Capítulo 67

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POR MELIE GIGLIO
Passar um tempo com Michael me fazia sentir normal em tantos aspectos que mal podia lista-los. Eu apenas me desliguei alguns poucos dias da revista, algo que era necessário, dar uma pausa, nem que fosse por 3 dias. Aproveitei que tinha uma reunião com a equipe de criação da Harper's americana em Nova York e vim a São Francisco antes para encontrá-lo.
Tom já tinha me chateado o suficiente com aquela entrevista, lembro muito bem da passagem na qual ele dizia "por mais que se ame muito alguém, as vezes é preciso deixar ir... uma vez ouvi que a gente não escolhe o amor, ele simplesmente acontece. Uns vivem intensamente, outros, por ironia do destino o deixam ir embora. [...] é provável que eu tenha perdido a minha chance ". Fui eu quem disse isso a ele, enquanto passávamos um tempo juntos antes da viagem ao Marrocos. Thomas sabia que eu leria a entrevista, afinal porquê ele diria isso se não fosse pra me atingir ? O cara dá a entender que me ama e foge? Que porcaria de amor é esse que não aguenta uma adversidade sequer? Na primeira oportunidade Tom pulou fora, quer dizer, me deixar no meio do apartamento sozinha é mais do que prova disso. E eu interpretei o sumiço dele como um sinal de "não quero falar com você". Ele não atendeu qualquer ligação minha, mas é isso né, eu tenho que aceitar tudo, perdoar tudo, mas ele não consegue fazer o mínimo, que era entender a situação. Talvez fosse melhor e mais saudável pra todo mundo se parássemos de insistir nessa história.
[...]
Estávamos em NY. Michael acabou vindo comigo, pedi que ele fizesse algumas fotos porque queria terminar de montar um pequeno projeto pessoal e sua ajuda cairia muito bem, além do que, achei que seria oportuno, finalmente, apresentá-lo a Louise. Ela e Sean moravam aqui, e estávamos resolvendo algumas coisas do casamento, então decidi acabar com o mistério pra ela. Mantive meu "affair" com Michael escondido de todos (quer dizer, não tínhamos uma relação de verdade, pelo menos não até agora, mas nós saímos juntos e sim, nos beijamos algumas vezes, só que nunca passou disso, então era óbvio que eu não contaria a ninguém, era algo que eu queria manter em segredo) até mesmo da minha melhor amiga. Fiz isso porque sabia que ela poderia soltar a informação a Haz e consequentemente isso chegaria a Holland, e era a última coisa que queria, mas agora não importa mais, acho que depois da quase conversa que tivemos durante o último encontro foi o suficiente pra entender que acabou. As nossas fichas foram todas usadas. E agora eu deveria seguir em frente. Finalmente.

POR TOM HOLLAND
Eu fui impulsivo e egoísta, só pra variar, ao deixar Melie sozinha depois de uma noite incrível, quer dizer, podíamos ter nos reconciliado de verdade naquela noite, mas eu precisei de tempo pra digerir toda aquela informação, imaginá-la nos braços de outro me deixava desnorteado. Precisava de espaço.
Quando decidi procurá-la pra acertarmos as coisas, não a encontrei, descobri que ela tinha viajado sem avisar a ninguém, poucos dias depois Haz contou que ela estava em Nova York, e coincidentemente eu já tinha uma viagem marcada pra lá pra resolver questões de trabalho, o que me foi extremamente útil e talvez fosse  essa a oportunidade perfeita pra me desculpar e acabar com toda a confusão entre nós dois. Era hora de zerarmos tudo e começarmos de novo. Se ela quisesse eu faria de tudo pra ficar, dessa vez pra sempre.
[...]

Seu sorriso se fechou assim que me avistou, ela me encarou incrédula - Thomas ?
Caminhei em direção a mesa que até poucos minutos estava um cara loiro. Tive a impressão de conhecê-lo, já o tinha visto em algum lugar, só não sabia onde. Talvez fosse só impressão. Melissa endireitou a coluna e manteve o olhar firme em mim.
- Melie, parece que o mundo é muito pequeno - fiz piada ao chegar na mesa dela
- quase uma ervilha. - disse seca - o que faz aqui? - questionou sem delongas
- posso? - fiz menção a me sentar na cadeira vazia bem a sua frente, ela apenas assentiu.
- Trabalho - me limitei
- claro.
- e você ?
- Harper's.
- hmm...
Apesar do vai e vem da cafeteria, o silêncio entre nós apareceu, e essa era uma característica nossa, mas dessa vez estava nos constrangendo. Pigarreei - então, eu te procurei depois daquele dia ... - ela franziu a testa com a informação, como se estivesse surpresa, eu precisava começar direito essa conversa - mas você tinha viajado e ...
- decidi que precisava de um tempo fora - afirmou firme
- certo. - eu não sabia o que dizer com ela na defensiva. Antes de encontrá-la tudo parecia muito claro na minha cabeça e agora eu não conseguia articular uma frase sem parecer um idiota. Respirei fundo. Mas antes que eu pudesse abrir minha boca novamente, alguém se aproximou. O cara loiro. Percebi uma leve tensão em Melissa. Talvez esse fosse o tal Michael.

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