Capítulo 43

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POR MELISSA
-achei que não viria. - afirmei enquanto Tom ainda estava de costas e assim que ele virou, pude ver seu rosto. Ele parecia um pouco diferente do que me lembrava, o cabelo estava maior, mas as olheiras permaneciam, talvez até mais acentuadas do que me recordo e estava um pouco mais forte do que antes.
Tom se aproximou lentamente, como se estivesse receoso.
- it's ok - o incentivei e sorri fraco, ele pareceu tomar coragem - Você consegue me entender bem? - perguntou, acho que alguém já deve ter tido sobre minha confusão com o idioma, mas isso vem melhorando um pouco mais a cada dia.
Faziam 4 dias que eu voltei ao mundo real, digo isso porque todos parecem minimamente diferentes pra mim. Recebi algumas visitas desde então, a família Holland veio no mesmo dia que acordei, mas especificamente esse dia é como um grande quebra cabeças pra mim, tinha muita gente e eu não sabia exatamente o que tinha acontecido. Muitos médicos vieram, Nikki conseguiu falar comigo depois de muita insistência (pelo menos foi o que me contaram) já que a equipe médica não queria tumulto e só permitiram um número restrito de pessoas, e como Sam já estava aqui e Haz chegou m tempo depois,  Nikki foi meio que barrada, entretanto usou todo o seu poder de convencimento e conseguiu me ver. Haz e Sam passaram bastante tempo comigo, mas o que eu realmente me deixou confusa foi o fato do Tom não ter aparecido, quando acordei, era Sam que estava aqui no hospital e não ele.
As coisas pareciam fora de órbita naquele dia, não fazia muito sentido pra mim, a sensação de tempo era mínima, ao mesmo tempo que parecia uma eternidade, pelo menos era o que eu achava, mas depois de uns dias, percebi que tinha alguma coisa errada, foi então que questionei Samuel sobre o tempo que eu estava aqui, na verdade nem demorou tantos dias assim pra eu questiona-lo, acredito que tenha sido no mesmo dia em que acordei, mas a linha de tempo na minha percepção anda tão confusa que não tinha marcado o momento que o perguntei sobre o que havia acontecido, só sei que quando o fiz, ele demorou muito pra responder, na verdade muito mais do que eu consiga mensurar, pareceu uma eternidade, até que doutor Hall chegou e me deu algumas pequenas informações. Quando ouvi, achei que tinha entendido errado, não parecia real, já tinha lido sobre isso, mas não podia ter acontecido comigo, logo comigo. 19 semanas em coma, ou seja, estávamos em junho. Foi um choque tão grande, que me sedaram. Quando acordei, Nikki estava aqui, pelo que entendi ela, Sam e Summer estavam revezando as noites comigo.
Acho que me ausentei por uns instantes, porque ouvi Tom me chamar
- Melie, quer que eu chame o médico?
- Não...eu só...- pisquei algumas vezes pra conseguir me localizar -  estava lembrando de uma coisa - respondi, ele me questionou com o olhar, mas não disse nada - Como você se sente?
- Hoje estou melhor do que...ontem...mas ainda me sinto confusa as vezes.... eu quero muito poder levantar dessa cama, mas doutor Hall pediu pra irmos devagar porque até onde percebi eu quebrei algumas costelas e a perna ...mesmo que tenham se passado ... - falar meses precisa estranho- semanas ... acho que meu corpo ainda não entendeu isso - expliquei. Tom parecia estranho, sua expressão o denunciava, ele não sabia o que dizer, pelo menos foi isso que achei. Tive a sensação que ele estava me tratando como se fosse quebrar a qualquer instante, então tentei mudar de assunto, já que aquilo parecia incomoda-lo - Seu cabelo... - levei minha mão em sua direção e ele se inclinou para que pudesse tocá-lo - cresceu muito. Gostava da ... - eu não lembrava da palavra então usei outra - quando estava mais curto ...
- bald ... or careca, its the same - disse e eu assenti - acho que, por um tempo, vou ter que virar a pessoa que ensina da relação - brincou e eu sorri fraco - eu entendo tudo...ou quase tudo que você fala... a cada conversa é como se resgatasse um pouco do vocabulário que tá escondido na minha cabeça...só que as vezes é muito ruim não conseguir me comunicar como queria - arfei em frustação e o clima ficou pesado no quarto
- Eu sei que agora parece tudo estranho, mas isso vai passar logo, darling... e você vai voltar pra casa, pra nossa vida. - afirmou
- eu não sei, Tom. Não sei se consigo voltar ao que era antes... - confessei - eu lembro parcialmente daquele dia ...- tenho flashes quando durmo, não sei se é real ou coisa da minha cabeça, mas eu...-  Thomas ficou tenso de repente, quer dizer mais ainda, eu não queria conversar sobre isso agora, mas queria entender o motivo dele parecer esquisito e tenho a impressão que tem algo com o acidente - mas acho que tenho que pensar no presente, que é esse hospital, até porque eu nem sei quando terei alta e depois é depois... um dia de cada vez, né? Preciso me recuperar de verdade. - ele pareceu confuso quando mencionei a questão do "viver um dia de cada vez" acho que não era essa a reposta que ele esperava, mas toda a minha energia tinha que estar centrada em mim nesse momento.
[...]

Assim que Tom se foi, me forcei a lembrar de algo mais consistente daquele dia. Pedi pra ficar um tempo sozinha aquela noite, precisava de espaço pra tentar entender o que estava acontecendo, amo Tom, mas esse comportamento desconfortável quando mencionei o dia do acidente não me pareceu só desconforto, não sei, pode ser coisa da minha mente bagunçada, mas ele parecia sentir culpa.

Aquela noite sonhei com uma centena de manchetes. Todas sobre mim. E ele me olhava calado. 

Destinos Cruzados 🕸 TOM HOLLANDOnde histórias criam vida. Descubra agora