achei que você ... - Tom baixou o olhar mais uma vez - me esperaria.
- você esperava mesmo que isso acontecesse ? Que eu ficasse a sua disposição Tom? - ele se manteve calado - isso é a coisa mais egoista que você já me disse!
- eu sei, e tenho vergonha disso, mas é mais forte que eu ... era pra estarmos casados! - afirmou
Foi quando eu respirei fundo, tentando dosar o que viria a seguir - A gente já teve essa mesma conversa antes Tom, mais de uma vez, mais do que eu gostaria... se você nao tivesse feito o que fez e se fosse mais claro consigo mesmo nada disso teria acontecido. Há essa altura nós realmente estaríamos juntos, casados! Eu to cansada de ir e vir, amor é muito mais do que palavras eu já te disse isso! Nao adianta dizer que me ama e no segundo seguinte não aguentar os problemas... você entende ?
- então é ele não é? O cara do café ?
- É... - respirei fundo tentando organizar tudo na minha cabeça, antes de detonar tudo de uma vez - Eu fui honesta com você sobre o Michael, sobre ter dado esperança... eu não trai você em momento algum, nunca ao contrário de você, e apesar de tudo, mesmo depois de muito tempo eu perdoei, porque se não tivesse você não estaria aqui agora, não estaríamos tentando conversar uma milésima vez sobre a nossa história! Não é justo você me acusar e não tem nem justificativa pra esse comportamento de sumir depois de quase termos voltado e agora isso? Eu to cansada disso, exausta na verdade, te amar não me dá o direito de passar por cima do meu amor próprio! - afirmei um tanto exaltada. Silêncio. Eu precisa me acalmar, aquela conversa não estava indo pelo caminho civilizado que eu idealizei.
- Você precisa se resolver e quando isso acontecer, se você e eu quisermos, quem sabe a gente fique juntos, sem todo esse drama. Isso é lindo nos filmes... na vida real, isso mata... na verdade quase me matou mesmo. - fiz referência ao acidente - Se você realmente me ama como diz, você precisa me dar a chance de tentar ser feliz .... - ele me encarou frustrado e atordoado, como se achasse que eu o daria mais uma chance - mesmo que não seja com você. - disse por fim - Michael gosta de mim, me respeita, entende meus limites e é... -suspirei arrasada por ter que dizer isso ao Thomas - saudável ficar com ele... é a minha chance, Tom. Você não tem o direito de interferir  nisso. Eu te amo, mas há essa altura amor já não é suficiente - talvez essa frase tenha sido o bastante pra silencia-lo. Nunca pensei que um dia diria isso a ele, mas as vezes você precisa soltar a corda, pro seu próprio bem.

[...]

Destinos Cruzados 🕸 TOM HOLLANDOnde histórias criam vida. Descubra agora