Mariana P.O.VSaio do centro cirúrgico depois de um procedimento que durou um pouco mais do que esperávamos. Elogio o trabalho de todos que participaram, e vou me livrar das roupas sujas de sangue.
- Assim que ele acordar irei avisá-la, sim? - uma enfermeira falou. Agradeci com um sorriso e fui até o meu armário ver se o Rafa já tinha mandado alguma mensagem, mas no meio do caminho, meu nome é chamado para atender um trauma que estava a caminho.
Escolho esperar o elevador, mas mudo de ideia quando percebo que já perdi tempo demais o esperando. Opto pelas escadas, mas assim que chego no trauma, os pacientes já haviam sido encaminhados para os médicos necessários. Ajudo nos que posso, mas logo foram para as respectivas cirurgias.
- Doutora Mariana? - ouço me chamarem, me viro e vejo a enfermeira - Leito sete, a sua espera.
Falou, mas não me deu tempo de perguntar o que era, pois a chamaram para fazer outra coisa. Vou até o leito em passos rápidos, mas assim que abro o cortina me desaponto.
Roberto.
- Meus pontos abriram..- ele falou calmo. Seu corpo está bem acomodado na cama, e com gases nos ferimentos.
- Posso saber como? - suspirei ao me aproximar, e tirar as gases do ferimento da barriga com a minha mão.
- Estava ajudando o meu irmão com a mudança dele..- suspirou, e coçou os olhos - Não forcei meus pontos a abrirem, Mariana, se é isso que está pensando.
- Em nenhum momento falei isso..- coloco as luvas.
- Mas talvez tenha pensado..- disse.
- Dói? - apontei para o ferimento, e ele assentiu - Irei injetar a morfina, tudo bem? - achei a sua veia, e injetei rapidamente.
- Que milagre é esse que você está falando comigo sem que eu precise implorar? - ouço uma risada nasal, mas não me importo.
- Um paciente aparece dizendo que os pontos abriram..- o olho por um segundo, e o vejo me olhar atentamente - Preciso saber como foi, apenas isso.
Ele balança a cabeça, e eu puxo o banco para começar a sutura. Levanto mais a sua camisa, e olho de perto que metade dos pontos se foram. Começo a suturar, e ele se pronuncia.
- Seu marido é bem famosos, não é? - a ironia transbordava a sua fala.
- Ele é bom no que faz, merece todo o reconhecimento..- o respondo sem encontrar seus olhos, focando apenas em terminar logo o procedimento.
- Construtora MAC..- falou um pouco baixo - Dany se casou com um dos melhores amigos dele, não é? - riu.
- Você sabe que sim, apenas poupe sua saliva e a minha paciência.
- Estava com saudades das suas patadas, sabia? - sorriu.
Porque fui aplicar a merda da morfina?
Droga!
Continuo o meu trabalho, e sinto o seu olhar em mim o tempo todo, mas em momento algum faço contato visual.
- O que acha de sairmos? - questionou, e eu segurei o riso.
- Qual parte de eu sou uma mulher casada, e que não quero ter contato algum com você ainda não entrou na sua cabeça? - não me importei de soar rude, ao finalizar o ferimento da barriga.
Sua risada dura alguns segundos, tempo suficiente para que eu me aproximasse do seu braço para suturar.
- Eu estou nem aí se você é casada, Mariana..- ele diz - E você não quer contato comigo porque acha que eu fiz o que eu fiz porque eu quis, e está enganada sobre isso.
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Everything we shouldn't do is better II
RomansaLivro dois de "Everything we shouldn't do is better" Não comece esse se ainda não leu o primeiro.