POR MELISSA GIGLIO
Era domingo de manhã, o sol tinha resolvido aparecer na chuvosa Londres e eu já estava recuperada do porre da última sexta, mas o que eu nunca me recuperaria, ou pelo menos, não tão cedo era da mensagem de voz do Holland
"Ei, é o Tom... isso você deve saber, eu ... bom, você sabe que eu não queria ter ido embora aquela noite, não sabe? Espero que você esteja sã e salva e se quiser, eu posso esquecer tudo isso. Te vejo assim que estiver em Londres. Fica bem, Melissa. Manda notícias. Por favor. Até breve."
Thomas, como sempre, se mostrou um gentleman, apesar da minha falta de compostura com as últimas mensagens. Não que eu tenha exagerado, só disse que queria que ele ficasse comigo e que ele não tivesse ido embora naquela noite. Grande coisa, né! O problema era que aquilo poderia ter várias interpretações e isso era o que mais me preocupava, contudo eu contava com a boa educação do Tom pra contornar a situação. Afinal amigos não mandam mensagens com teor romântico, ainda mais bêbados. Isso era péssimo, ainda mais pro tipo de relação que tínhamos ou tentávamos ter.
Ontem eu havia mandado algumas mensagens para tranquilizá-lo
Eu estou bem, Thomas. - 5:17 p.m
Viva, se quer saber 😌 - 5:17 p.m
Eu exagerei um pouco no álcool - 5:18 p.m
Me desculpa pelas mensagens 😣 - 5:18 p.m
Espero te ver em breve - 5:25 p.m
Mas não obtive qualquer resposta, o que me deixou um tanto aflita, mas decidi ignorar esse sentimento. Não vamos surtar, foi o que disse a mim durante o dia inteiro.
POR HOLLAND - LONDRES
Quando se está sem notícias, 11 horas e meia de voo podem se tornar uma eternidade. Assim que desembarquei pensei em ir direto à casa dela pra saber se estava viva, afinal eu não tinha notícias desde as mensagens que mandara na madrugada, mas minhas notificações chegaram assim que tirei o celular do modo avião, e bom, ela estava viva e bem! Então me senti um pouco menos tenso, contudo ainda sim queria vê-la o mais rápido possível. Ela sentia muito mais do que dizia e eu precisava encará-la, me certificar de que eu estava mais próximo de desarmar toda aquela barreira que ela criou. Fazia semanas que estava longe devido ao trabalho, alguma coisa tinha mudado, disso tinha certeza, as mensagens eram prova, talvez Melissa, desde o início só estivesse se protegendo de todo caos que posso trazer pra vida dela. E não posso culpá-la por isso.
[...]
Lá estava eu, em frente a casa dela, decidido a fazer a sua vontade, de ficar, finalmente ficar. Eu só precisava de um sim. Subi as escadas e quanto mais me aproximava da porta dela, mais a música ficava alta, a questão é que eu não conseguia entender uma palavra sequer, mas a melodia me pareceu um tanto melancólica, triste na verdade. Respirei fundo e toquei a campainha, não demorou muito e a porta se abriu, e lá estava ela, uma Melissa chorosa, que assim que me viu me abraçou tão subitamente e tão forte que me deixou surpreso. Jamais esperei essa reação, de todas as situações que supus, nenhuma me preparou pra encontrá-la nesse estado.
- Ei, o que aconteceu? - questionei ainda abraçado a ela
- Só fica aqui comigo, Thomas - pediu e me puxou pra dentro de casa.
- O que aconteceu? Você tá bem? Alguém te fez mal? Me diz alguma coisa, Melie! - pedi um tanto afoito, vê-la chorando me deixou em estado de aflição total, mas ela seguiu em silêncio. Nem mesmo me toquei que a chamei pelo apelido que ela confessou achar estranho.
- Melissa, você precisa me dizer o que tá acontecendo pra eu poder te ajudar - ela tinha o rosto escondido em meu ombro, e sua respiração estava desregulada, então a chamei novamente, toquei seu ombro e ela finalmente me olhou, e seus olhos estavam realmente angustiados. Ela se desvencilhou de mim, foi até a bancada da cozinha, pegou o celular, parou a música e se direcionou ao sofá.
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Destinos Cruzados 🕸 TOM HOLLAND
RomanceQual a probabilidade real de se envolver em um acidente com alguém em um aeroporto? Ainda mais esse alguém sendo quem é. O destino as vezes pode te surpreender de tantas maneiras que você jamais ousou nem imaginar. Um incidente despretensioso nos tr...