POR MELISSA GIGLIO
Era quase noite quando cheguei em casa, e como de costume ventava bastante, assim que adentrei pela cozinha meu celular começou a tocar
- Oi Lou - disse assim que atendi e joguei minhas coisas na bancada da cozinha
- Você parece cansada - comentou - tá tudo bem? Achei que depois de oficializarem você estaria eufórica - afirmou
- é só cansaço Louise. Minha vida acadêmica vai destruir minha sanidade mental ... o pouco que ainda tenho - suspirei cansada e me dirigi ao quarto - e saudade ... - desabei na cama
- Mel, nisso a gente pode dar um jeito e você sabe, Tom mora a poucos quilômetros de você.
-Não é exatamente dele que estou com saudade... quer dizer, também estou mas, não sei ... - eu não sabia explicar o que me deixava tão assim, melancólica ou sei lá o que. Suspirei mais uma vez e um grande nó crescia em minha garganta como se fosse me engolir a qualquer momento
- Melissa, isso é só solidão. Acontece, sabe. Quando mudei pro meu apartamento eu estava radiante, e pensava "nossa, finalmente liberdade, sem ninguém me enchendo o saco", mas daí o tempo foi passando e fui me sentindo só, sem ninguém pra conversar, nem brigar. Talvez seja só isso. Por que você não liga pro Tom? - sugeriu
Algumas lágrimas tinham escapado durante a teorização dela. É, talvez fosse isso mesmo. Solidão - Eu não quero ser a namorada chata, Lou. Ele tem uma vida e eu também. Não é como se ele fosse largar tudo só pra vir aqui ...- parei por um instante e pensei melhor - tá, talvez ele fizesse isso, mas isso soa tão egoísta da minha parte que não tenho coragem de pedir...
- tudo bem, eu entendo o seu ponto, até porque esse não é seu estilo...
-Exato! Não quero que ele pense que eu sou dependente ou ...
-dependente não é bem a palavra, Mel... mas você também não pode fingir ser quem não é, não precisa mascarar seus sentimentos o tempo inteiro, ele gostou de você assim, desse jeitinho maluca e histérica - fez piada e rimos por um tempo
- Tudo bem, tem razão, mas hoje vou lidar com isso sozinha, ok?
Ela permaneceu um tempinho em silêncio, mas logo prosseguiu - Certo. Quando começa o estágio na editora? - mudou de assunto
- Em duas semanas - respondi
- Você disse que era mês que vem ... - ponderou
- Louise, em 2 semanas já é mês que vem se não notou - afirmei com uma pitada de sarcasmo na voz
- Sempre gentil né, garota? - implicou um pouquinho pra variar
-Always. - dissemos uníssono e rimos com isso
- Ei, você precisa me dizer, já conheceu a família dele? - perguntou sem delongas
- Sutil como um pedregulho né, gatinha?
- Fala de uma vez. Sim ou não? Não posso levar esse gostoso aranha a sério se ele ainda não te apresentou pra família dele. - argumentou firme
- Então...- me encostei na cabeceira da cama - eu conheço o irmão dele, Harry e a Tessa. E o Harrison. - respondi
- Eles eu sei que você conhece, inclusive já pode me mandar o número do loiro, que é um puta de um homão...- suspirou - Mas foco! - ela se auto repreendeu - Os pais dele e os outros irmãos? Você já os conheceu?
- Ainda não, mas Tom me convidou pra passar o natal com eles e... - eu não pude terminar a frase porque Louise gritou de um jeito tão estridente que se eu estivesse de fone meus tímpanos tinham estourado, no mesmo instante afastei o celular e o pus no viva-voz pra evitar ficar surda - espero que você não morra, porque eu ainda não confirmei com ele...
- Como assim "ainda não confirmei com ele"? - questionou apressada
- Não confirmando, ué! Eu preciso organizar essa tese antes do natal e tem o estágio e ...
- Você tá arrumando desculpa pra não ir. Que típico, Melissa! Duvido que tu vá ficar estudando no natal, porque em todo lugar do mundo vai ser feriado, então deixa de coisa e confirma logo com ele. Imagina só, um natal com a família Holland! - dizia eufórica
- Certo Louise, eu vou confirmar,ok? Mas olha, só pra você saber a comemoração por aqui é no dia 25 e nosso hábito é festejar a véspera, lembra? Não sei o que vou fazer ...
- Eu pareço fútil, mas não sou tão sem cultura assim, ok? Eu sei que praticamente o mundo inteiro comemora no dia certo. Brasileiro que adora uma festa e aproveita toda a oportunidade pra esticar a comemoração. Mas olha, tem tantas possibilidades aí. Tu pode fazer um monte de coisas, garota não esquece que estás em Londres! Aproveita teu namorado gato e vai patinar igual aqueles filmes de romance adolescente - aconselhava
- Lou, você tem uma imaginação muito fértil, amiga.
[...]
Eu vestia as roupas de Thomas, aquelas que ele me emprestara da primeira vez que dormi em sua casa, já que o clima esfriou bastante desde que cheguei da aula e a tendência do ser humano é se sentir mais triste com o frio, e aquelas peças me traziam o cheiro do meu namorado, que por mim estaria aqui, mas não iria bancar a carente a essa altura da vida e ligar a ele pedindo que viesse, então seu cheiro seria suficiente por hoje.
Estava no quarto tentando estudar mais um capítulo do meu exemplar de "Introdução a Literatura Moderna" e fazendo algumas anotações, que no final das contas não estavam fazendo muito sentido, talvez o sono estivesse acabando com meu raciocínio lógico, quando meu celular disparou com algumas notificações...
- Mas o que é isso? - me surpreendi assim que visualizei o celular
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Destinos Cruzados 🕸 TOM HOLLAND
RomanceQual a probabilidade real de se envolver em um acidente com alguém em um aeroporto? Ainda mais esse alguém sendo quem é. O destino as vezes pode te surpreender de tantas maneiras que você jamais ousou nem imaginar. Um incidente despretensioso nos tr...