Capítulo 7

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POR MELISSA GIGLIO

Ele estava mais próximo do que deveria, eu podia sentir sua respiração e Tom parecia se aproximar mais e mais a cada segundo, não que já não estivéssemos próximos o bastante, mas a cada instante minha vontade de beijá-lo aumentava. E eu tinha que me controlar.

-Eu não posso - foi tudo que disse e me afastei, mas ouvi Thomas arfar em frustração - Por que? - questionou - Quando vim pra cá eu abri mão de muita coisa, eu tinha uma carreira, um emprego... um namorado e... muitas responsabilidades - confessei

-Um namorado. - Thomas disse de maneira retórica

-É. Mas ele não me apoiou como deveria e pelo que soube hoje, ele já tem outra - informei

-Ele não deve ser um cara muito legal...

-É parece que não. - foi tudo que disse pra terminar aquela conversa e encarei o chão

- Eu estou indo pra América amanhã - contou tentando mudar o assunto e tornei a encará-lo -Tenho alguns assuntos pra tratar em Los Angeles, devo passar algumas semanas por lá, mas eu queria manter contato, por isso vim aqui.

-Holland, eu não sei se devemos... - respondi incerta

-Você não sente nada, Melissa? Nada mesmo? - questionou

- Por isso mesmo, Thomas. É por sentir que não quero manter qualquer vínculo com você - que idiota que fui em soltar essa informação assim, de bandeja. Vi olhos de Holland brilharem de entusiasmo - Você precisa parar de pensar tanto nas coisas e relaxar ... - Tom aconselhou

- Eu não consigo não pensar, e não posso me dar esse luxo por vários motivos, Tom.

-Eu não vou forçar uma situação, mas a gente podia tentar Melissa. Você me fez lembrar como é bom ser só eu, sem autógrafos, fotos ou qualquer coisa do gênero. É bom ser lembrado de que sou um mero mortal, sabe - disse de maneira sorridente. Okay, talvez o destino estivesse me premiando por alguma boa ação que eu já fizera na vida, então porquê não abraçar a oportunidade? Meus dias ruins poderiam ser agraciados com a presença do Holland e seu belo sorriso...

- Podemos tentar ser amigos - cedi de maneira súbita o que fez Tom alargar o sorriso.

Apesar do medo que me provocava essa proximidade com ele, eu cedi. E esse medo existia por vários motivos, um deles era minha atração por ele, a avalanche que possivelmente eu enfrentaria se fosse pega com ele (de novo), meu término recente e os vários sentimentos que estavam completamente confusos no momento e minha falta de estabilidade emocional, mas apesar de tudo isso eu tentaria. Tentaria por mim e por ele. Nem que eu me ferrasse depois, afinal Thomas estava certo, talvez eu devesse pensar menos e relaxar mais.

WHATSAPP ON

Eu não posso mais fingir que está tudo bem, quando claramente não está. (02:57 A.M)

Viajo hoje mas queria te ver antes de embarcar. Eu preciso fazer isso por mim. Me desculpa. (07:28 A.M)

HOJE

Mel, preciso conversar com vc. (8:43 A.M)

Talvez Louise já tenha te contado, mas eu queria conversar ctg mesmo assim. (8:43 A.M)

Eu sinto muito ter sido um idiota (9:02 A.M)

Me responde por favor!!! (10:37 A.M)

WHATSAPP OFF

As mensagens chegaram enquanto eu estava em uma reunião com o Senhor Hughes, meu professor do módulo de Urban Cultures, sobre a dissertação que eu estava começando a desenvolver então ignorei todas, primeiro porque pensei que fosse Tom, e tínhamos estabelecidos regras pra essa amizade dar certo e uma delas era respeitar o espaço um do outro, isso significava que minha prioridade não seria ele, mas meu estudos e em troca eu não exigiria qualquer atenção especial dele. Mas ao checar as mensagens e me deparar com o nome de Lucas no topo das notificações, meu coração deu um salto, afinal depois de semanas ele decidiu aparecer feito uma fênix vinda das cinzas. Eu não sabia o que esperar daquele contato inesperado, tinha decidido enterrar minha história com ele pra sempre depois do papelão que Lucas aprontou quando eu rejeitei o pedido de casamento e agora ele reapareceu...arrependido? Era melhor não mexer mais nisso.

Depois da minha corrida habitual do fim da tarde, voltei ao apartamento e liguei para Summer Carter, minha amiga de curso, uma jovem de olhos esverdeados que às vezes pareciam azuis, que ostentava belos cabelos escuros e uma pele bronzeada o que é totalmente atípico aqui, ela também era absolutamente compreensível, gentil e super inteligente, qualidades que eu admirava em alguém. Summer se aproximou de mim alguns poucos dias depois do início do semestre e logo me identifiquei com ela, fazíamos a maioria das atividades juntas e claro, conheci seu namorado, Toby Davies, um jovem muito educado, com cabelos lindos que pendiam entre o loiro e o castanho e uma tonalidade de branco que eu poderia confundi-lo com uma vela, aliás todos os britânicos poderiam ser comparados a elas (e isso incluía Thomas). Os dois eram responsáveis pela minha nova rotina, sempre que podíamos saímos pra explorar a cidade, eles diziam que conhecer Londres pelos olhos dos residentes era muito mais interessante do que aqueles passeios turísticos. Inclusive, minha ligação a ela esta noite, dizia respeito a nossa saída ao The Old Queens Head, o pub que ela passara a semana mencionando, mas como estávamos ocupadas com os projetos do curso deixamos para o fim de semana.

-Oi Summer, tudo bem?

-Melissa, que bom que ligou. Tudo certo pra hoje, né?

- Foi justamente por isso que liguei, eu ...

- Você não vai cancelar, vai? Toby chamou outros amigos nossos pra te apresentar ...

- uau.. então eu serei a novidade? Não sei se vou conseguir lidar com tantos gringos ao mesmo tempo... - brinquei

- Passo aí às 10h, ok?

- Certo Summer, até mais tarde - ela estava tão animada que fui incapaz de inventar uma desculpa pra ficar em casa

- até mais Melie!

Revirei os olhos, Melie era o apelido que eu ganhara da minha nova amiga, era fofo mas um tanto estranho.

[...]

Estava deitada na cama enquanto ouvia Louise tagarelar ao telefone, que estava no viva-voz

- Eu não tô acreditando que aquele cretino ousou mandar mensagem pra você! E o que ele disse? - questionava curiosa

- não sei Lou, não abri nenhuma delas. Te disse que ia enterrar essa história de vez e é isso que vou fazer. - afirmei decidida

- Amiga, se fosse você eu abriria só por curiosidade, sabe? Pra saber qual desculpa ele ia dar...

- Eu não quero mais mexer nisso, Lou. Afinal pra quê né? Eu até sei qual vai ser o discurso, ele vai dizer que errou, que tá arrependido e blá blá blá...

- Você tá com medo de falar com ele, não tá Melissa? - perguntou num tom sério

- Assunto encerrado, Louise. Preciso me arrumar porque vou sair com a Summer e o Toby, e uns amigos deles... vou socializar, ok?

- hmmmm, Summer? Sei... - disse enciumada

- Tá com ciúmes? Logo você, Louise Villar? Eu não acredito - encrenquei aos risos

- é claro que não. Me respeita, Melissa! Eu sou mais eu! - argumentou autossuficiente

- Certo, então. Tchau ... - mas antes que pudesse desligar minha amiga me interrompeu - EIII!

- Você ainda vai estourar meus tímpanos, sabia? - reclamei

- Dramática. - sabia que ela estaria revirando os olhos ao reclamar de mim - E o gostoso aranha? Tem falado com ele? - questionou

Sorri com a menção a Tom - Sim, Louise. Nós temos conversado sempre que dá - informei

- hmmmmmmm, love is in the air - cantou ao telefone

- Cala a boca e vai trabalhar é que é! - repreendi

- Você sabe que é verdade. Aliás, divirta- se, mas não muito - recomendou

- Vou me comportar. Eu prometo! - fiz o juramento de dedinho

Destinos Cruzados 🕸 TOM HOLLANDOnde histórias criam vida. Descubra agora