POR TOM HOLLAND
- você parece cansado, cara. Tá tudo bem entre você e a Melie ? - perguntou Haz enquanto bebia a cerveja que acabara de chegar a nossa mesa, tentei me espreguiçar na cadeira pra conseguir acordar e voltar a me concentrar na conversa com meu amigo - Estamos bem, quer dizer, foi uma noite difícil, ela acordou de madrugada porque teve um pesadelo ...
- mais um, você quer dizer - interrompeu Haz
- é, e ela demorou pra conseguir pegar no sono de novo - afirmei. - não tive um noite, exatamente, de descanso... - meu amigo me olhou compadecido - ainda por causa do acidente ?
- sempre o mesmo sonho... - exclamei exausto- Ela diz que são lembranças, mas não tenho certeza Haz. - confessei - Você acha que pode ser imaginação dela ? - questionou
- Não. Quer dizer, não sei...lembra, estávamos no telefone quando aconteceu, o celular ficou mudo e Sam disse que quando chegou lá ela estava desacordada, então ...
- Tom...- ponderou de maneira repreensível
- Não, Haz. Tudo que ela me contou sobre o pesadelo, eu ... - aquilo me causava arrepios - parece ... eu não consigo pensar no que aconteceu ali - imagens dela gritando ensangüentada presa em meio ao carro destruído vieram a minha mente - É duro, cara, mas foi tudo real.- Haz lembrou-me - pensar nisso me deixa culpado, você sabe. Quando Melie lembrou disso tudo, estávamos na Itália, numa viagem incrível e estava tudo indo tão bem, até que nessa tentativa de voltar a dirigir, ela quase bateu o carro e teve uma crise de choro ... - suspirei cansado - as vezes Haz, sinto que não posso lidar com todo esse trauma, numa hora ela está muito bem e do nada ela muda. Me sinto impotente... é óbvio que eu a amo, mas ...- não terminei a frase
- tá arrependido do pedido? - perguntou
- não, de jeito nenhum! - respondi firme - Não é isso, Melissa é a melhor coisa que me aconteceu, mas ...
- mas ? - pressionou
- eu já não sei se eu sou a melhor opção pra ela... - arfei frustado
- o que você quer dizer com isso, Tom?
- ela ficou assim, instável, depois de toda a pressão que sofreu da imprensa por culpa minha ... e se ela nunca tivesse me conhecido? Quer dizer, ela estaria assim? - Haz não me respondeu, na verdade nem eu queria pensar muito sobre essa questão e se eu nunca tivesse cruzado o destino dela, minha garota estaria assim?
[...]
Nos últimos meses estávamos nos dividindo entre a minha casa e o apartamento dela. Melissa não queria abrir mão da independência de manter uma vida separada da minha, dizia que tínhamos que ter nosso espaço bem estabelecido enquanto ainda estávamos nesse processo de "evolução amorosa". Conseguimos reunir nossas famílias pra um jantar oficial de noivado, 3 semanas depois que retornamos de viagem e devo dizer, que conhecer o pai e o irmão dela, me deixou nervoso tanto quanto no dia que fiz o pedido. Conseguimos estabelecer uma boa comunicação, tendo em vista que o Sr. Giglio sabia o básico do inglês e Ben era fluente. Summer, Toby, Louise, Haz também estavam presentes no jantar. Foi uma noite memorável, como eu sempre esperei que fosse a não ser pelo fato da família da minha noiva não ser britânica como a minha, mas isso nem ao menos importava, eles eram pessoas incríveis, assim como ela.
Estávamos na primeira semana de outubro, Melissa estava numa rotina frenética, ia da faculdade pra editora, que cada vez mais estava lhe dando mais responsabilidade, e chegava muito tarde em casa, muitas vezes eu estava quase dormindo. Dizem que quando se está indo bem na vida profissional/acadêmica pouco resta pra vida pessoal, talvez eu só estivesse carente, mas Melie sempre prezou pelo crescimento profissional e eu admiro por isso, mas o fato de eu ter aberto mão da minha carreira por um tempo tem me afetado mais do que eu gostaria, o propósito de tudo isso era pra que pudéssemos ter mais tempo juntos, mas isso não aconteceu por muito tempo. Assim que retornamos, Melissa voltou oficialmente a editora e posteriormente a universidade, não demorou muito pra que nosso tempo juntos se tornassem escassos e eu entendia isso, afinal ela nunca escondeu o que a fez se mudar pra cá, mas achei que, talvez, ela fosse com mais calma.
Eu ainda tinha uma série de compromissos pra cumprir, já que o filme que terminei de rodar em maio seria lançado em breve, o estúdio marcou uma press tour, o que significava um fôlego. Fôlego desse trauma que as vezes é impossível lidar, tenho medo de não ser suficiente, de não aguentar essa montanha-russa que são essas crises que Melissa tem. Eu a amo e isso me faz pensar se ela realmente está pronta pra dividir uma vida comigo. E principalmente, se eu consigo viver com esse drama todo.
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Destinos Cruzados 🕸 TOM HOLLAND
RomanceQual a probabilidade real de se envolver em um acidente com alguém em um aeroporto? Ainda mais esse alguém sendo quem é. O destino as vezes pode te surpreender de tantas maneiras que você jamais ousou nem imaginar. Um incidente despretensioso nos tr...