POR MELISSA GIGLIO
Era terça-feira de manhã, a matéria da faculdade estava acumulada por conta da minha pequena viagem com Thomas no fim de semana, (inclusive algo que valeu muito a pena) mas meu desespero tomou conta mesmo quando o Mr. Hughes pediu que enviasse a 1ª versão da dissertação, que eu ainda não tinha saído da introdução.
Summer havia combinado de nos encontrarmos na Gallery Cafe, que fica na parte central do campus
[...]
- O Mr. Hughes me pediu a 1ª versão da tese que eu ainda nem consegui desenvolver a introdução direito, como eu vou entregar isso? - dizia enquanto Summer se acomodava na cadeira
- Oi. Bom dia. Como vai? Tudo certo? Sim, estou bem. - disse minha amiga em retórica
- Desculpa. Eu só estou realmente.... - parei pra pensar como diria "encrencada" em inglês - desesperada. - disse por fim
- Olha, nem tinha percebido - retrucou irônica e chamou a atendente - um cappuccino tradicional e...- olhou pra mim - um caramelo macchiato, por favor - ela anotou nossos pedidos e se foi, então Summer começou - É só dizer que não conseguiu mandar porque não tá conseguindo desenvolver. É melhor do que entregar de qualquer jeito. - pontuou
- Como se fosse fácil né, Summer. - bufei em frustração - eu preciso só de mais orientação, talvez uns teóricos a mais me ajudassem a desenvolver .
- relaxa, você vai conseguir, afinal o Mr. Hughes te deu uma carta de recomendação maravilhosa pro estágio na Bloomsbury, então eu não me preocuparia em pedir um prazo extra ou ser sincera sobre a situação da dissertação.
- talvez você tenha razão. - disse por fim.
Nossos pedidos chegaram e minha amiga me encarava com um ar questionador, mas esperou a atendente sair pra começar seu interrogatório - Então?
- o que foi? - me fiz de desentendida, não sabia se esse era o momento pra contar qualquer coisa a ela
- Não se faz de sonsa, Melissa. Quem é ele? - foi direto ao ponto e eu quase engasguei com a bebida - Ele quem? - desconversei
- Você viajou e não foi sozinha! - acusou
- Não achei que você seria tão direta, Summer. - ela permaneceu me olhando e isso queria dizer que não ia desistir - Certo. - respirei fundo e comecei - Eu viajei no fim de semana com ele, pra Rye, um vilarejo nas colinas.
- Sim, essa parte é meio óbvia, você não aparece aqui desde quinta passada.
- Pois é, então... - como eu ia dizer que o Tom era o Tom? - Você precisa me prometer que não vai surtar aqui - pedi suplicante ao reparar as poucas pessoas no Café
- Você por um acaso tá com um mafioso, Melissa? Porque eu sei muito bem que você conversa com alguém misterioso...
- Por favor - insisti
- Eu prometo, Melie. Juro que não vou surtar ou espalhar por aí que você tem um namorado mafioso. Apesar de você ter me escondido ele por muito tempo. - nessa última parte ela pareceu um tanto ressentida
- Summer... eu não podia contar, porque não era sério, estávamos só nos conhecendo e... - seus olhos pareciam que iam saltar das órbitas em espanto - ele é mesmo um mafioso, Melissa do céu! - eu quase ri com sua reação
- É claro que não, sua maluca! - ela pareceu se acalmar mais - Então, quem é ele afinal de contas? É o príncipe Harry, pra você fazer esse mistério todo?- questionou exasperada e dessa vez não me contive e ri - Não, Summer. Não é o príncipe Harry. Mas ele é alguém conhecido tanto quanto - ela permanecia em silêncio, esperando - Lembra de umas notícias que saíram há umas semanas sobre um suposto namoro de um super astro do cinema? - fiz uma pausa pra ela conseguir puxar as informações na memória - E lembra quando algumas pessoas me abordaram no meio do corredor pra perguntar umas coisas sem sentido?
Summer parecia muda nesse instante, mas depois de uns instantes perguntou - Peraí...Thomas? - e eu afirmei com a cabeça. Summer lia os jornais todos os dias, então acabava até mesmo vendo as fofocas, apesar de não ligar muito pra isso, então fez a ligação muito mais rápido do que eu pensara - É o Holland! - afirmou um tanto alto demais e a repreendi - Desculpa - colocou as mãos na boca, mas logo se recompôs - Mas como? Vocês se conhecem de onde?
- Eu te conto tudo, mas vamos pra outro lugar, ok? - pedi
[...]
POR HOLLAND
Haz me acordou cedo porque precisávamos voltar com o cronograma dos treinos, eu precisava perder peso pro novo projeto que começaríamos a gravar em 7 semanas, então essa manhã retornaríamos às corridas e musculação.
- Coragem cara, pensa que a Melissa tá te esperando no fim do percurso. - Haz tentava me animar enquanto corríamos. Eu não sou fã de corridas, não mesmo. E pra mim aquele tipo de treino era terrível, mas não tinha nada mais eficaz para o que eu precisava no momento - Quem dera, cara. Ela deve tá estudando numa hora dessas e eu aqui sendo torturado pelo meu melhor amigo. - reclamei e ele só revirou os olhos - E então, como foi? - perguntou
- Oficializamos.
- Então é namoro mesmo? - ele parou de correr subitamente, e eu fiz o mesmo.
- Sim, cara. Eu sou completamente apaixonado por ela, Haz. De verdade. - confessei
- Então o natal vai ser em família?
- Essa é a ideia, eu a convidei pra ficar com a gente, já que ela tá longe de casa, sozinha aqui. Não consigo imaginar a minha namorada sozinha no natal.
- hmmm minha namorada - implicava Haz tentando me imitar - Você é muito idiota, Harrison. Vamo voltar a correr! - enquanto ele ria sem parar.
FLASHBACK
Caminhávamos na praia no fim da tarde de mãos entrelaçadas, ventava bastante, mas dessa vez Melie estava bem agasalhada e parecia refletir sobre algo
- No que você tá pensando? - perguntei um tanto curioso
Ela se virou e me encarou enigmática, seus cabelos esvoaçavam em torno de sua pele bronzeada e seu olhar tinha um brilho diferente
- Em você e nesse lugar incrível - disse ao me beijar de um jeito casto e sorrir. Essa resposta me surpreendeu, ela nunca é tão clara assim quando questiono sobre seus pensamentos, parecia que ela finalmente estava me deixando entrar de verdade na vida dela - Sabe, a maioria das praias daqui são cheias de pedrinhas, né? Não parecem em nada as praias de casa - disse um tanto saudosa interrompendo meus pensamentos
- Você está sentindo falta de casa? - perguntei e ela suspirou - Um pouco, Thomas...Não é como se eu não gostasse daqui, porque eu gosto, não me entenda mal, mas... é diferente de casa - confessou
- outro idioma, outro país, outra cultura ... - emendei - Tudo isso, mas principalmente o convívio com os meus amigos e a minha família, sinto falta até de discutir com meu irmão - ela riu brevemente, mas parecia distante - Mas isso é besteira, talvez seja só a proximidade do fim do ano que esteja me deixando assim...melancólica
- Não é besteira, é normal sentir falta de casa. Eu me sinto assim quando passo muito tempo gravando em outro país, a diferença é que eu não passo mais do que 2 meses fora, por mais que eu viaje muito, Harry sempre vai comigo, às vezes minha mãe... fato é que eu sempre acho um jeito de voltar pra casa e você também vai voltar, em algum momento... - de repente me senti triste com essa verdade, Melissa não ficaria comigo pra sempre, assim que ela terminasse o curso, voltaria pra casa, que infelizmente ficava a um oceano de distância de mim, então decidi que não perderia mais tempo, iria realizar o propósito dessa viagem de uma vez - Sabe Melie, estamos juntos há um tempo e eu gosto de estar com você ... muito. Então...- peguei uma caixinha do bolso do meu jeans - eu queria marcar o dia de hoje com uma lembrança da primeira vez que nos esbarramos, literalmente... É algo simbólico, mas muito importante pra nós dois - abri a caixinha e lá estava o pingente em forma de copo de café, ao olhar pra ele, Melissa ficou admirada - Thomas... o café?
- Sim. Do nosso primeiro encontro. - tirei-o da caixinha e pedi seu braço, Melissa mantinha uma pulseira cheia de pingentes simbólicos, que até onde eu sabia, cada um ali representava uma memória afetiva e eram importantes de algum modo, e eu queria estar ali também, por isso comprei esse com a lembrança do nosso primeiro contato no aeroporto. Assim que pus em sua pulseira, Melissa sorriu e me abraçou - É maravilhoso, amor - era a primeira vez que ela me chamava assim, me enchi de alegria e finalmente fiz o pedido - Melissa Giglio, você quer namorar comigo?
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Destinos Cruzados 🕸 TOM HOLLAND
RomanceQual a probabilidade real de se envolver em um acidente com alguém em um aeroporto? Ainda mais esse alguém sendo quem é. O destino as vezes pode te surpreender de tantas maneiras que você jamais ousou nem imaginar. Um incidente despretensioso nos tr...