Capítulo 21

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POR MELISSA GIGLIO

O inverno começou oficialmente e Londres estava toda iluminada, como se tivesse saído de um filme. Apesar do frio, não havia neve, o que me deixou um pouco frustrada devo confessar, afinal eu tinha esperanças quanto a isso (apesar de saber que historicamente isso era mais comum no século 17 e 19, com o passar do tempo nevar ficou cada vez mais raro e quando acontecia era entre janeiro e fevereiro, então quem sabe daqui mais uns meses, não é?).

Minha vida estava uma pequena catástrofe, meu relacionamento com Tom estava tudo bem, mas meu tempo reduzido impedia que passássemos mais tempo juntos, e dentro de um mês Holland começaria a rodar um novo filme e passaria algumas semanas fora. Então todo momento era precioso, por isso ele vinha aqui e me ajudava a estudar, ou melhor atrapalhava e fingia que entendia alguma coisa que eu dizia, não vou negar que era divertidíssimo.

[...]

Era início da tarde quando Thomas apareceu dizendo que seus pais nos esperavam pra jantar, eu fiquei tão surpresa que parei por uns instantes

- hoje já é natal??? - questionei alarmada, afinal eu não poderia estar tão dispersa ao ponto de me perder nos dias do mês, quer dizer, podia? As coisas andavam bem corridas e minhas provas estavam acabando e o final do semestre aqui é quase nas festas de fim de ano, e ainda teve um pequeno atraso e ... minha cabeça começou a vasculhar informações em busca da pouca sanidade que ainda me restava pra tentar me achar nesse vácuo tempo-espaço que me perdi sabe-se-deus-como. Acho que minha cara devia estar apavorada, porque assim que me dei conta, Tom ria copiosamente, e é claro, às minhas custas.

- Você é um péssimo namorado, sabia? - o acusei enquanto ele não conseguia parar de rir - Sabe Melie... seu desespero com a possibilidade de ser natal foi ... no mínimo, engraçado. Quer dizer, é trágico minha pobre namorada já perdeu o pouco juízo que tinha - dizia agora mais calmo.

- Thomas Holland, você dizendo isso parece que eu realmente já não tenho um mínimo de juízo! - fingir estar chocada com o comentário dele, que no fim não era tão fingimento assim. Tom se aproximou, me prendeu entre seus braços e beijou-me no rosto inteiro em sinal de desculpas - Talvez você não tenha mesmo, afinal você tá comigo até agora ... - comentou de um jeito diferente, primeiro pensei que ele estivesse brincando, mas de algum modo ele parecia refletir sobre isso ... mas também pensei que talvez seja só coisa tá minha cabeça sobrecarregada.

[...]

Nos dirigíamos a casa da família Holland, e minha ansiedade parecia que ia me engolir, meu coração disparava em sinal de insegurança e Tom pareceu ter percebido isso

- Ei ...- disse me olhando brevemente (ele estava dirigindo) - é só minha família, você conhece o Harry e a minha mãe, não precisa ficar assim, ok? Eles são muito legais e estão muito animados em te conhecer. Mamãe propôs esse jantar antes do natal pra você se familiarizar com todos - ele pôs sua mão esquerda em minha perna na tentativa de me confortar e eu sorri de volta - tudo bem, amor. É só a incerteza que me deixa assim...- comentei - não precisa. Você vai ver, vai ser divertido - respondeu

[...]

Estávamos na sala da casa dos pais de Tom, conversando sobre as curiosidades que tinham sobre o Brasil e Sam estava muito focado em questionar nossa culinária, pelo que Thomas já tinha comentado, seu irmão estava muito imerso na ideia de ser chef e cozinhava muito bem, digo isso com propriedade, porque segundo Nikki, ele fez um dos pratos do jantar dessa noite, o Beef Wellington, que era um filé mignon com patê, purê de cogumelos e presunto de parma, coberto com uma espécie de pão e tinha também um molho feito com vinho tinto. Confesso que no início fiquei receosa em comer, porque apesar de estar a 4 meses aqui nunca tinha comido o tal bife, mas eu não podia fazer desfeita, afinal todos pareciam ansiosos quanto ao meu veredito sobre o jantar, mas pra ser sincera pra mim parecia um sanduíche de carne gourmetizado, então eu comi e devo dizer que estava magnífico.


Os Holland's são muito receptivos, ficamos conversando por um longo tempo, Dominic estava bem interessado acerca das minhas produções acadêmicas e Nikki parecia me analisar de alguma maneira, ou talvez só fosse impressão, ela não foi rude ou nada ...

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Os Holland's são muito receptivos, ficamos conversando por um longo tempo, Dominic estava bem interessado acerca das minhas produções acadêmicas e Nikki parecia me analisar de alguma maneira, ou talvez só fosse impressão, ela não foi rude ou nada do tipo, mas senti que prestava bastante atenção a cada interação minha com Thomas, o que me deixou um tanto tensa por um tempo.

Os irmãos dele eram absolutamente incríveis, com Harry eu já estava acostumada, podia considerá-lo quase como um irmão também, porque quase todas as vezes que ia até casa de Tom, o garoto estava por lá, Sam parecia um tanto reservado, muito britânico mesmo, apesar das constantes perguntas sobre o meu país, já Paddy, bom, ele era um jovem bem divertido. Uma coisa que me deixou bem surpresa é como esses meninos aparentam ser tão novos, principalmente Paddy, só de olhar diria que ele não tem quase 15. Outra coisa que preciso mesmo comentar com Tom é o fato deles tomarem muita cerveja, em toda e qualquer oportunidade, lá estão com uma garrafa nas mãos, não que eu também não beba, mas é aquilo né "o fígado deles que lute".

No geral a noite estava sendo maravilhosa, mas uma coisa estava me incomodando, meu celular não parava de receber notificações e infelizmente eram, basicamente, todas de uma mesma pessoa : Lucas. Será que ele não desiste nunca ?

- tudo bem? - Tom perguntou quando percebeu minha expressão ao verificar o celular

- Ta. É só um contratempo na editora, mas eu vou resolver - disse

POR HOLLAND

Faz um tempo que percebo que Melissa fica incomodada com algumas notificações/ligações que recebe, como agora, ela fica estranha como se estivesse tensa com alguma coisa, mas a cada vez que tento questionar sobre isso, ela simplesmente finge que está tudo bem, quando claramente não está.

Há um tempo pensei que pudesse ser o tal ex namorado, mas tirei essa ideia da cabeça assim que ela afirmou que nunca mais teve contato com ele depois que começamos a namorar, e eu não tinha nenhum motivo pra não acreditar nisso. Até agora. Porque algo me dizia que era ele.

[...]

Meus irmãos, quer dizer, Paddy estava completamente fascinado por ela, nunca o vi tão concentrado em alguém, se ele não fosse um pirralho e meu irmão caçula, eu provavelmente teria ciúmes do garoto, concorrência é tudo o que não preciso agora, enquanto Sam ficou um tanto que impressionado com a quantidade de coisas que Melie sabia, não importava o que ele mencionasse, ela sempre tinha algo a comentar, apesar de ter se atrapalhado com o idioma algumas vezes e ter feito piada disso, nos fazendo rir da situação.

[...]

O caminho até em casa foi silencioso, Melissa parecia dispersa, na verdade estava em seu próprio mundo, onde eu não consigo entrar. E isso me deixa tenso, afinal tenho mostrado minha vida, meu mundo a ela e pouco sei sobre tudo, ela não menciona muito a própria vida antes de Londres, nem mesmo a família ou infância... ela me mantém distante de tudo e isso me faz questionar até que ponto ela está entregue a nossa história. Não sei até que ponto ela está disposta a ir, às vezes penso que Melissa ainda não confia em mim totalmente e isso me assusta.

- Melissa, você seria capaz de esconder alguma coisa de mim? - perguntei assim que estacionei em frente a casa dela

- Que pergunta sem sentido é essa, Tom? - ela parecia surpresa com a questão

- Só responde. Por favor. - pedi antes que ela saísse do carro

Ela parecia analisar o assunto, fechou os olhos e respirou fundo - Não sei, Tom. Talvez não. Depende da situação. - confessou

Meus ombros caíram em desânimo, então tinha alguma coisa e não era bom, disso eu tinha certeza - Eu te amo, não esquece. Boa noite, Melie. - ela apenas sorriu em resposta.

Destinos Cruzados 🕸 TOM HOLLANDOnde histórias criam vida. Descubra agora