Qual a probabilidade real de se envolver em um acidente com alguém em um aeroporto? Ainda mais esse alguém sendo quem é. O destino as vezes pode te surpreender de tantas maneiras que você jamais ousou nem imaginar. Um incidente despretensioso nos tr...
POR SAM HOLLAND Passar todos esses meses velando o sono de Melissa me tornou muito mais próximo a ela do que antes. Do que esperava, gostaria ou estivesse preparado. Todos os dias lia poemas pra ela, contava sobre minhas conquistas na cozinha e colocava músicas pra escutarmos juntos. Criamos um vínculo. Quer dizer, eu criei. Melissa sempre fora alguém especial, íntegra e gentil, apesar do gênio meio intempestivo que vez ou outra se sobressaia, ela era um boa amiga e namorada do meu irmão. E eu precisava lembrar disso. Sempre. Desde que acordou sinto que algo está diferente entre ela e Tom, não sei ao certo, mas sei que ela está magoada. Houve um distanciamento, muito sútil, mas houve. Durante o processo de recuperação ainda no hospital, ela evitou passar muito tempo com ele, preferia a mãe e Louise, até eu era mais bem recebido, e isso me deixou desconfiado, até que conversei com Tom, ao que soube, eles ainda não tinham se acertado ou conversado sobre tudo. Havia uma barreira entre os dois e isso estava fazendo meu irmão perecer. Sempre disse a ele que não dava pra relativizar ou minimizar os estragos que a mídia podia trazer pros dois e bom, deu no que deu. Tudo o que aconteceu foi culpa da insenção dele em relação aos ataques da mídia em cima dela. Assim que soube do acidente corri mais do que depressa pro hospital e vê-la naquele estado me deixou mais do que angustiado, mas é óbvio que não poderia me expor assim. Talvez naquele momento eu tenha percebido algo, que era muito perigoso. - Samuel, não esqueça que Tom a ama e que vocês são amigos, ok? - mamãe dizia ao telefone, talvez a minha confusão não fosse tão discreta assim. Não, eu não gosto dela desse jeito. Ela é namorada do meu irmão. Somos amigos. Amigos. Eu só passei por um grande episódio de estresse e isso tem me feito encarar e interpretar as coisas do jeito errado.
POR MELISSA Estávamos no meu quarto, deitados na cama ouvindo música. Thomas estava passando muito mais tempo aqui do que na própria casa. Tínhamos voltado da avaliação médica muito animados, afinal eu estava prestes a receber alta definitiva. - Estive pensando que podíamos viajar antes que o semestre da Westminster recomece. - propôs Tom, aquilo me surpreendeu - Viajar? Não sei se é a melhor ideia. Eu mal acabei de aprovar minha documentação de visto e você já quer passear por aí? Caso você não lembre, eu não tenho cidadania britânica, Holland - rebati bem humorada - não tem porque não quer, darling - afirmou me deixando totalmente sem argumentos. Ele se referia ao momento que insinuou que o casamento seria a maneira mais rápida de agilizar o processo do visto, que parecia estagnado por um tempo, e obviamente aquilo me deixou levemente emotiva e desesperada, mas fingi demência já que não queria debater isso com ele. Não era hora. Ainda não. - Pensa bem, viajar por uns 10 dias... Seria bom não é? Pra comemorar sua alta definitiva. - pontuou - Tom, o doutor Hall não me liberou totalmente ...- comecei - mas disse que já podia retomar sua vida e uma viagem seria uma grande oportunidade - disse firme - Eu não sei ... - disse incerta, ele se virou pra mim de maneira confiante - um pouco de normalidade seria bom, não é? Além do que, eu tirei um ano sabático, então porquê não aproveitar um pouco? - isso parece uma chantagem, sabia? - afirmei e ele riu - Grécia. Tá aí um lugar que sempre quis conhecer. - desconversou - Grécia, Thomas? Essa viagem é meio cara - afirmei levantando da cama - você não quer mesmo falar sobre isso né ? - disse me seguindo - você só precisa dizer sim e tá tudo resolvido...- ele me encarou por uns instantes, como se esperasse minha resposta - você sabe muito bem que pra mim não é tão simples... - encara isso como um presente de aniversário. - afirmou e antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele já emendou - nem vem porque eu não te dei nada de presente. - tudo bem, Holland. Você venceu.
SANTORINI/GRÉCIA- POR HOLLAND
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As mini férias na Grécia era o que precisávamos, passaríamos 3 dias relaxando por aqui, depois iríamos a Florença, na Itália porque Melissa queria ver os campos de girassóis na Toscana e queria fazer o trajeto de carro, disse que seria a oportunidade perfeita pra voltar a dirigir. Ela não fazia isso desde o acidente. [...] Ela estava admirando o pôr-do-sol, enquanto eu a admirava. Melissa, finalmente parecia aquela garota que conheci há meses, estava tranquila e feliz, coisa que era raro de ver depois de todo drama que nos envolvemos. - o que foi? - questionou de repente, ela me olhava com curiosidade, com um brilho no olhar, a luz do sol se pondo também contribuía com todo o brilho que emanava dela. - fazia tempo que não te via assim, tão ... em paz e feliz - pontuei. Melie se aninhou em mim, enquanto o sol ia se pondo a nossa frente - o mundo poderia acabar agora, que eu morreria feliz ...- virou-se pra me encarar mais uma vez - porque você, Thomas, me faz feliz, de verdade... sei que depois de tudo que aconteceu, as vezes parece que não é pra ser, mas são momentos como esse que me fazem ter certeza da razão de te amar...- ela entrelaçou nossas mãos e respirou fundo, como se estivesse aliviada - a gente só precisa acertar nosso meio de comunicação, né - brincou em referência a todos os mal entendidos que tivemos - é, talvez o nosso timing não esteja exatamente na mesma sintonia, as vezes - concordei - promete que no momento que você não estiver mais tão feliz assim, você vai me dizer? - aquela pergunta me pegou de surpresa, afinal ela acha que em algum momento eu não estive feliz ao lado dela? - Melissa, eu ...- hesitei em responder porque aquilo parecia totalmente sem propósito - Promete, Tom. Por favor. - pediu - prometo. Mas esse dia nunca vai chegar - afirmei - mesmo que não chegue, e eu espero mesmo que não chegue ... eu ainda quero ser a primeira a saber. Não quero mais meias verdades, saber as coisas por terceiros... você sabe que foi isso que nos afastou antes ...- ela se referia ao acidente e a imprensa sempre no meio de tudo - não vai mais acontecer, Melie. Eu prometo. - ela sorriu e me beijou - eu te amo, Tom. - eu te amo, Melissa - com o Mar Egeu como testemunha selamos um compromisso de sermos verdadeiros. Sem mais meio termos. Só nos dois. Juntos.
