POR HOLLAND
Eu não podia acreditar naquelas palavras "Melissa está em coma", a partir daquele momento tudo ficou um completo silêncio ao redor, senti um baque imenso, não podia ser real, na noite anterior estávamos juntos, Melissa estava cheia de vida, como é possível tudo mudar de uma hora pra outra ?
Não podia me conformar com aquele diagnóstico, tinha que ter um erro, alguém deveria ter outra opinião, tínhamos que procurar outros profissionais, Melissa tinha que voltar... tinha que voltar pra mim.
[...]
- Tom ... - ouvi ao longe alguém me chamar, só não sabia dizer quem era - Tom, cara a gente precisa entrar em contato com a família dela... eles precisam saber e não pode ser pela imprensa...- apenas encarei a pessoa e vi Sam, ele parecia só um borrão na minha frente, nada parecia real ali, e eu não sabia o que pensar ou dizer, mas sabia que ele tinha razão, a família dela precisava saber por nós e não pela imprensa.
- Tom, você pode ir vê-la - comunicou o médico dela, o que me fez sair do transe e ir em direção a UTI - mas são poucos minutos, o estado dela é delicado não esqueça. - orientou e eu assenti - ok.
Estava ansioso ao mesmo tempo que com medo, andei pelo corredor acompanhado pela enfermeira, paramos em frente a porta da UTI, respirei fundo pra tomar coragem e entrei. Eu desabei ao ver como ela estava atrelada a vida, me aproximei dela, Melissa tinha a cabeça enfaixada devido a cirurgia, além de algumas escoriações no rosto, assim como nos braços, uma das pernas estava engessada e a outra tinha alguns cortes, não me contive e comecei a chorar. Como alguém cheia de vida e de sonhos pode ficar assim? Peguei em sua mão e fiz o que meu coração clamava - me perdoa por isso, meu amor... eu nunca quis te fazer mal, eu só fiquei com medo e te deixei sem proteção... - as lágrimas saiam de maneira descontrolada - eu te amo, volta pra mim, por favor!
[...]
Os dias iam passando e cada vez que a via naquele estado inerte, ligada àqueles aparelhos e com hematomas pelo corpo inteiro, eu ficava mais perturbado/angustiado. Não conseguia fazer mais nada, não tinha ânimo ou qualquer vontade de viver, os dias só passavam por mim, Harry e Haz conseguiram adiar com a minha equipe, a maioria dos meus projetos, mas não por muito tempo, se eu demorasse mais, acabaria tendo que pagar uma fortuna por quebra de contrato, porque apesar deles estarem sendo pacientes, eu tinha compromissos firmados, sérios, principalmente com a Sony e eu não podia desistir de tudo assim.
Melissa sempre foi movida pelos sonhos e não ia gostar nada de me ver desistir dos meus, pelo menos foi disso que mamãe me convenceu, mas nem mesmo interpretar meu super herói favorito estava me animando... eu simplesmente não conseguia, não com ela daquele jeito, eu não podia fingir que estava tudo bem quando não estava e isso estava evidente na minha cara, eu estava miserável e consumido pela culpa. Passei a morar no hospital, quase não ia em casa, só ia por insistência dos meus pais, estava vivendo em função de vê-la acordar e voltar pra mim com aquele jeito todo dela de ser, que era único.
Já fazia semanas desde que todo esse pesadelo começou e eu não sabia se conseguiria aguentar mais. Assim que tudo aconteceu foi providenciada a vinda de Louise e a Sra.Giglio à Londres, eu não sabia muito sobre a família dela, Melissa nunca se abriu muito sobre eles, sabia sobre Ben trabalhar numa multinacional americana, tanto que ele vivia na América, entretanto os pais dela eram uma incógnita, sabia que eles viviam muito bem, mas não eram milionários e Londres não é uma cidade exatamente econômica pra visitar, ainda mais pra passar tanto tempo assim, já que eu nem sabia quando ela iria acordar. E queria que a família dela pudesse acompanhar todo o tratamento dela sem se preocupar com mais nada.
Por orientação médica, eu tentava interagir com ela, para estimulá-la, lia todos os dias seu livro preferido e contava sobre minhas peripécias durante a gravação do último filme, porque nunca conseguimos ter esse diálogo, já que o acidente aconteceu um pouco depois que voltei do Marrocos.
Faziam 7 semanas e nada havia mudado, ela ainda estava lá, em coma e meu desespero só aumentava a cada dia que chegava ao fim e ela não acordava, a esperança que me manteve firme até aqui estava acabando e eu não sabia o que faria quando ela terminasse. Eu tinha que continuar forte, por ela. A minha Melie ia voltar pra mim, ela tinha que voltar.
[...]
- E se ela não acordar mais, Louise? - questionava desesperançado, estávamos na sala da casa dela, o lugar onde vivemos tantas coisas, isso incluía nosso primeiro beijo, aliás tudo aqui parecia o mesmo, exceto por ela não estar aqui.
- Ela vai acordar, Tom. Você precisa ter fé. - dizia me encorajando - está sendo difícil pra todo mundo, eu também estou me sentindo culpada... sei que parece que só você tá sofrendo, mas não é assim, a mãe da Mel foi embora aos prantos porque ela precisava voltar ao Brasil por causa do tio Alexandre, mas me fez prometer que eu não iria até a Melissa acordar...- ela fez uma pausa grande, como se estivesse tomando coragem pra dizer algo - Tom, eu sei que é difícil, mas você precisa reagir... voltar a trabalhar, você deixou tudo pra trás, Melissa não ia gostar nada disso...
Apenas sorri fraco - Todos dizem a mesma coisa, mas eu não consigo, sem ela aqui parece que não faz sentido, Louise. - Confessei e ela segurou minha mão em forma encorajadora - eu sei que você consegue, amigo. Você precisa tentar... imagina a decepção dela ao acordar e não poder assistir o novo filme do homem aranha? - tentou brincar, sorri com aquilo - Vou te contar um segredo, que ela vai querer me matar quando acordar ...- contou num ar de misterioso e eu a incentivei a continuar - ela sempre foi apaixonada por você, desde do seu primeiro filme e quando te encontrou, ela teve medo de não ser boa o suficiente pra você
- Ela sempre foi mais do que suficiente, Melie é única pra mim... sempre esperei por ela, Louise, só ela.
- Então dê a ela mais de você, volta a atuar, volta pra sua vida que ela vai voltar pra você quando for a hora.
[...]
POR SAM HOLLAND
Os primeiros dias foram os piores, Tom estava inconsolável e discutiu com quase todos os médicos da equipe que operou Melissa, ele não aceitava o fato dela não ter acordado após as 24 horas, porque ainda tinha esperanças que o coma era só um diagnóstico precipitado. Lembro que quando o doutor Hall veio conversar conosco, Tom entrou em estado de negação e procurou outros médicos que pudessem dar um diagnóstico diferente, mas foi tudo em vão. Nunca vi meu irmão naquele estado, tanto que nossos pais tiveram que intervir e acalmá-lo. E é claro que isso foi um prato cheio pra imprensa.
As semanas foram passando e Thomas estava a beira de enlouquecer, ele fingia estar bem, lia e conversava com ela, já que os médicos disseram que talvez isso estimulasse mais a atividade cerebral e as chances dela acordar poderiam aumentar, e foi isso que ele fez, se dedicou a ela em tempo integral. Tom passava muito tempo no hospital, tanto que mal descansava, nós o obrigávamos a ir pra casa e ao invés de ir, ele passava no apartamento da Melissa e ficava horas por lá, como se ele esperasse que ela fosse voltar pra lá magicamente. Era triste e ninguém sabia o que fazer.
Quanto mais as semanas se passavam, mais meu irmão parecia ficar sem esperanças, as semanas se tornaram meses, 2 meses e meio pra ser exato e tudo levava a crer que esses meses poderiam se tornar anos e era isso que mais o assombrava, ele não saberia retomar sua vida sem ela, mas era preciso.
Ninguém sabia mais o que fazer pra tentar ajudá-lo até que o inesperado aconteceu, 17 semanas depois (5 meses).
VOCÊ ESTÁ LENDO
Destinos Cruzados 🕸 TOM HOLLAND
RomanceQual a probabilidade real de se envolver em um acidente com alguém em um aeroporto? Ainda mais esse alguém sendo quem é. O destino as vezes pode te surpreender de tantas maneiras que você jamais ousou nem imaginar. Um incidente despretensioso nos tr...